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Setor de eventos comemora retorno de atividades

Paralisado há mais de um ano, o setor de eventos sociais do Amazonas recebeu duas boas notícias nesta semana. A primeira foi a possibilidade do retorno das empresas à atividade, ainda que com restrições, por meio do mais recente decreto estadual. A outra foi a sanção presidencial do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), um pacote de estímulos econômicos aos segmentos de eventos e de hotelaria, que estão entre os que mais sofreram com as restrições impostas pela pandemia e necessidade de distanciamento social.

A perspectiva dos empresários e trabalhadores do setor de eventos sociais do Amazonas é 100% otimista em relação à perspectiva de que o declínio das estatísticas locais da pandemia tenham possibilitado o retorno ao trabalho, após meses de restrições decorrentes da natureza da atividade – que pressupõe a presença de muitas pessoas em um mesmo ambiente. O otimismo não é o mesmo, por outro lado, no que se refere ao incentivo federal, dada a elevada informalidade do setor.  

O Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19 permitiu a realização de eventos sociais até as 23h, com capacidade de ocupação dos espaços de até 50%, limitado à quantidade máxima de 100 pessoas, sem cobrança de ingresso e sem pista de dança. Estes só poderão ser realizados mediante aprovação da vigilância sanitária municipal, cumprindo protocolos de prevenção. As mudanças valem até o dia 17. 

Nesta segunda (3), o presidente Jair Bolsonaro sancionou o Perse, pacote de ajuda aos setores de eventos e de hotelaria. As medidas econômicas incluem parcelamento de dívidas tributárias, compensação de parte dos prejuízos causados pela pandemia e duas linhas de crédito – 20% do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) e o FGI (Fundo Garantidor para Investimentos), que é gerido pelo BNDES.

O texto aprovado no Congresso também previa redução de impostos, mas o trecho sofreu veto presidencial. O titular da Sepec (Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia), Carlos da Costa, justificou que os parlamentares não apontaram de onde sairia o dinheiro para tanto. O governo federal informou, no entanto, que pode negociar a redução de impostos de maneira pontual, mediante conversa com representantes dos setores. A expectativa é que o Perse alcance até 20 milhões de famílias que trabalham nos setores, de maneira direta ou indireta.

“Dias melhores”

Indagado sobre o impacto aguardado pela flexibilização concedida pelo Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19, o presidente da AAMEPE (Associação Amazonense das Empresas e Profissionais de Eventos), Fulvio Porto, informou que o retorno dos eventos sociais já é uma realidade e que os clientes estão já estão remarcando seus eventos adiados, possibilitando que os membros da entidade retornem ao trabalho “repletos de esperança em dias melhores”, após meses seguidos de .

O dirigente informa que o setor de eventos sociais faturava, em média, R$ 416 mil por mês, em 2019 e no primeiro trimestre de 2020, o que equivalia a um movimento anual de R$ 5 milhões. Com a pandemia, no entanto, as perdas se situaram acima dos 76%. “Foi um resultado muito negativo e que causou impacto imensurável sobre o faturamento, na última pesquisa 2020/2021, realizada pela associação. Pelo menos 59,5% dos nossos membros que responderam à pesquisa tiveram seus eventos adiados ou simplesmente cancelados”, lamentou.

De acordo com Fulvio Porto, a necessidade de busca de crédito por falta de capital de giro foi uma constante e a maioria dos membros da associação buscou recursos em agências de fomentos, auxílios emergenciais municipais/estatual. Mas, conforme o presidente da associação, tudo foi “muito difícil” e “sem sucesso”. “Foi muito complicado para a classe, que já não tinha mais de onde tirar sustento. Mas, queremos sempre pensar que tudo pode melhorar a cada dia. Temos esperanças e os eventos estão voltando. Consequentemente, nossas dívidas serão sanadas”, amenizou.

O presidente da Associação Amazonense das Empresas e Profissionais de Eventos assinalou que o setor tem as melhores expectativas para capitalizar negócios em maio que, por ser tradicionalmente o “mês das mães e das noivas”, gera sazonalidade positiva para as empresas locais que atuam no segmento de festas e eventos diversos. 

“Nossas expectativas são as melhores possíveis para este período. É um mês em que há muitos casamentos. É um período em que os parceiros e fornecedores, organizados por um cerimonialista, propõem inúmeros eventos sociais de sucesso. Queremos sempre o melhor para todos os profissionais da classe, e sempre um apoiando o outro”, afiançou.

O dirigente diz que as mudanças não eram apenas esperadas como ansiadas pelos trabalhadores do setor e informa que a AAMEPE foi criada há menos de um ano, justamente nesse intuito, no rastro das perdas impostas ainda pela primeira onda. “Após um ano de pandemia, a associação resolveu ir às ruas para pedir socorro e mostrar que os eventos sociais não poderiam estar enquadrados como de grande porte, porque vendas de ingressos não existem em nossa classe. “Explicamos trabalhamos com eventos controlados, seguindo todas os protocolos de segurança que ajudamos o governo estadual a elaborar”, complementou.

Sem CNPJ

Fulvio Porto conta que o projeto que deu origem ao Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos foi construído pelo Congresso, mediante a participação de representantes do setor espalhados pelo país, conjunto com deputados estaduais de cada unidade federativa. A entidade, conforme relato do dirigente, também participou de um grupo de trabalho – GT Plano Emergencial da Cultura – que ajudou nesse esforço.

Ele estima, contudo, que o alcance da medida federal do Perse deve ser limitado no âmbito dos promotores e trabalhadores de eventos sociais no Amazonas. Segundo o presidente da AAMEPE, o segmento reúne 3.000 pessoas em todo o Estado e a entidade conta com pelo menos 157 associados, mas apenas entre 20% a 30% deles conta com formalização por CNPJ (Cadastro Nacional Pessoa Jurídica). 

“Acho que apenas aqueles que têm empresas constituídas é que vão conseguir esse benefício. A grande maioria das pessoas que trabalha com eventos sociais no Amazonas é composta por trabalhadores freelancers e a burocracia e exigências para conseguir esses benefícios costuma ser grande. Para se ter uma ideia, apenas dois dos nossos associados conseguiram acesso ao auxílio cultura [concedido pelo governo estadual]”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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