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Setor de duas rodas volta a desempenhar bem

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Tendo sofrido dificuldades antes mesmo da crise, graças à inadimplência e ao estrangulamento do crédito para o consumidor, o polo de duas rodas foi também o primeiro a emergir do período de desarranjo financeiro nacional. Desde o final de 2018, o segmento avança mês a mês, com taxas aparentemente sustentadas de crescimento em seus produtos motorizados ou não.

Dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) informam que a produção de motocicletas do PIM em 2019 superou as expectativas, com 1.107.758 unidades fabricadas entre janeiro a dezembro – ou 6,8% a mais do que em 2018 (1.036.788). A projeção inicial das montadoras era que o crescimento fosse de 6,1%, totalizando 1.100.000 motos.

No caso das bicicletas, a produção do PIM saltou de 773.641 (2018) para 919.924 bicicletas (2019), ao longo do ano passado, apresentando uma diferença de 18,9% em relação ao exercício anterior. Os números superaram de longe as expectativas da entidade, que projetava alta de 10,8% e vieram acompanhados de ganhos na balança comercial. Com 13.438 bicicletas (2019) contra 12.880, as exportações subiram 4,3%. As importações foram em sentido contrário e passaram de 117.668 (2018) para 74.962 unidades (2019).

O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, ressalva ao Jornal do Commercio que, a despeito do crescimento ininterrupto, o segmento ainda está longe do patamar pré-crise, uma vez que a previsão da produção para 2020 ainda está praticamente equiparada aos volumes de produção de 2005, quando foram fabricadas 1.213.517 motocicletas. “A recuperação da produção do setor deve ser gradativa. Dessa forma é que esperamos voltar aos patamares de 2 milhões nos próximos anos”, declarou.

Crise e recuperação

Fermanian lembra que o segmento de duas rodas alcançou patamares de produção de 2 milhões de motocicletas por ano entre 2008 e 2011, empregando mais de 20 mil trabalhadores diretos e registrando altos índices de produtividade. Segundo, o dirigente, o momento era de investimentos em ampliação, modernização e capacitação da mão de obra, com a perspectiva de se chegar a 2021 com uma produção anual em torno de 4 milhões de unidades. 

“Ao longo da presente década, houve uma contínua retração no mercado nacional de motocicletas, em função da acentuada redução da concessão de financiamentos pelas instituições financeiras, crise político-econômica, alta inadimplência dos consumidores e quedas seguidas no índice de empregabilidade do país. Com o mercado em forte declínio, a produção de motocicletas ficou abaixo de 1 milhão de unidades anuais”, disse o dirigente, ao Jornal do Commercio. 

O fato positivo, segundo Fermanian, é que está ocorrendo uma recuperação do mercado nos últimos dois anos e as fabricantes estão investindo no aumento da produtividade, modernização dos processos e instalações – em sintonia com a indústria 4.0 –, bem como o desenvolvimento de novos produtos com tecnologias mais avançadas. A perspectiva é produzir quase 1,2 milhão de unidades por ano. 

“No ano passado, por exemplo, uma das fabricantes de motocicletas do PIM anunciou investimento de R$ 500 milhões para modernizar seu processo produtivo. Diante disso, o que se verifica é uma dedicação das fabricantes para recuperar os níveis de produção do passado, buscando a sustentabilidade necessária através de modelos mais avançados de automação industrial e assim obter avanços na produtividade”, afiançou.

Sintonia e pioneirismo

O polo de duas rodas concentra fábricas das principais marcas globais, como BMW, Dafra, Ducati, Harley-Davidson, Honda, JTZ (produtos Haojue e Kymco), Kawasaki, Suzuki, Triumph e Yamaha, entre 43 fabricantes listadas pela Suframa. De acordo com  Fermanian, as empresas investem no avanço tecnológico de processos e produtos, oferecendo motocicletas alinhadas aos modelos “mais inovadores e competitivos” da Europa, Ásia e EUA. 

As motocicletas produzidas em Manaus seguem, por exemplo, as determinações da fase 4 do Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares) e as fabricantes já se preparam para a fase 5, alinhando-se com padrões europeus. Além disso, o Brasil se tornou o pioneiro mundial na produção em escala de motocicletas flex-fuel (bicombustíveis) e, atualmente, mais de 65% da produção nacional são compostos pelos modelos movidos a gasolina e etanol.

Tecnologia e saúde

Em relação às bicicletas, o presidente da Abraciclo conta que o PIM atende hoje mais de 40% do mercado nacional de bicicletas e que as melhorias contínuas nos produtos explicam a preferência crescente pelo produto nacional. Os veículos fabricados atualmente no PIM são produtos de médio e alto valor agregado, reunindo tecnologia, qualidade, eficiência e segurança.

Outro fator para o aquecimento do setor está no aumento do uso das bicicletas nas cidades brasileiras, tanto como meio de mobilidade estimulado pela implantação crescente de ciclovias e ciclo-rotas, como para práticas esportivas e de lazer, dado o fator de o veículo não ser poluente e favorecer a melhoria da saúde do condutor. 

As fábricas, conforme o dirigente, têm investido em “tecnologias de ponta”, com aplicação de materiais nobres e mais leves, como alumínio e fibra de carbono, que garantem mais conforto, segurança e eficiência aos produtos. Entre as modernizações empregadas nas linhas de produção do Polo, destacam-se a montagem de rodas de carbono por robôs, a solda de alumínio, o clear coat (sistema de adesivagem mais eficiente) e o tratamento T4 – que assegura “alinhamento perfeito” do quadro da bicicleta.

“A fabricantes nacionais instaladas no PIM oferecem modelos com maior valor agregado a preços mais acessíveis. E buscam aprimoramento constante para atender a um consumidor cada vez mais exigente, que busca produtos inovadores e de qualidade mundial. Para tanto, as empresas contam com equipes próprias de Engenharia e Desenvolvimento, que acompanham e estudam as tendências globais. Para completar, há parcerias com universidades e instituições de pesquisa e inovação”, assinalou.

As fabricantes de bicicletas do PIM devem investir R$ 40 milhões entre 2020 e 2021. O aporte será destinado a inovações tecnológicas, capacitação profissional e desenvolvimento de novos produtos de médio e alto valor agregado. ‘Este novo investimento se soma aos R$ 200 milhões já aplicados pelas fabricantes nos últimos cincos anos. Com isso, a indústria nacional de bicicletas se torna ainda mais competitiva em relação às marcas globais”, frisou.

Contribuição ambiental

Indagado pelo Jornal do Commercio sobre a importância e o diferencial de investir e produzir na ZFM, o presidente da Abraciclo destacou que a atuação em Manaus é importante para os fabricantes de duas rodas, em função da oportunidade de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de “uma importante região do Brasil”, gerando ganhos ambientais para o país e para o mundo. 

“Os investimentos contínuos em inovação tecnológica, capacitação dos profissionais e desenvolvimento de produtos competitivos em nível global favorecem a empregabilidade em Manaus e isso reduz drasticamente o interesse da população pelo desmatamento e degradação ambiental. Esta é, sem dúvida, uma das maiores contribuições das empresas da ZFM. E a preservação da Floresta Amazônica precisa continuar para sempre”, concluiu. 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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