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Seringueiros cobram linha de crédito para o setor

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Reunidas em seminário para debater a Cadeia Produtiva da Borracha, as associações de seringueiros do Amazonas defenderam a criação de uma linha de crédito específica para esta atividade. Apontaram também a falta de apoio para que esses trabalhadores possam chegar a área de plantio da seringueira e um aporte financeiro para a compra do kit com os equipamentos necessários para fazer a extração do látex. Destacaram, ainda, a falta de apoio para a comercialização do produto.
O Seminário aconteceu no dia 22 ao dia 25 na Maromba, bairro da Chapada, Zona Sul. O presidente do CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Manoel Cunha, explicou que atualmente a borracha não é mais comercializada pelo patrão, como era no passado, no entanto, o crédito para capital de giro é algo que os seringueiros almejam há muito tempo. O governo do Estado, anunciou que irá liberar R$ 5 milhões em benefícios aos seringueiros, sendo R$ 4 milhões pela Afeam e mais R$ 1 milhão de outros setores do Governo..
“Estes R$ 5 milhões foram recebidos com muito bons olhos e parte desse valor será destinado para apoio institucional, como encontros da categoria em Manaus e no interior, além de assessoria de dois anos da CNS às associações. Outra parte será para criar linhas de crédito aos seringueiros. A luta pelo seguro-defeso será muito mais aguçada, agora com esses incentivos do poder público”, informou o presidente da CNS.
Manoel Cunha disse, ainda, que a viabilização de barcos para escoar a produção é outra necessidade dos trabalhadores do ramo. Ele destaca que em muitos locais o seringueiro precisa se deslocar com seus próprios recursos, para deixar sua produção na sede do município, o que faz com que os custos com transportes represente metade do valor da sua produção desse trabalhador. Uma das idéias apresentadas durante o seminário, é que cada associação possa recolher o produto na casa do seringueiro. Mas para isso, explica o presidente da CNS, as associações precisam de capital de giro.
O problema, segundo ressaltou o presidente da CNS, é que as associações estão em estágios diferentes. Algumas possuem barcos e vão buscar a produção na casa do seringueiro, e neste caso sua principal reivindicação é comercializar o produto com preço justo. Por outro lado, existem associações que trabalham sem nenhuma estrutura, sendo as que mais vão precisar de apoio e de um esforço maior dos parceiros da categoria, conforme o presidente.
“Propusemos ainda, que o preço da usina – em média R$ 2,50 – seja unido à subvenção estadual e municipal, para que o seringueiro possa receber na hora da entrega, um preço justo pela borracha. Hoje acontece o contrário; o seringueiro produz e entrega pelo preço da usina e só no ano que vem ele recebe os outros subsídios (que chegam a somar R$ 4,90 o quilo)”, destacou.
O representante da Associação de Produtores Rurais do Carauarí, Elson Pacheco, descreveu as propostas apresentadas pela categoria em geral, como positivas, assim como as do poder público, as quais foram recebidas pelos seringueiros com entusiasmo. De acordo com Pacheco, as dificuldades passadas pelos profissionais, se diferem de acordo com a região. Um ponto em comum em praticamente todas, segundo ele, é a falta de kits para a produção da borracha e a necessidade de se pagar o valor do material de uma só vez. Participaram do seminário 26 municípios e representantes de 32 associações. De acordo com o presidente da CNS, existem atualmente na ativa 1,3 mil famílias de seringueiros, no Amazonas. Segundo ele, o Amazonas representa 40% da produção nacional de seringas na ativa.

Falta união entre a categoria para fortalecer as associações de trabalhadores

Manoel Cunha avalia o processo de produção de borracha no Estado do Amazonas está se reerguendo nos últimos seis anos. Um dos pontos também discutido no evento, foi a organização social do grupo. “Todas as ações do governo estadual e municipal necessitam que a categoria esteja organizada em associações e cooperativas, devido ao tantos processos burocráticos encontrados pelo caminho”, declarou o presidente da CNS.
Presente ao evento, o deputado estadual, Luiz Castro (PPS) disse em discurso aos seringueiros, que a cultura da borracha está se perdendo, principalmente, devido ao desenvolvimento industrial do Estado. A questão ambiental acabou entrando na discussão, com o deputado afirmando que há um projeto de lei que pode instituir o seguro-defeso aos seringueiros, tomando exemplo de outras categorias, como a dos pescadores.
Luiz Castro explicou que a partir do momento em que os seringueiros conseguirem ganhar um valor maior, vai se extinguindo a necessidade de extrair os recursos naturais de maneira desenfreada. “Precisamos de uma política de subvenção, para que no final do mês, o seringueiro tenha um lucro maior e não precise desmatar”, afirmou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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