Um dia depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) concluir o julgamento sobre as denúncias do mensalão, oposicionistas e governistas retomaram o assunto no Senado. Na sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a oposição elogiou a decisão dos ministros da Corte, enquanto os governistas lembraram que as investigações continuam.
“O Supremo passou a perspectiva de que não há mais impunidade no país”, reagiu o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). “O julgamento mostrou que a lei está acima do poder, da arrogância e da prepotência”, disse o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Heráclito Fortes (PI), também presente na reunião da CCJ.
Os comentários ocorreram no dia seguinte em que a Suprema Corte concluiu o julgamento que acolheu as denúncias contra os 40 acusados de envolvimento com o mensalão. Após cinco dias de sessão, os ministros decidiram transformar todos os denunciados em réus, inclusive os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Comunicação) e Anderson Adauto (Transportes), além dos deputados João Paulo Cunha e José Genoino, ambos do PT de São Paulo, além do empresário Marcos Valério.
Mas os governistas reagiram aos comentários da oposição. “Foi o acatamento de uma denúncia, e não me parece que isso seja uma condenação”, afirmou o senador Aloízio Mercadante (PT-SP), informando que o Ministério Público dará continuidade às investigações. O senador Valter Pereira (PMDB-MS) opinou por uma defesa mais técnica. “Foi uma decisão acertada. O STF agiu com base nos indícios que havia nas denúncias”, afirmou o peemedebista.
Um dos críticos mais ferozes do governo, o senador Jefferson Peres (PDT-AM), elogiou a decisão do STF. “Aquele Supremo Tribunal Federal lavou a alma de todos”, disse ele, durante a sessão na CCJ. Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), os ministros agiram com independência e demonstraram que o julgamento era técnico quando não se deixaram influenciar por supostas pressões.
A discussão sobre o mensalão ocorreu durante a sessão da CCJ que votou -e aprovou– a indicação de Carlos Alberto Menezes Direito para uma vaga no STF. Segundo Agripino Maia, Direito estava sendo indicado em um “momento felicíssimo” da Corte.
O operador de mercado financeiro Lúcio Bolonha Funaro fez, em depoimento sob o acordo de delação premiada, uma série de denúncias contra a cúpula do PT e PR no caso do mensalão.
Segundo documentos obtidos pela Folha de S.Paulo, que compõem a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal), Funaro disse que ele e dois doleiros emprestaram R$ 3 milhões ao então presidente do PL (hoje PR) Valdemar Costa Neto para cobrir despesas da campanha do partido.