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Senadora Kátia Abreu, vice de Serra?

Ano passado, mais precisamente na solenidade de entrega do Mérito Agrícola do Amazonas/2010, evento idealizado pelo Sistema FAEA/SENAR, ouvi atentamente o pronunciamento da senadora Kátia Abreu. Naquele momento, fiquei impressionado com sua competência e convincente argumentação em defesa do agronegócio brasileiro. No último dia 28/04, nas páginas amarelas da revista “Veja”, edição 2162, a senadora Kátia Abreu concedeu mais uma interessante entrevista. Seu nome está sendo indicado para ser a vice do presidenciável José Serra. No outro lado, penso, também, que o PMDB deveria pensar na indicação do ex-ministro Stephanes para ser o vice de Dilma Roussef. Pela importância para a economia brasileira, acredito ser indispensável a presença de políticos éticos e competentes, ligados ao setor rural, nas duas chapas presidenciais. Transcrevo, a seguir, alguns trechos da entrevista da senadora Kátia Abreu.

Qual é a imagem que os brasileiros têm dos produtores rurais?
A ideia prevalente, e errada, é que o agronegócio exporta tudo o que produz, cabendo aos pequenos produtores abastecer o mercado interno. Pequenos, médios e grandes produtores destinam ao mercado interno 70% de tudo o que colhem ou criam. Também é muito forte e igualmente errada a noção de que fazendeiro vive de destruir a natureza e escravizar trabalhadores. Obviamente, como em qualquer atividade, ocorrem alguns abusos no campo. Mas o jogo duro de nossos adversários isolou os produtores do debate e espalhou essa idéia terrorista sobre a nossa atividade. Esses preconceitos precisam ser desfeitos. Mostrando na prática que não somos escravocratas e que não destruímos o meio ambiente. Nós temos um projeto em parceria com a Embrapa dedicado a pesquisar e difundir boas práticas que permitam unir produção rural e proteção do ambiente.

O que há de errado no censo do IBGE?
A melhor definição de agricultura familiar, utilizada até pelo Banco Central, é baseada em três princípios. Primeiro, o tamanho da terra, que deve ser de, no máximo, quatro módulos rurais. Segundo, que utilize mão de obra predominantemente familiar. Terceiro, que a maior parte do faturamento da família venha dessa propriedade. O que o IBGE fez neste governo? Matou os critérios de mão de obra e de renda da propriedade. Com isso, todos os proprietários com até quatro módulos entraram na categoria agricultura familiar. Qual o objetivo disso? Desmoralizar o agronegócio, a grande empresa e a propriedade privada. Existem propriedades pequenas no Paraná muito mais produtivas e ricas do que fazendas no Centro-Oeste. Além disso, as informações equivocadas do IBGE dão prejuízo ao setor, porque não se pode fazer planejamento estratégico de investimento em cima de previsões falsas. Em todos os países desenvolvidos, a pesquisa pública é um santuário. Nem a ditadura militar interferiu nos institutos de pesquisa. O IBGE e o Ipea foram aparelhados pelos ideólogos dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente.

Essa é uma postura do governo Lula em geral ou apenas de uma minoria no poder?
Há pessoas no governo que não são xiitas. O ministro do Desenvolvimento Agrário (Guilherme Cassel) e o ex-titular da Pasta de Meio Ambiente (Carlos Minc), contudo, em vez de encontrar soluções para os problemas, passaram os últimos anos dividindo o país para aumentar a sua torcida. Eles não tinham o direito de fazer isso. Um ministro de estado deve proteger o Brasil, não apenas alguns brasileiros.

O que mais atrapalha os negócios no campo? A senhora é contra a reforma agrária?
A insegurança jurídica. Se não há estabilidade nem confiança, as plantas e a produção de carne recusam-se a prosperar. Nas empresas urbanas é a mesma coisa. Não vejo problema em dar terras aos índios, aos quilombolas ou aos sem-terra. Mas tudo isso precisa ser feito em concordância com o direito de propriedade. Não sou contra a reforma agrária. Sou contra a invasão. Sou contra tomar a terra com um índice de produtividade imbecil, que não é compatível com a atualidade da gestão do empresariado brasileiro.

O que o produtor rural quer do próximo presidente?
Precisamos que o próximo presidente entenda que dividir o país entre pequenos e grandes é uma visão simplista e ruinosa. É necessário que ele saiba que existe uma classe média rural que não tem a escala das grandes empresas agrícolas, mas que também não se enquadra na agricultura familiar. Essa classe média rural é vulnerável às oscilações de preços e de clima, mas não tem condições de se proteger sozinha disso. Nesse ponto, o estado pode ajudar. Mas a primeira pergunta que faremos aos candidatos será: o que eles pensam a respeito da propriedade privada?

A senhora sonha em ser candidata a vice-presidente na chapa de José Serra?
Preciso deixar que a decisão partidária prevaleça. Ninguém pode querer ser vice de alguém. As pessoas querem ser o personagem principal, aquele que terá a caneta na mão para implementar as suas decisões, ideais e planos. O vice é apenas um coadjuvante. Mas fico orgulhosa quando meu nome é citado por eu ser de um estado novo, o Tocantins, por ser mulher e por representar o setor agropecuário, que nunca teve muito espaço nas chapas majoritárias e na política nacional.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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