Pesquisar
Close this search box.

“Sem-vergonhice”

“No transpor da década de 70 para 80, no Estado do Amazonas existiam em torno de cinco Colônias de Pescadores. Naquela época não existia e nem se falava em seguro-desemprego para nenhuma categoria de trabalhador no Brasil. Naquela época, a organização das trabalhadoras e trabalhadores na pesca profissional artesanal, defesa dos seus direitos, qualidade de vida e, o exercício da sua cidadania eram questões que não constavam no dicionário aplicado por quem quer que seja. Naquela época ser pescadora e pescador, no conceito da maioria, era sinônimo de alcoolismo e depredação dos recursos naturais, de exímios exaladores do forte cheiro do produto pescado (pitiú).
Foi exatamente neste período que eu conheci o cidadão pescador que nasceu destinado a ser um dos mais ilustres líderes da categoria no município de Manaus, no Estado do Amazonas e no Brasil. Este é Walzenir Falcão. Quem ousou a organizar a classe enquanto entidade sindical. E dela até os dias atuais, foram criadas 59 Colônias de Pescadores em todo Estado. Com isso, se rompeu o silêncio que havia em relação à defesa intransigente dos direitos das mulheres e homens profissionais da pesca artesanal.
Por ocasião da criação do seguro-desemprego no Brasil, no transpor da década de 1980 para a de 1990, os profissionais da pesca artesanal no País foram alijados do benefício. Nesse período Walzenir Falcão já havia passado pela presidência da Colônia Z-12 do município de Manaus, bem como da Federação dos Pescadores dos Estados do Amazonas e Roraima e exercia o seu primeiro mandato na presidência da CNP (Confederação Nacional dos Pescadores). E, portanto, a sua atuação foi fundamental para estender o benefício aos pescadores. Ocorreu que os estados da Amazônia brasileira permaneceram alijados.
Mais uma vez, foi determinante a atuação do presidente da CNP da época, para a extensão do seguro desemprego do defeso da pesca, também aos pescadores dos estados amazônicos. Contudo, as mulheres pescadoras foram discriminadas ficando proibidas de acessar o benefício, embora exercitando a pesca artesanal com a mesma competência e desenvoltura que os profissionais homens. Mais uma vez Walzenir, que é filho de uma das primeiras mulheres a se regularizarem profissionalmente perante a Marinha Brasileira como profissional da pesca artesanal, foi incisivo em lutar até pôr fim à exclusão das mulheres.
Agora, depois destes avanços e conquistas sociais em favos dos pescadores, em toda esquina tem um oportunista querendo criar entidade para representar os profissionais pescadores artesanais. E, claro, com a finalidade de atuar no processamento e pagamento do seguro-desemprego do defeso. Tão somente. É inaceitável e só podemos qualificar como a prática da sem-vergonhice o que o superintende regional do Trabalho e Emprego do Amazonas está fazendo com a organização sindical que representa as 59 Colônias que formam a Fepesca-AM (Federação dos Pescadores do Estado do Amazonas) e que está causando prejuízos a milhares de trabalhadoras e trabalhadores da pesca profissional artesanal amazonense”.
A opinião é do novo presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara Federal, deputado Silas Câmara (PSC). E, foi dita em Brasília, nesta terça-feira, dia 3 de fevereiro, ao secretário de Relações do Trabalho do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), o amazonense e ex-deputado federal pelo Estado de São Paulo Luiz Antonio Medeiros, durante reunião com a CNP e representantes dos trabalhadores do setor pesqueiro no Amazonas, a qual deveria ter, também, a participação do superintendente regional do Trabalho e Emprego, Dermilson das Chagas, que não compareceu.
As lideranças dos pescadores artesanais informaram, durante a reunião, que disseram ao próprio ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, quando da estada do mesmo em Manaus, que “na tentativa de desestruturar o sistema sindical representado pelas colônias de pescadores e pela federação, o superintendente não mede conseqüências e está organizando e pagando despesas de cartório para registrar atas criando entidades paralelas para representar os profissionais pescadores artesanais”. Eles afirmaram, ainda, que Dermilson está articulando as matrículas dessas entidades junto ao MTE. O mais grave, conforme essas lideranças, ocorre nas colônias de pescadores Z-03, Z-48 e Z-17, respectivamente dos municípios de Benjamin Constant, Nhamundá e Parintins.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar