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Sem falências no Amazonas desde janeiro

Após passar o primeiro bimestre em branco, o Amazonas fechou março com os primeiros casos de requisições e deferimentos de recuperação judicial de empresas, neste ano. A quantidade já veio redobrada, quando comparada em igual intervalo do ano passado. O Estado, por outro lado, não apresenta nenhuma ocorrência de falências desde janeiro de 2021, posicionando os números do acumulado deste ano em um patamar que corresponde à metade do apresentado nos três meses iniciais de 2020.  

Com isso, o Amazonas seguiu em trajetória inversa à experimentada pela média nacional, que avançou nas requisições e decretos de falências, mas recuou nas recuperações judiciais. Pelo menos no primeiro caso, a alta foi impulsionada especialmente pelas empresas de pequeno porte e atuantes em serviços.  É o que revela o cruzamento dos dados globais do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, com os números locais fornecidos pela empresa à reportagem do Jornal do Commercio.

Em paralelo com o gradual refluxo da segunda onda e da persistência de seus impactos econômicos, o Amazonas registrou duas recuperações judiciais requeridas e outras duas deferidas, no primeiro trimestre do ano –contra uma, em cada caso, no mesmo período do ano passado. Houve uma redução de 20% no confronto com os números globais do mesmo acumulado de 2019 –que teve três requerimentos e dois deferimentos do gênero.

O Estado teve apenas um caso de falência declarada neste ano, ocorrido ainda em janeiro, e nenhum de falência requerida. O saldo é 50% menor do que o do mesmo trimestre do ano passado, que apresentou pelo menos um registro de ambas as modalidades. O desempenho, no entanto, foi pior do que o contabilizado dois anos antes, quando o Amazonas atravessou os três meses iniciais de 2019 sem uma falência sequer. 

Em âmbito nacional, foram feitos 95 pedidos de falências, um aumento de 58,3% com relação ao mesmo mês do ano passado e de 13,1%, na passagem de fevereiro para março. A alta foi impulsionada por empresas de serviços, que respondeu por 60% de todas as solicitações e registrou o maior número do ano (57), correspondendo a um acréscimo de 9,61% sobre fevereiro (52) e de 96,55% sobre janeiro (29) –quando a segunda onda ainda não havia se espalhado pelo Brasil. 

Setores e portes

A indústria (22) compareceu em um distante segundo lugar, no ranking nacional dos pedidos de falência, em desempenho pior do que as marcas de janeiro e fevereiro (ambas com 15 registros). O comércio (15) veio na sequência, com performance pouco superior aos dois meses anteriores (16, nos dois casos). Já o setor primário ficou na última posição, com apenas uma solicitação no mês passado, em desempenho igual ao de fevereiro e 100% superior ao de janeiro (zero). 

Os micros e pequenos negócios continuam à frente nas estatísticas brasileiras, embora o dado do mês passado (46) ainda tenha sido 35,21% menos pior do que o de fevereiro (71) –e 31,43% pior do que o de janeiro (35). Na segunda posição, as pessoas jurídicas de médio porte amargaram 27 requisições e falências em março, em ritmo de piora frente aos dois meses anteriores (15 e 9, respectivamente). O mesmo pode ser dito das grandes empresas, que atravessaram janeiro (5) e fevereiro (4) com um número bem menor do que o de março (22).  

Em sentido contrário, as requisições de recuperação judicial em todo o território nacional encolheram nos dois comparativos. Na análise anual, a redução foi de 4,9%. Já no comparativo entre março e fevereiro deste ano, a variação negativa foi de 13,3%. A assessoria de imprensa da Serasa Experian não informou o corte por segmentos neste caso, nem os números correspondentes ao desempenho dos setores econômicos do Amazonas.

Fator inadimplência 

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da Serasa Experian, o economista da companhia, Luiz Rabi, assinala que os números negativos capturados no levantamento de março acompanham o crescimento da inadimplência das empresas, que é um indicativo das dificuldades enfrentadas pelas pessoas jurídicas brasileiras, durante a chegada da segunda onda nos demais Estados do país. 

“Muitos negócios não conseguiram se manter neste período de distanciamento social e acabaram recorrendo ao pedido de falências para quitar as dívidas com os credores. O grande volume em serviços é um reflexo do fechamento de restaurantes, de cinemas, de teatros e de outras atividades, por conta da pandemia do novo coronavírus”, explicou. 

Reação demorada

Em sintonia, o conselheiro do Corecon (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão, concorda que a falta de capital e o endividamento são os maiores problemas para as empresas, na segunda onda. Para ele, os números confirmam que a economia já apresenta sinais de paralisia e fragilidade, por “motivos variados”, como o agravamento da pandemia e a letargia e incertezas na vacinação, com reflexos na confiança empresarial. A demora na retomada de políticas anticíclicas semelhantes às de 2020, também entram na equação, conforme o economista.

“Há ainda a falta de uma presença do governo federal, diferente do ocorrido na primeira onda. Os empresários estão muito endividados e não tem outra saída a não ser fechar as portas. O crédito facilitado para as micros e pequenas empresas, assim como a possibilidade de manter os funcionários com flexibilização de jornadas e salários, estão fazendo falta. Isso, fora o auxílio emergencial. Pena que o governo demorou tanto para reagir. O resultado está aí, e não vejo que volta das medidas gere resultados no curto prazo”, concluiu. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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