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Segundo semestre do ano inspira otimismo

Otimismo é o sentimento de especialistas e consultores industriais do PIM (Polo Industrial de Manaus) sobre o segundo semestre de 2009 que aponta para a corrida do crescimento que havia sido interrompido por conta do cenário de crise global. A queda de 1 ponto percentual na taxa de juros Selic, que agora encolheu para 9,25% ao ano, abaixo das previsões de mercado, é apontada como um estímulo para a indústria recuperar as posições perdidas.
O economista e consultor de empresas, José Laredo, avaliou que em termos de perspectivas para o segundo semestre de 2009, o setor de duas rodas, por exemplo, pode apresentar uma performance mais rápida de retomada de crescimento porque agora estão surtindo os efeitos da redução dos impostos que ocorreram em cima desse segmento, concernente a isenção do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), criados para o setor, tendo em vista que não se podia mexer no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) porque já é zero.
Segundo o especialista, a redução desses impostos fez com que as indústrias se motivassem a produzir mais e os consumidores, ao terem os créditos liberados, passaram também a aumentar o consumo desses produtos.
“De forma que hoje vemos as fábricas do PIM retomando as suas produções e já estão reutilizando a mão-de-obra que estava parada. Já temos informações, inclusive de novas admissões em algumas fábricas do segmento”, informou.
Outro setor importante do PIM, segundo Laredo, é o polo eletroeletrônico, que vai demorar um pouco mais a retomar os mesmos níveis de setembro e outubro de 2008, principalmente porque é um segmento que está muito vinculado ao crédito. O especialista aponta que o crédito ao consumidor está bastante acelerado para retomar as suas posições de setembro do ano passado.

Empresas vão ter de baixar juros para vender

Com a redução da taxa de juros Selic, que passou de 10,25% para 9,25% –queda de 1 ponto percentual–, Laredo disse que depois de um longo período de tempo, o país vai conviver com uma taxa de juros de um dígito. Ele explicou que a Selic é um delineador das taxas de juros interbancárias, ou seja, ela estabelece o norte para as taxas de juros no país. Consequentemente, as empresas que quiserem continuar vendendo vão ter de baixar os juros embutidos nas prestações, ou mesmo alongar o prazo das mesmas de forma que possam atrair mais consumidores. “Esse é um efeito mais imediato da queda dos juros no mercado brasileiro. Diante disso, acredito que o setor eletroeletrônico até o fim do ano vai conseguir retomar suas posições perdidas com a crise internacional”, avaliou.
O terceiro setor a ser recuperado é o termoplástico, porque anda a reboque do segmento de duas rodas e o eletroeletrônico. Laredo explicou que as fabricantes de peças plásticas injetáveis do PIM atendem os fabricantes de bens finais desses dois setores. “Se ambos estão retomando as suas atividades de forma acelerada, em função da recomposição do crédito ao consumidor decorrente dos impostos, é possível que os termoplásticos acompanhem o ritmo dessa retomada”, disse, ressaltando que os termoplásticos estão em forma bem acentuada de recuperação.

Performance positiva

A boa performance desses setores, prevista para o segundo semestre, não vai permitir que o PIM chegue ao nível do ano passado. Segundo o economista, a redução do faturamento no último trimestre de 2008 foi muito forte, assim como também no primeiro trimestre de 2009, que não demonstrou grande consistência, de modo que a recuperação mesmo se dará a partir do terceiro e quarto trimestres de 2009. “Estamos no meio do segundo trimestre e somando o faturamento deste ano acredito que está um pouco abaixo do ano passado”, citou.
Mesmo assim, Laredo diz acreditar que o PIM ainda vai ter um faturamento significativo em 2009 porque o dinamismo das empresas é facilmente recomposto, por se tratar de fábricas de bens finais que produzem produtos que têm forte apelo popular. Se elas recompõem o credito rapidamente, disse, esse apelo se mantém, tendo em vista que a crise não afetou os salários. “Não houve redução de salários, nem quebra de acordo salarial, houveram algumas demissões. Logo, os salários que permaneceram somados aos que estão entrando no mercado mantém-se em um nível de renda capaz de depositar consumo nas lojas”, assinalou.
Além disso, Laredo aponta que esse cenário vai puxar os empregos, porque se as fabricas de bens finais retomam seus crescimento demandam mais contratações de serviços de terceiros. Mais fornecedores entram no mercado e mais prestadores de serviços são acionados. “Todos eles são potenciais geradores de emprego”, garantiu.

Novos investimentos devem ser maiores

Quanto aos novos investimentos, a primeira reunião do CAS (Conselho de Administração da Suframa) teve um decréscimo em relação à última do ano passado –em dezembro–, mas, a segunda, –em 28 de maio de 2009–, já demonstrou quase o dobro da anterior em termos de novos projetos de implantação em Manaus. Laredo informou que ano passado houve uma média de 18 projetos de implantação, e nessa segunda já chegou a 12 projetos.
Isso significa, de acordo com o economista, que vai haver maior velocidade do que se espera nos investimentos, principalmente porque os mesmos são atraídos pela forte vantagem matemática comparativa no jogo tributário que o PIM oferece, com a sua redução de 88% no II (Imposto de Importação), Isenção total do IPI, redução de 75% do IR (Imposto de Renda), crédito estímulo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que varia de 55% a 100%, dependendo do produto, então tudo isso forma uma vantagem comparativa que dá em torno de 50% a 60% no jogo tributário.
“Isso tudo torna muito mais proveitoso a ocupação e a fabricação em termos de taxa de retorno sobre os investimentos”, apontou.

Quadro estável

O conselheiro do Cofecon (Conselho Federal de Eco­no­mia), Martinho Azevedo, avaliou que depois de seis meses de crise econômica a tendência de mercado pode ser avaliada de várias formas. Quanto aos quesitos emprego e renda, ele disse que o quadro é de estabilidade com pequeno crescimento para o segundo semestre deste ano.
Com a retomada da produção industrial num ritmo mais elevado –após a queda de produtividade que resultou em desemprego, principalmente para a indústria–, Azevedo disse que a tendência é de que os empregos sejam retomados e com isso o trabalhador volte a ter renda.
Por outro lado, Martinho Azevedo avaliou que dificilmente vá haver retomada do crescimento econômico ao nível dos últimos cinco anos porque é preciso criar um ambiente de melhor estabilidade, propícia para novos investimentos. “A crise global permitiu que as empresas operassem com a capacidade ociosa, ou seja, a capacidade de aumentar o nível de produção sem investir”, disse.

Duas rodas mostra retomada de produção gradativa

Por outro lado, Azevedo informou que existem setores que não passaram pela crise a exemplo dos serviços de energia, comunicação, transporte, porto, aeroporto e estradas. Por este motivo precisam de investimento para melhorar o nível de competitividade.
Ao avaliar a crise global, o especialista disse a aparente calma de que o pior já passou está no fato de que a economia está se ajustando a uma maior produtividade e competitividade. Esse é um crescimento de adaptação, ou seja, as empresas estão procurando desenvolver novas tendências, buscando novas parcerias, isso visando superar as dificuldades ocasionadas pela crise internacional”, destacou.
Para o consultor industrial, Teruaki Yamagishi, as empresas do setor de duas rodas do PIM estão retomando o ritmo de produção gradativamente, trabalhando com 70% da capacidade produtiva.
Que as mesmas estão saindo do quadro de crise trabalhando com a expectativa de crescimento para os segundo semestre. “O pior da crise já passou, mas ainda existem problemas em algumas empresas do setor porque perderam competitividade, produtividade e mão-de-obra e estão tentando recuperar”, avaliou.
O consultor, que é proprietário da Yamagishi Consultoria, acena com novos investimentos para o PIM. Ele informou que quatro empresas estão fazendo pesquisa de viabilidade econômica para se implantarem em Manaus.
Yamagishi não informou de quais setores são, mas admitiu que possuem capital japonês. Atualmente 32 empresas do Japão estão instaladas na ZFM (Zona Franca de Manaus), dos setores de duas rodas e eletroeletrônico.
A Suframa também está ­apostando no segundo semestre. A coordenadora-geral de Estudos Econômicos e Empresariais da autarquia, Ana Maria Souza, disse que a expectativa é que a economia brasileira retome o crescimento no segundo semestre e, em consequência, o PIM volte a registrar números positivos.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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