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Segundo livro do projeto ‘Te conto em contos’ é lançado

Para homenagear as mulheres, no seu dia que se aproxima, a professora de Língua Portuguesa, e cronista, Letícia Pinto Cardoso, acabou de lançar o segundo e-book de seu projeto ‘Te conto em contos’, intitulado ‘Entre linhas, memórias e outras passagens’ reunindo, agora, 12 escritoras, oito escolhidas por uma banca de professoras universitárias e da rede pública de ensino e quatro convidadas por Letícia.

Em fevereiro Letícia foi matéria no Jornal do Commercio ao publicar o primeiro e-book, ‘Queria me ver te ouvir contar’, com dez autoras. Na ocasião ela disse que muitas mulheres haviam entrado em contato para pedir informações, mas quando chegou na hora de se inscrever, poucas o fizeram, acreditando a professora por desconfiarem da importância e do alcance do projeto ou mesmo por insegurança nas suas capacidades de escrever um texto. Das 20 inscrições, dez foram selecionadas e tiveram seus contos publicados. Agora, 27 se inscreveram e 12 integram o segundo e-book.

Para homenagear as mulheres, professora Letícia Pinto acabou de lançar o segundo e-book de seu projeto ‘Te conto em contos’. Foto: Divulgação

“Sobre esse título, poderia simplesmente explicar que as linhas são começos para as tessituras literárias, o ofício da escrita; que as memórias potencializam as narrativas que se revestem desse artifício”, explicou Letícia.

Letícia se disse satisfeita pelos resultados que seu projeto vem atingindo, por notar o movimento que ele trouxe para as escritoras publicadas tanto no primeiro e-book quanto as que se inscreveram buscando também ser publicadas no segundo livro.

“Isso me mostrou que há vontade de literatura, que há mulheres escrevendo e que elas escrevem contos também, só estavam querendo uma oportunidade para mostrar isso. E que bom ter construído uma ponte para elas”, comemorou.

Mais de 50 mulheres

O projeto ‘Te conto em contos’ foi contemplado no edital do Prêmio Feliciano Lana, da Secretaria de Cultura, através da Lei Aldir Blanc, e tem atingido o seu objetivo, que é abrir espaço para as escritoras barés de contos. Dez autoras no primeiro livro, doze no segundo, e Letícia está querendo reunir 30, entre inéditas e já publicadas, no terceiro livro que compõe e completa o projeto.

“É com entusiasmo e a paixão de leitora, nascida no interior do Amazonas, numa cidade sem bibliotecas, sem livrarias, sem editoras, sem escadas para escalar paredes e prateleiras, que recebo, com aquela mão estendida, os contos aqui reunidos”, escreveu no prefácio do e-book a professora de Literatura, Adriana Cristina Aguiar numa demonstração da importância do projeto de Letícia.

Outra característica casual dos e-books é que, além das escritoras, da concepção à produção do material, todas são mulheres. Um único homem iria fazer a ficha catalográfica das edições, mas ele estava sem tempo e indicou a esposa para realizar o trabalho. Letícia calcula que até o terceiro e-book, mais de 50 mulheres terão participado do projeto.

E as inscrições para essa terceira publicação, ainda sem título, já estão abertas. O processo para a seleção dos contos será o mesmo. Uma banca de professores fará a escolha da maioria dos textos, e algumas escritoras serão convidadas por Letícia. Mas quem não for escolhida agora, não deve desistir. Com o sucesso obtido pelo seu projeto, a professora promete continuar, desde que novos editais de cultura assim o permitam.

“Um exemplo é a Thainá Negreiros, que tinha participado da primeira seleção e por muito pouco não ficou entre as escolhidas. Agora ela integra o segundo e-book com o conto ‘Medo do desconhecido’. Quem não foi escolhida para estes dois livros, de repente, pode ser para o terceiro, que sairá em março. O importante é nunca desistir de seus sonhos”, enfatizou.

Quem quiser ler o e-book pode acessar: https://bit.ly/386pq8v

Alguns trechos            

‘Eram 6h da manhã, aquele cheiro de café forte e de chá de capim santo adentravam a pequena casa. Pelas frestas da parede amadeirada, o sol iluminava o rosto, enquanto deitada escutava o canto dos pássaros, como em todas as manhãs. O moço do pão já iria passar, e logo levantava para esperar a sua passagem, isso quando minha mãe não precisava de mais lenhas…”, Casinha, de Marilin Souza. 

‘Dani dormia ao meu lado. Um sonho de pedra, quase mortal. Invejei sua facilidade para o sono, enquanto eu mal sentia as minhas pernas, depois de decorridas três horas de vôo. Eu certamente só relaxaria quando finalmente estivesse em casa. Mas Dani, por outro lado, descansava como um anjo. Depois, nem aparentaria o desgaste da viagem…’, Branco, de Larissa Cavalcante. 

‘Maria Bethânia cantava baixinho ao fundo, enquanto lágrimas brotavam feito tempestade inesperada. Não sabia se estava chorando por conta do ácido que saía das cebolas que cortava ou se era efeito das sucessões de lembranças que surgiram de sua vida. Na verdade, essas lágrimas não eram tão inesperadas, havia certa cumplicidade entre as cebolas e as lembranças…’, Fragmentos, de Tainá Vieira. 

‘Tia Suzanna foi por longos anos da minha infância e adolescência uma mulher que me inquietava. Era a irmã de meu pai, oito anos mais nova, e o xodó de minha mãe. Minha tia era cheia de mistérios, aventureira, linda e fazia coisas que só os homens naquela época faziam, e outras que nem eles ousavam…’, Tia Suzanna, de Gislaine Pozzetti

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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