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Sapatônica, um alerta contra a lesbofobia

Atenção mulheres que preferem a atenção de outras mulheres, dia 26 sexta-feira, a partir das 20h, acontecerá o lançamento do bloco de Carnaval Sapatônica. O evento acontecerá no Muiraquitã Manaus (rua Cumucim, 100, Conjunto Petros – Aleixo). O Muiraquitã é um espaço alternativo, com foco nas bandas da cidade.  

“Antes de ser um bloco de Carnaval, o Sapatônica é mais um movimento que busca dar visibilidade às lésbicas. Mais que entretenimento, um ato político pela liberdade feminina, contra a misoginia, o machismo, a lesbofobia, a homofobia e o feminicídio”, explicou a produtora de eventos Loren Luniére, organizadora do Sapatônica. Não confundir o nome da banda com música eletrônica, mas tudo a ver com mulheres icônicas.

Lesbofobia, lesbocídio, estupro coletivo são algumas das denominações dadas às violências contra mulheres lésbicas, e ainda que pouco divulgadas, o Brasil tem leis que protegem contra esses crimes. Infelizmente, por falta de dados, o mapeamento dessas agressões e políticas públicas ainda dificulta fazer valer esses direitos na prática, segundo a ABMLBTI (Associação Brasileira de Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexo).

“Como produtora de eventos, me vi na obrigação de criar esse bloco para alicerçar o movimento pela visibilidade lésbica”, disse Loren.

Desde 2011 a união estável entre pessoas do mesmo sexo foi reconhecida como entidade familiar, pelo STF (Supremo Tribunal Federal), com as mesmas regras e conseqüências da união estável entre homem e mulher.

Apenas o esquenta

Desde 2013 o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aprovou uma resolução que obriga os cartórios a celebrar o casamento civil e converter a união estável homoafetiva em casamento. Até setembro do ano passado já haviam sido celebrados 1.068 uniões homoafetivas (uniões estáveis e casamentos), no Amazonas, segundo a Anoreg (Associação dos Notários e Registradores do Amazonas).

“É um número pequeno porque existe muito mais gente vivendo essa união ainda sem procurar oficializá-la, porém, nota-se que há um crescimento de relacionamentos homoafetivos, por isso senti que era hora de criar esse movimento. Escolhi o Carnaval porque, apesar de ser uma festa popular, é uma forma política de demonstrar o que está acontecendo na nossa sociedade”, disse.

Loren adiantou que o evento, no Muiraquitã, será apenas o ‘esquenta’ da banda, o lançamento do que virá a seguir.

“Teremos um espaço para brincar o Carnaval, com segurança, entre os seus, sem o perigo de sofrermos preconceito ou qualquer tipo de violência. Queremos que a sociedade aprenda a aceitar as opções sexuais das pessoas sem se ofender com isso, ou considerar errado”, alertou.

O primeiro documento feito no Brasil sobre a violência contra lésbicas, o ‘Dossiê sobre lesbocídio no Brasil’, divulgado em 2017, mostrava que o assassinato de lésbicas aumentava ano a ano, e a grande maioria dos assassinos era de homens.

“No Amazonas não é diferente do resto do Brasil, e queremos chamar a atenção para esse problema”, informou a produtora.

Ajudando a Casa Miga    

Violências à parte, os ingressos para o ‘esquenta’ do Bloco Sapatônica já estão à venda e a festa será liberada para os mais diversos públicos, bissexuais, transexuais e apoiadores da causa. O Sapatônica também incentiva a inclusão e uma maior participação de artistas lésbicas no meio cultural. No evento de sexta-feira, por exemplo, as responsáveis pela animação serão a DJ Luana Aleixo, e as cantoras Egda Carolyn e Rebecca Grana.

Atenção mulheres que preferem a atenção de outras mulheres, dia 26 sexta-feira, a partir das 20h, acontecerá o lançamento do bloco de Carnaval Sapatônica.
Rebecca Grana

“Nosso line-up da primeira edição é composto por mulheres como Rebecca Grana que tem 15 anos de carreira na música amazonense e é uma das mais experientes artistas lésbicas em atuação; Egda Carolyn, cantora da nova geração que aos 23 anos faz um excelente trabalho autoral nos streamings e, por fim, a DJ Luana Aleixo, reconhecida como uma DJ que arrasta um grande público nos blocos e festas LGBTQIA+ manauara”, destacou.

Edga Carolyn

Os ritmos que agitarão o esquenta variam do funk e brasilidades, sertanejo e axé.

“Será um espaço de pertencimento das mulheres lésbicas mas, do ponto de vista cultural, queremos dar visibilidade às artistas lésbicas. Esse é o primeiro evento de uma agenda que durará o ano inteiro”, adiantou.

Os ingressos para o 1º lote custam R$ 30, e podem ser adquiridos no site da Sympla, mas quem preferir pode levar um 1 kg de alimento não perecível, que também valerá como ingresso. Esse alimento será doado para a Casa Miga, a primeira casa de acolhimento LGBT da Região Norte, que abriga pessoas expulsas de casa devido à sua opção sexual.

Para participar do Sapatônica será obrigatória a apresentação do cartão de vacina com ciclo vacinal completo e uso de máscara.

“E aguardem que, em janeiro, já ocorrerá nosso primeiro grito de Carnaval em data e local que iremos confirmar posteriormente”, avisou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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