O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima, em sua revisão de maio, que a safra agrícola 2019/2020 deve contabilizar uma produção de 1.787.040 toneladas, volume 4,59% abaixo do registrado na safra de 2018/2019 (1.873.122 toneladas). As áreas de plantio e colheita, por outro lado, seguem empatadas com as apresentadas no período anterior.
Carro-chefe do setor agrícola do Estado, a mandioca ainda é o produto cuja taxa negativa puxa os números globais para baixo. Depois de bater recorde com alta de 58,1% na safra de 2018/2019 (1.331.531 toneladas), a expectativa agora é que a produção fique 6,90% abaixo desse patamar e não passe das 1.239.598, conforme o IBGE.
O grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas volta a comparecer com estimativa de produção de 41.420 toneladas para o ano, montante 0,52% superior ao apresentado na safra anterior (41.207 toneladas). Os números de área plantada (170.856) e colhida (22.930), contudo, seguem iguais aos de 2018/2019. No Amazonas, o grupo inclui arroz, feijão e milho.
O melhor dado desse grupo continua vindo da projeção para a primeira – e única – safra de milho (+1,05%) no Estado, que deve render 19.093 toneladas neste ano. A previsão de alta do arroz (14.220 toneladas) ainda é de apenas 0,10%, enquanto os cálculos do IBGE para as duas safras de feijão – 4.107 e 4.000 toneladas – ainda apontam para estabilidade.
Frutas, café e cana
A fruticultura do Amazonas permanece em terreno negativo, segundo o IBGE. Cacau (-4,16%), banana (-2,32%) e laranja (-2,29%) comparecem no levantamento com quedas, assim como no ano anterior. A produção de cacau deve cair para 1.266 toneladas, em intensidade maior do que a apresentada na safra passada (-1,34%). Banana (109.913 toneladas) e laranja (65.232), por sua vez, tiveram retrações mais suaves em relação ao período anterior (-10,08% e -6,11%, respectivamente).
O melhor número da safra agrícola do Amazonas deste ano ainda aparece na cana-de-açúcar (+3,51%), conforme as estatísticas do IBGE. A estimativa é que a produção aumente para 283.676 toneladas neste ano. As projeções para os cafés arábica (1.836) e canephora (2.679), por outro lado, ainda apontam para estagnação.
O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, destaca que a previsão de queda de produção em culturas importantes para o setor no Amazonas se deve também aos efeitos da crise da covid-19. “A produção agrícola, assim como demais setores da economia amazonense, também sofre a influência do isolamento anti-covid-19, tanto diretamente no campo, quanto na logística necessária à produção”, comentou.
Estabilidade e reabertura
No entendimento do presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas), Muni Lourenço, a estimativa menor da produção da mandioca está relacionada aos impactos da crise da covid-19 na “plena atividade” dos produtores rurais que trabalham com ela. O dirigente considera também que, no restante das culturas, a previsão de diminuição é tão pequena que praticamente aponta para um empate. “A nova previsão do IBGE sinaliza estabilidade, o que deve refletir em muito os efeitos negativos de retração econômica decorrentes da pandemia do coronavírus”, ressaltou.
Segundo o presidente da Faea, a reabertura gradual de comércio e serviços, em especial restaurantes e feiras livres, vai favorecer o setor rural, que fornece hortaliças e frutas, entre outros alimentos, a esses logradouros. “Isso vai ajudar a retomar níveis de faturamento e preços, porque o setor rural já está sentindo queda, em virtude da redução de consumo famílias, decorrente do desemprego e perda de renda. A demanda extra dos supermercados até supriu parte das vendas, mas não totalmente, pois tratam-se de canais diferentes de comercialização”, comentou.
Articulação pós-pandemia
Na mesma linha, o titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, disse que é “muito bom” saber que o IBGE aponta para a manutenção dos indicadores de produção agrícola no Estado, apesar dos momentos difíceis proporcionados pela crise da covid-19. O secretário estadual, contudo, disse que continua não entendendo a ausência dos dados de produção de soja no levantamento mensal do órgão federal.
“Isso seria positivo para o nosso agronegócio, pois sinaliza a possibilidade da produção desse grão nos campos naturais do Sul do Estado e, também, a captação de investimentos. Mas, os números ainda provam que o agro não parou e foi o único setor que cresceu, mesmo com a pandemia e os desafios logísticos. Quanto ao segundo semestre, no pós pandemia, já estamos articulando com parceiros públicos e privados para avançar na regularização fundiária, licenciamento ambiental, capacitação, crédito e comercialização”, encerrou.