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Saber envelhecer está na moda

Saber envelhecer está na moda

A pandemia do coronavírus tem sido terrível para todos, mais especificamente para a terceira idade, senhores e senhoras acima de 60 anos, já combalidos pelo tempo, pelas doenças e ainda tendo de enfrentar um vírus quase desconhecido. Por isso muito se comemora a saída com vida, dos hospitais, de idosos. Um exemplo foi o historiador Antonio Loureiro, hipertenso, diabético, duas semanas internado num hospital, indo para casa, curado da covid-19 e completando 80 anos poucos dias depois. Hoje ele já está de volta ao trabalho, no seu escritório.

“Envelhecer hoje é diferente do envelhecer de algumas décadas atrás, mas continua sendo um desafio. A diferença agora é que temos mais suporte do ponto de vista social, educacional e da saúde. Temos variadas ações que a FUnATI (Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade), bem como outras instituições municipais, estaduais e federais, ofertam para a população”, explicou Kennya Brito, coordenadora de Ensino da FUnATI e presidente do Conselho Estadual do Idoso.

“Hoje trabalhamos o empoderamento da pessoa idosa. Os idosos têm mais acesso à saúde, à informação, ao conhecimento dos seus direitos enquanto cidadãos, e o Estado possui conselhos fiscalizadores dessa política”, acrescentou.

Dados do Ibge, de 2018, mostraram que o Brasil possuía 28 milhões de pessoas acima de 60 anos, ou 13% da população, e projeções do Instituto indicam que, em 2043, essa porcentagem chegará a 25% da população brasileira.

Ainda de acordo com dados do censo do Ibge, de 2012, Manaus possuía 48.435 homens e 63.234 mulheres com mais de 60 anos, “mas com certeza, oito anos depois, esse número é bem maior, pois a reta do envelhecimento só sobe”, disse Kennya.

Estilo de vida

Fenômeno relativamente recente, o crescimento a olhos vistos do número de pessoas da terceira idade, tem uma explicação. Há três, quatro décadas, uma pessoa que chegasse aos 30 anos, já começava a ser chamada de velha, e as doenças apareciam com mais facilidade inviabilizando que essas pessoas continuassem a viver em sociedade: eram tonturas, dores pelo corpo, Alzheimer (a famosa caduquice), entre outras doenças.         

“O que aprendemos e ensinamos agora é que velhice não significa doença. Claro que as doenças podem aparecer sim, mas se controladas, não vão comprometer a qualidade de vida, coisa que não acontecia antes quando, sem remédios, a solução era se isolar e sofrer, em casa”, esclareceu.

“25% do que somos, herdamos de parentes, enquanto 75% dependerá do estilo de vida que levamos. Atividades físicas, alimentação saudável, não esperar adoecer, mas se cuidar para não adoecer, tudo isso junto favorece um bom envelhecimento, e o mais importante de tudo, sem problemas de saúde”, afirmou.

Possivelmente o principal impacto que a velhice cause na maioria das pessoas seja o não querer se ver daquela forma, andando lenta e temerosamente, sem enxergar, ouvir ou entender direito, frágeis. Com a chegada da covid-19 a principal preocupação foi com os idosos, deixados dentro de casa, proibidos de sair. Os ‘jovens’ nem sequer podiam se aproximar deles. Ainda assim, 70% dos mortos no Amazonas são da terceira idade, destes, a maioria com comorbidade.

“A questão hoje é se aprender a envelhecer, porque envelhecemos todos os dias, e não só quando completamos 60 anos. Diariamente estamos num processo de envelhecimento, desde quando nascemos. As pessoas precisam entender que isso é natural, é da vida, não é o caminho do fim. O envelhecer de forma saudável, está relacionado às coisas que fazemos. Se antes chamavam de velhas as pessoas com 30 anos, quem me diz que daqui a algum tempo não serão chamadas de velhas aquelas que tiverem 80, 90, 100 anos?”, indagou.

Web palestras

Para tornar mais evidente o tema ‘envelhecimento’, a FUnATI irá realizar todas as quartas-feiras, sempre das 15h às 16h, no canal de Telessaúde da UEA, com tradução simultânea em Libras, web palestras voltadas aos estudos desse processo da vida.

A transmissão das palestras acontecerá via IPTV por meio do canal de Telessaúde do Amazonas e pelo aplicativo Mano Web na aba ‘Educação’. Após a transmissão, os vídeos ficarão disponíveis no canal do YouTube da FUnATI. O acesso é gratuito e serão concedidos certificados aos participantes.

Durante a série, serão abordados diversos assuntos, entre os quais, conceitos básicos, nutrição, atividades físicas e saúde.

O projeto é uma iniciativa da Coordenação de Ensino da FUnATI e contará com profissionais especializados na área de gerontologia, especificamente no tema a ser abordado. 

“Precisamos nos adaptar a esta nova realidade e a parceria com a UEA tem nos ajudado a dar continuidade ao trabalho realizado com mais de três mil alunos”, destacou o dr. Euler Ribeiro, reitor da FUnATI.

“Devemos investir diariamente naquilo que se chama capital saúde: sono reparador, boa alimentação, vida social, comportamento preventivo com o corpo, visando o envelhecimento ativo e saudável. Nas web palestras abordaremos isso e muito mais”, concluiu Kennya.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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