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Rua Lauro Cavalcante

Rua Lauro Cavalcante

Com início na Avenida Getúlio Vargas, passando pela Avenida Joaquim Nabuco e terminando na rua Igarapé de Manaus, a rua Lauro Cavalcante é uma pequena e tradicional via pública do Centro Histórico de Manaus. O presente texto será o primeiro de uma série de postagens sobre a história das ruas da cidade. Sua história tem início em 1917. Até esse ano ela era a continuação da rua Henrique Martins. Com o falecimento do médico Lauro E. Cavalcante nesse mesmo ano, o Superintendente Municipal Sérgio Rodrigues Pessoa, em sessão de 24 de outubro de 1917, em reconhecimento aos feitos desse profissional, decidiu o seguinte:

A Intendencia Municipal de Manáos resolve dar a denominação de rua Dr. Lauro Cavalcante ao trecho da rua Henrique Martins, comprehendido entre a Avenida 13 de Maio e Igarapé de Manáos visto não ser o referido trecho um prolongamento da dita rua.

            Art. 1° – Fica o trecho da rua Henrique Martins entre a Avenida 13 de Maio e o Igarapé de Manáos denominado    rua Dr. Lauro Cavalcante.

            Art. 2° – Revogam se as disposições em contrário.

            S. S. do Conselho Municipal de Manáos, de 24 de outubro de 1917

(a) Sergio R. Pessoa” (Terceira reunião ordinaria, triennio de 1917 a 1919, Sessão em 24 de outubro de 1917 In: A CAPITAL, 25/10/1917).

O projeto, transformado em Lei Municipal N° 915, foi aprovado em 26 de outubro daquele ano. Em registros fotográficos da década de 1920, como o que vem a seguir, de 1929, é possível ver esse antigo trecho da rua Henrique Martins, transformado em rua Lauro Cavalcante, sem nenhum tipo de calçamento. Ela só viria a receber esse serviço em 1938 na administração municipal de Antônio Botelho Maia, conforme pode ser visto nos “Topicos da Mensagem que o Prefeito de Manáos, agronomo Antonio Botelho Maia dirigiu ao dr. Alvaro Botelho Maia, Interventor Federal” (JORNAL DO COMÉRCIO, 28/08/1938).

Na recém-inaugurada Lauro Cavalcante passou a funcionar o Colégio Santa Clara, destinado ao ensino primário e dirigido “pelas professoras normalistas Anna e Francisca Rebouças” (JORNAL DO COMÉRCIO, 01/01/1919); o Escritório de Advocacia de “Bernardino Paiva e Castro Monte” (JORNAL DO COMÉRCIO, 04/10/1921); o consultório do médico Avelino Pereira, especialista em “doenças dos olhos, ouvidos, nariz e garganta”, no final da década de 1930 (JORNAL DO COMÉRCIO, 07/09/1939); e a Fábrica de Móveis Teixeira & Couteiro, na década de 1950.

Outros estabelecimentos eram de longa data, desde o início do século XX, quando aquela parte ainda era conhecida pelo nome Henrique Martins, como a Mercearia Castelo de Ouro, posteriormente Bar e Restaurante Castelo de Ouro, na esquina com a Avenida 13 de Maio (futura Getúlio Vargas); e a histórica Vila Georgete (Jorgete), existente até os dias de hoje. Além da Georgete, existiram as vilas Teixeira e Valente. No casarão existente na esquina com a Avenida Joaquim Nabuco, foi instalada em 1968, no governo de Danilo Duarte de Mattos Areosa, a Secretaria de Assistência e Saúde do Estado. Devem ser citadas, ainda, as sedes do INOCOOP (Instituto de Orientação das Cooperativas Habitacionais), da SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura), posteriormente SEMED (Secretaria Municipal de Educação), e a Central de Voluntários, instalada no governo de José Lindoso.

Quem foi Lauro Cavalcante? Lauro E. Cavalcante (1881-1917) foi Médico Legista da Polícia Militar do Estado do Amazonas, cirurgião, professor normalista, presidente da Liga Amazonense de Esportes Atléticos e do Atlético Rio Negro Clube (1915-1916). Idealizou o Instituto de Proteção e Assistência à Criança do Amazonas, que não foi plenamente instituído dada a sua morte prematura. Lauro Cavalcante foi interno da Casa de Saúde Dr. Eiras e da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, especializando-se, nesses estabelecimentos, no tratamento da sífilis. Em Paris realizou um curso de tratamento de crianças no ‘Hospital des Enfants Malades’ e especializou-se no trato de moléstias do fígado, baço e pulmões. Em Manaus, assim como os médicos de outras cidades do país, realizava consultas em farmácias. Atendia na Verne, localizada na Praça Tamandaré, das 7 às 9 horas; e na Barreira, na Avenida Eduardo Ribeiro, das 15 às 17 horas. Os que desejassem comodidade também poderiam ser atendidos em sua residência na Avenida Joaquim Nabuco. Costumava não cobrar as consultas e qualquer auxílio prestado a pessoas de baixa renda.

Fábio Augusto Carvalho

é historiador
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