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Comportamento do Rio Negro acende alerta

O nível das águas em ritmo mais acelerado indicando o período de cheia do Rio Negro tem sido monitorado pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil). A possibilidade de uma cheia histórica não é descartada. O órgão já recomenda que as autoridades não deixem de antecipar as ações na tentativa de reduzir futuros impactos. Nesta sexta-feira (7), o nível do rio chegou a cota de 24,21 metros, dados são do Porto de Manaus.

“A antecipação das ações é uma recomendação por prudência frente a possibilidade de uma grande cheia”, enfatiza o pesquisador do CPRM, André Martinelli. Ele não confirma que o inverno amazônico este ano deva atingir níveis históricos, mas também não descarta.  

Segundo ele, ainda é prematuro dar qualquer previsão.  E a justificativa está no peso que as anomalias de chuva que ocorrerem no primeiro trimestre tem no processo de cheia. “A chance de sofrermos com uma cheia severa em 2022 está dependente de um evento de La Niña forte que resulte em anomalias positivas de chuvas para o próximo trimestre. Esse fato associado ao padrão atípico monitorado desde agosto de 2021 poderá resultar em uma grande cheia”. 

Martinelli explica que para um evento de cheia de grande magnitude ser efetivado no ano de 2022, o La Niña intenso provocaria acumulados positivos de chuvas na região, o que acarretaria em chuvas acima do esperado e em consequência aumentaria o nível dos rios a patamares acima do esperado também. “Este fato associado ao padrão atípico atual poderia formar uma cheia histórica. Portanto precisamos aguardar o comportamento dos rios até março para podermos calcular a magnitude da cheia”. 

Em entrevista ao portal G1, o pesquisador informou que a cheia se intensificou nas últimas semanas e o nível de cota bateu recorde neste começo de ano, mais ainda não é possível prever se o Rio Negro irá superar a cheia histórica do ano passado, quando o nível chegou a 30,02 metros em junho.

Ações

Para amenizar os possíveis danos, o prefeito David Almeida anunciou pacote de ações em combate à cheia. São realizados pelo poder municipal serviços como desobstrução das redes de drenagem e das galerias de águas pluviais, na área do centro histórico da capital. 

As equipes da prefeitura devem se adiantar na construção de pontes de madeira, a exemplo do que foi feito no ano passado, para facilitar o acesso das pessoas que moram nos locais onde há probabilidade de alagamento.

Os trabalhos começaram na última quarta-feira, na rua Barão de São Domingos, no entorno da feira Manaus Moderna, e se estenderão às demais ruas da área central.

“Hoje, iniciamos um pacote de ações na cidade de Manaus. Ela vai ser contínua com a desobstrução de bueiros e galerias, já nos preparando para aquilo que se avizinha ser uma grande enchente.  Estamos há mais de 2 metros de diferença do mesmo período do ano passado, ano que foi registrado a maior cheia da história. Isso causa preocupação, por isso, vamos fazer uma ação com todas as secretarias, pois a intenção é minimizar ao máximo os efeitos dessa enchente para a população da cidade de Manaus”, enfatizou Almeida.

O governador Wilson Lima anunciou no último dia (27), o plano de ação para a Operação Enchente 2022. O planejamento define as medidas do Estado para socorrer aproximadamente 130 mil famílias nos 62 municípios que, possivelmente, enfrentarão os prejuízos causados pela subida dos rios da região.

O plano observa dados de monitoramento hidroclimatológico que apontam risco de enchente dos rios do estado acima da normalidade, no ano que vem. Caso as previsões se confirmem, o Estado irá investir R$ 100 milhões para minimizar os impactos causados pela cheia.

“Nós estamos mobilizando toda a nossa estrutura, todos os secretários. Inclusive nós estamos nos reunindo para discutir ações integradas para prestar socorro a esses municípios e famílias que forem atingidas pela subida dos rios. Se continuar no ritmo que estamos de subida dos rios a previsão é que em 2022 todos os municípios do estado sejam atingidos pela enchente”, disse o governador.

Por dentro

De acordo com os dados do CPRM, até então, a maior cota do Rio Negro até o dia 5 de janeiro havia sido registrada em 1994, quando o nível chegou a 23,91 metros.

Os outros três maiores registros foram em 1987, com a cota de 23,36 metros, em 2020, com 23,18 metros e em 1974, quando o nível do rio chegou a 23,06 metros.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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