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Retomada dos juros acende luz amarela no varejo

O incremento de 0,75% na taxa básica de juros, elevando a Selic de 8,75% para 9,5% ao ano na semana passada, deixou o setor produtivo do Amazonas de sobreaviso. Ao tornar o capital de giro, investimentos e crédito para consumo mais caros, a decisão do Banco Central ameaça impactar, ainda que no longo prazo, as vendas do comércio do Amazonas.
O impacto econômico vai depender, conforme lideranças ouvidas pelo Jornal do Commercio, da percepção do mercado em relação à mudança do ambiente de negócios e da saúde das contas de cada organização. Caso o empresário ainda tenha folga na margem de lucro, sinta que a concorrência é forte e que o aumento das vendas é sustentável mesmo diante da mudança de cenário, é provável que opte por manter preços.
Caso seja percebida como tendência, confirmada por um novo reajuste na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), a retomada dos juros vai ser repassada ao produto e serviço final, somando-se ao estrangulamento no crédito para esfriar o consumo e realizar o objetivo desejado pelo Banco Central: combater a inflação por meio da redução da curva de demanda.

Capital de giro

A alta da Selic chega em um momento em que o setor experimenta aquecimento, por conta do Dia das Mães e dos preparativos para Copa e para as Eleições 2010, além dos resultados positivos gerados pelo Liquida Manaus, campanha promocional que engordou o faturamento do varejo em 11% no mês passado. A dificuldade, a partir de agora, será trabalhar com capital de giro mais caro e a tendência do consumidor pensar mais antes de comprar.
Embora considere que a iniciativa deve esfriar o ânimo dos consumidores, o presidente da CDL-Manaus, Ezra Azury Benzion, disse que a decisão do Copom veio tarde demais para prejudicar as vendas do Dia das Mães, pois considera que a maior parte das compras para a data já foi realizada dias atrás.
O dirigente considera também que é cedo demais para mexer nas projeções de vendas do setor para os próximos meses. A entidade aposta em até 6% de incremento na comparação do primeiro semestre com igual período do ano passado. “O mercado é muito dinâmico e muita coisa ainda pode acontecer. Tudo vai depender também de como cada empresa vai se comportar, mas segmentos que trabalham com bens duráveis que dependem fortemente de financiamentos, como revenda de veículos, são os mais vulneráveis”, asseverou.
O presidente da FCDL/AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ralph Assayag tem opinião semelhante e avalia que uma eventual retração no varejo só virá no longo prazo. Conforme a entidade, o setor avançou em torno de 2% no primeiro trimestre de 2010 e espera crescer mais 3% no segundo.
O dirigente assinala ainda que o comportamento do mercado vai depender do porte e condições em que a loja opera com financiamentos. “As empresas que tiverem crédito próprio e estiverem bem de vendas e lucro, provavelmente vão bancar o aumento até que o Copom decida aumentar os juros novamente. O mesmo não vai acontecer com aquelas que dependem de financiadoras, para quem um aumento na taxa vem em boa hora”, ponderou, acrescentando que a maior parte das empresas deve escolher a primeira alternativa.
Já o presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Gaitano Antonaccio, minimiza a possibilidade de qualquer impacto negativo sobre as vendas do setor, mesmo na hipótese de um novo reajuste na taxa, próxima reunião do Copom. No entendimento do dirigente, na pior das hipóteses, o setor vai optar por vender em um número menor de parcelas e a retração no movimenta ficará restrita à faixa que vai de 0,5% a 1%. “Isso não vai nos afetar tanto, uma vez que já era esperado por todo o mundo. Não creio que isso vai inibir o consumidor diante de todas as ofertas, promoções e divulgação do comércio”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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