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Baixo consumo deixa restaurantes no Amazonas em crise

Restaurantes no Amazonas em crise

Nem mesmo a retomada das atividades do setor há três meses tem sido suficiente para que os restaurantes no Amazonas demonstrem um bom desempenho. Para completar, a redução no horário das atividades do segmento por meio de um novo decreto governamental deve dificultar ainda mais as perspectivas de bons resultados.

Segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas, o Amazonas apresentou queda de 8,9% no valor total gasto. Apesar do declínio, o estado está entre os que apresentaram menor redução no consumo. 

Os índices divulgados após a retomada das atividades do setor em todo país também apresentaram retração  de 26,5%, acompanhada por uma retração de 47,8% no volume de transações realizadas com benefício refeição, em comparação a agosto de 2019. É importante notar, por outro lado, que o número de estabelecimentos comerciais, que efetuaram transações em agosto de 2020, foi apenas 5,1% inferior ao registrado no mesmo mês de 2019.

O conselheiro da Abrasel-AM (Associação dos Bares e Restaurantes), Rogério Cunha, diz que era esperada uma mudança no comportamento dos consumidores com a lenta e gradual retomada dos serviços. “Até as pessoas ganharem essa confiança de sair de casa como antes implica na normalidade. Esse hábito de consumo vai ser gradativo. Acredito que aos poucos essa insegurança volte ao patamar anterior”, destaca ele. 

Cunha afirma que antes da publicação do novo decreto o setor observou uma reação na demanda com uma retomada bem acelerada. Na percepção dele, o faturamento do setor só deve estabilizar com a aprovação de uma vacina e que até lá é preciso ter paciência e sabe lidar com os desafios do momento. “A teoria do risco de reinfecção  pela doença também é um dos fatores responsáveis pela queda. Eu acredito que esse medo de uma possível novo contágio contribui para este comportamento. Aos poucos nós vamos transmitindo essa confiança para os nossos cliente”. 

Ao lamentar a situação delicada em função do novo decreto ele frisa que o setor  não foi responsável pelo aumento no número de contaminados. E diz que houve uma leitura errada da parte do governo e que os estabelecimentos estão sofrendo com essa determinação. “Esperamos que tenha uma rápida revisão de uma flexibilização desse decreto para ao menos assegurar os empregos que nós geramos

O setor gera 80 mil empregos e conforme ele, estão ameaçados por esse novo decreto. Ele afirma ainda que a Abrasel-AM tem atuado de forma incisiva no processo de articulação com os órgãos competentes representando os empresários da categoria com a grandeza que merecem.

Cesário Nakamura, presidente da Alelo, também ressalta que a leitura desses números ainda bastante negativos deve ser contextualizada com as restrições remanescentes sobre a livre operação das atividades desse segmento, aliada à menor exposição dos consumidores e afastamento de trabalhadores dos seus locais de trabalho. “Nosso entendimento é que a flexibilização promoveu reabertura, mas isso ainda não foi suficiente para trazer de volta os hábitos de consumo anteriores”.

Na comparação com meses anteriores, constata-se uma redução marginal dos impactos sobre o número de estabelecimentos (de -7,0%, em julho, para -5,1% em agosto) e sobre o valor gasto nesses estabelecimentos (de -27,6%, em julho, para -26,5%, em agosto).

Dados regionais

Em termos regionais, a análise dos resultados do estudo revela que os efeitos da pandemia continuam se distribuindo de forma heterogênea sobre as unidades federativas, refletindo a descentralização e as diferenças temporais entre os processos de fechamento e abertura das economias locais, bem como a interiorização da pandemia.

Adotando como parâmetro o valor gasto em restaurantes, é possível evidenciar que as regiões mais impactadas negativamente em agosto foram a Sul (-30,3%) e Nordeste (-28,2%), contrastando com os menores impactos observados nas regiões Norte (-16,4%) e Centro-Oeste (-23,8%). Já o consumo na região Sudeste ocupou posição intermediária no ranking, com variação de -26,6% em relação a agosto de 2019.

Individualmente, as unidades federativas que registraram os maiores impactos negativos no valor gasto em restaurantes foram: Piauí* (-48,5%), Tocantins* (-39,8%), Bahia (-37,4%), Maranhão (-36,9%) e Acre* (-35,5%), contrapondo-se àquelas que apresentaram menor redução: Amapá* (-2,9%), Mato Grosso do Sul (-12,4%), Rondônia (-13,1%) e Goiás (-19,3%). Com respeito ao consumo em outras unidades federativas importantes, vale mencionar: São Paulo (-24,6%), Rio de Janeiro (-30,2%), Minas Gerais (-32,7%) Distrito Federal (-26,3%), Rio Grande do Sul (-33,4%) e Paraná (-33,0%).

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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