O regimento interno do Senado da República estabelece que Renan poderá discursar, sem tempo pré-estabelecido, para apresentar sua defesa na denúncia de que usou dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para o pagamento de pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também terá direito a votar na sessão secreta que vai definir se perderá ou não seu mandato na quarta-feira, mas o parlamentar ainda não definiu se vai optar pela abstenção.
Se o grupo pró-Renan calcular que o placar da votação será favorável ao peemedebista, ele deve decidir pela abstenção para mostrar que tem força política na Casa. Do contrário, diante de um placar apertado, Renan está disposto a apresentar seu voto na tentativa de garantir a contabilidade em seu favor.
O vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), explicou que a sessão terá início com o discurso de um representante do PSOL -responsável pela representação contra Renan que deu início ao processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em seguida, será a vez de Renan apresentar sua defesa em discurso no plenário.
O presidente do Senado ainda não definiu se vai discursar na sessão, mas já discute com seus advogados a estratégia de defesa que vai apresentar aos senadores na tentativa de salvar seu mandato. O peemedebista deve optar pelo discurso, já que será a última oportunidade de apresentar sua versão sobre as denúncias antes do início da votação. Mas ele pode dividir o tempo de discurso com seu advogado, Eduardo Ferrão.
Depois das palavras da acusação e da defesa, os senadores vão dar início à discussão do projeto que pede a cassação de Renan. Cada parlamentar inscrito terá direito a discursar por apenas dez minutos. Encerrada a discussão, o senador Tião Viana vai colocar o projeto em votação que será eletrônica e secreta, como determina a Constituição Federal.
O vice-presidente do Senado, que vai estar no comando dos trabalhos no dia da votação do processo contra Renan, disse que vai abrir a sessão no momento da proclamação do resultado. A lista de votação será mantida em sigilo, uma vez que o voto de cada parlamentar é secreto. Mas o placar será divulgado com o resultado da votação.
Como o regimento interno do Senado determina que a sessão também será secreta, Viana disse que apenas os senadores, dois funcionários e os advogados da defesa e da acusação poderão acompanhar os trabalhos. O senador também vai limitar as discussões sobre o tema da representação em questão, sem permitir que os parlamentares coloquem outros assuntos na sessão.
Apoio de
colegas
Às vésperas da votação que vai definir o seu futuro político, o senador Renan Calheiros aproveitou o final de semana prolongado em Alagoas para telefonar para senadores em busca de apoio para a votação de quarta-feira.
A reportagem apurou que Renan não pediu diretamente para os senadores votarem pela sua absolvição. O peemedebista preferiu adotar um tom mais ameno para tentar convencer os colegas de que é inocente -e por este motivo deve permanecer na Casa.
Segundo senadores que foram procurados por Renan, o presidente do Senado não fez diretamente apelos pela sua absolvição. O senador preferiu afirmar que vai encaminhar a cada parlamentar um memorial que reúne as argumentações em sua defesa para que analisem e votemporsua absolvição.
Renan também reiterou, nas conversas, ser inocente nas denúncias de que teria usado recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista.
Senadores
indecisos
A estratégia de Renan é tentar, no contato direto com os parlamentares, conquistar votos de senadores que ainda estão indecisos sobre a sua cassação. O presidente do Senado admite que, dificilmente, conseguirá reverter posições já definidas pela perda do seu mandato. Mas aposta que seus argumentos poderão sensibilizar parte dos senadores disposta a contrariar orientações partidárias pela sua absolvição.
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