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Reencontro quando o Sol voltar

Arquivo particular

‘Que bela coisa um dia de sol. Um ar sereno depois da tempestade’. Este é o trecho inicial da ópera ‘O sole mio’, dos napolitanos Eduardo Di Capua e Anfredo Mazzucchi. Composta há 122 anos serve bem para ilustrar os dias angustiantes que o mundo vive atualmente com a pandemia do coronavírus, aguardando o sol e o fim da tempestade. Por isso foi escolhida pelo tenor amazonense Miquéias William para o vídeo gravado por ele junto com outros nove tenores aqui do Amazonas e de outros estados, que já participaram do evento ‘Encontro de Tenores do Brasil’, organizado por Miquéias há nove anos.

“Eu tive a idéia de fazer o vídeo, convidei nove amigos tenores, eles toparam e gravamos há cerca de uma semana. Trata-se de um canto de esperança para todas aquelas pessoas que estão tristes e desanimadas com a situação pela qual estamos passando, mostrando que tudo isso passará. Já está postado nas redes sociais de cada um de nós e neste final de semana vai ser exibido num canal de televisão local. Nós mandamos a música para cada um deles, eles cantaram junto e depois fizemos a edição”, enfatizou.

Os tenores são, pela ordem de aparição, Miquéias, Rafael Stein (Ribeirão Preto/SP), Roney Calazans (Brasília), Fabiano Cardoso (Manaus), Hélenes Lopes (Goiânia), Everaldo Barbosa (Manaus), Paulo Paolillo (São Paulo), Adriano Pinheiro (Goiânia), Juremir Vieira (Porto Alegre), e Ricardo Máximo (Fortaleza).

Miquéias passou a integrar o Coral do Teatro Amazonas em 2000, e desde então faz parte do grupo, que realiza apresentações, muitas vezes gratuitas, ao longo do ano.

“Uma única vez precisei me afastar, por uns três anos, mas voltei e estou lá até agora”, contou.

Aguardando a 9ª edição

Miquéias é o idealizador, junto com o poeta e músico Celdo Braga, e organizador do ‘Encontro de Tenores do Brasil’, que este ano deverá acontecer em sua 9ª edição.

“Estamos aguardando e vendo como ficará a situação desta pandemia. Como o ‘Encontro’ estava marcado para novembro, acredito que ele acontecerá. Por enquanto continuo ensaiando, aqui em casa, regularmente, e escolhendo os nomes que farão parte da edição deste ano”, destacou.

A primeira edição do ‘Encontro’ aconteceu em 2012, no Teatro Manauara, mas a repercussão foi tão boa que, no ano seguinte o palco do Teatro Amazonas recebeu os tenores, e tem sido assim desde então.

A lista de cantores é longa, Rafael Ribeiro, Ricardo Máximo, Matheus Pompeu, Roney Calazans, Everaldo Barbosa, Juremir Ventura, Richard Bauer, Paulo Paulillo, Adriano Pinheiro, e dois que fizeram bastante sucesso na TV em programas do Raul Gil: Robinson Monteiro e Rinaldo Viana, além da participação especial das cantoras Ketlen Nascimento, Shirley Carvalhaes e Kátia Freitas (gospel) e Dhijana Nobre (soprano), mais os maestros Armed Assi, Moisés Rodrigues, Hermes Coelho, Marcelo de Jesus e Luiz Fernando Malheiros à frente de orquestras como a Sinfônica da Ufam e Amazonas Filarmônica, esta, desde 2018 com parceria firmada para as próximas edições.

Cada ‘Encontro’ reúne geralmente quatro tenores, cada um com um timbre de voz distinto do outro e Miquéias sempre mescla profissionais do Amazonas com profissionais de outros estados.

“Este ano estamos querendo trazer o vencedor do Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas, criado em 1993 pelo tenor Paulo Abrão Esper e pela pianista Maria Rasetti, em São Paulo, com a finalidade de difundir a ópera e abrir espaço para os jovens cantores brasileiros, mas devido à pandemia, o concurso está suspenso”, avisou.

Undino, o escravo

Outro grandioso evento operístico suspenso por causa da pandemia, e que provavelmente nem volte mais a acontecer em 2020, foi a 23ª edição do Festival Amazonas de Ópera, marcado para ser realizado de 18 de abril a 7 de junho, em Manaus, no Teatro Amazonas.

“Além de ter participado de várias edições do Festival de Ópera como integrante do Coral, também já atuei umas dez vezes como solista. Neste ano iria integrar a ópera ‘Attila’, de Giuseppe Verdi, cuja primeira encenação ocorreu em 1846. Aqui em Manaus eu iria interpretar o personagem Undino, um escravo de Átilla. Agora é aguardar”, lamentou.

Miquéias aproveitou para dar algumas dicas para quem tem vontade de um dia cantar numa ópera.

“O ideal é começar estudando canto ainda criança e, à medida que a voz for mudando, durante a adolescência, este jovem já estará dominando a técnica, quando então poderá direcionar seu aperfeiçoamento de acordo com o timbre de voz que tiver”, ensinou.

“Quem já é adulto e nunca estudou canto, mas tem uma voz bonita, pode ter essa voz trabalhada e, inclusive, até integrar um coral. Não vou dizer que vai chegar a ser um solista cantando ‘O sole mio’, porque para se atingir esse nível precisa estudar anos, mas ao menos vai ter uma voz treinada e utilizada de forma correta quando cantar”, disse.

Então, se você canta e viaja na música, faça como a lavadeira de ‘O sole mio’: cante e não se vá. Somente torça, lave e cante.   

Fonte: Evaldo Ferreira

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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