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Redes sociais: a guerra é online

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A guerra política está declarada no Brasil. Não apenas nas ruas, com a força das manifestações; ou no ambito judicial, com tantos ‘mandados’, ‘liminares’ e ‘Habeas corpus’. O verdadeiro confronto está na internet, principalmente nas Redes Sociais. Nesse terrritório, onde o mundo é o limite, a política formou trincheiras em torno de aspectos legais e morais.
O Facebook, por exemplo, é palco para todo tipo de situação que ‘exiga’ a exposição da opinião dos usuários. A polêmica envolvendo um comercial que é acusado de racismo pelas organizações afro-brasileiras; a aprovação do casamento gay e, claro, quem merece vencer a próxima edição do Big Brother Brasil.
Saindo da superficialidade dos debates, a atual situação política nacional transformou a rede social de Mark Zuckerberg em um ringue onde ‘vence’ quem tem mais argumentos. Não que essa situação seja nova para o Facebook. Em 2011, a rede social mais famosa do planeta foi crucial para a derrubada da opressão do Estado sobre a população do Oriente Médio. Através de articulações via Facebook, Twitter e Youtube, o povo insurgiu contra governos no que foi conhecido como Primavera Árabe.
Os brasileiros entrincheirados nas redes sociais parecem querer seguir estes passos. Mas existem aqueles que lutam contra essa insurgência. E aí, a polêmica está lançada e os confrontos, garantidos.

De acordo com o Safernet (ONG que reúne cientistas da computação, e pesquisadores com a missão de defender e promover os Direitos Humanos na Internet), o número de denúncias sobre crimes de ódio na internet mais que triplicou entre fevereiro e março deste ano em relação a 2015. O que acontece é que as pessoas estão brigando, discutindo e desfazendo laços de amizade, profissionais ou até familiares por causa de opiniões políticas divergentes.

A dentista Alessandra Ambrósio é uma das pessoas que passa por essa situação. Ela não esconde o seu posicionamento político no Facebook e, por conta disso, já desfez muitas amizades na rede social. “Eu tento o diálogo, mas acabo excluindo amigos e parentes que têm pensamento considerado mesquinho, tacanho e muito agressivo”, conta ela, que diz ter recebido ofensas pessoais e xingamentos em sua página e já contabilizou três parentes, três amigos de infância e 20 conhecidos excluídos de sua rede.

“Tirei gente da minha família, como primo e tio. Excluo do Facebook para não ver mais os posts deles e para que eles não vejam mais os meus. Não é só pelo posicionamento político ou partidário. Sou contra recados homofóbicos e cartilhas conservadoras”, explica o seu posicionamento diante das exclusões.

Já o advogado Marcelo Lima e o contador Fabrício Andrade preservam a amizade no universo virtual, mas nem por isso deixam de discutir ferozmente sobre política. Os embates, entretanto, permanecem na rede social e não chegam ao convívio pessoal, no qual eles preferem evitar assuntos polêmicos como futebol e eleições. “Eu apoio o Lula enquanto ele (Fabrício) é a favor do impeachment. Pesquiso provas que apoiem meu posicionamento e vamos trocando links e somando likes”, brinca Lima.

O cientista político João Guimarães prefere só observar o comportamento on-line e encara o momento como uma fase de aprofundar os estudos. “É inacreditável a proporção que os escândalos envolvendo representantes políticos vêm tomando diariamente. Mais do que defender um ponto de vista, as pessoas adotaram uma atitude que beira o fanatismo”, destaca.

A psicóloga Victoria Maciel concorda. “Além da parcela da população que realmente tem opinião formada sobre qualquer assunto, existe aquela parcela de leigos que entram na discussão só para ‘fazer parte da história’. Se forem perguntar além das frase prontas, nem sabe o que responder”, lamenta.

BOX 1:
Conselhos preciosos para evitar brigas

Profissionais do ramo de comportamento dão dicas de como evitar discussões que podem começar na rede e ir para o campo pessoal. A consultora de etiqueta e marketing pessoal, Célia Leão, diz que “o respeito deve imperar, principalmente entre parentes e amigos. É preciso haver equilíbrio e muito cuidado com o que for escrever nas redes sociais”. Célia ainda lembra que é preciso ‘respirar antes de dar o ENTER na mensagem’.

A professora do Senac, também dá dicas de como devemos nos posicionar frente a essas situações. Segundo ela, devemos “entender que estamos em uma rede social e é inevitável a crítica às suas opiniões. A discussão é saudável, desde que seja equilibrada, sem palavrões e ofensas”.

BOX 2:
Partidos convocam militância virtual

O PT está convocando a militância virtual “às armas” para combater as crescentes manifestações nas redes sociais pedindo o impeachment da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e a intervenção militar. O partido pede que os militantes visitem as páginas oficiais do PT e “armem-se” com argumentos para rebater os ataques nas redes e nas ruas.

No perfil oficial do Partidos dos Trabalhadores no Facebook, há um post que afirma que a vitória da presidente Dilma Rousseff ‘revelou o desespero de setores que insistem em ignorar a vontade da população’. E que os ‘representantes do atraso’ estariam tentando manter o acirramento para desestabilizar o segundo mandato da presidente reeleita com 51,64% dos votos.

“Representantes do atraso, verdadeiros fantasmas do passado, eles tentam criar um terceiro turno da disputa eleitoral ao suscitarem sandices como intervenção militar e até o impeachment da presidenta. Esqueceram que o povo não é bobo! Mantenha-se informado em nossos canais e arme-se com argumentos para rebater a ignorância nas redes e nas ruas.”

O PSBD não fica atrás e disponibiliza em seu perfil público posts que incitam a presidente com hashtags do tipo ‘#ForaDilma!’, dando mais destaque para as acusações do que para o próprio partido em si. Segundo Guimarães, isso não deixa de ser uma estratégia de marketing que ‘força’ usuários apartidários a levantarem – ainda que indiretamente – a bandeira de um determinado partido. “O design gráfico é tão atrativo que as pessoas acabam nem percebendo que, ao compartilhar o conteúdo, estão se posicionando. Há uma apropriação do discurso anti-Dilma que está dividindo o país em petistas e não-petistas, sendo que, sabiamente, o PSDB tem conseguido transformar essa segunda parcela em membros da mesma oratória. Que confusão”, arrisca.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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