Anunciada pela Petrobras no começo da semana passada, a redução de 3% no preço do diesel e da gasolina para as refinarias produziu efeito contrário em Manaus. Fiscalizações realizadas pelo Procon-AM (Programa Estadual de Proteção e Orientação ao Consumidor do Amazonas), na quinta (16) e na sexta (17), resultaram na notificação de 32 postos e seis distribuidoras de combustíveis, respectivamente, por cobranças abusivas.
Em texto distribuído à imprensa, o Procon-AM anunciou que o trabalho de fiscalização do setor deve continuar nos próximos dias, em resposta à demanda da população, que apresentou uma série de denúncias com relação o aumento dos valores nos postos da capital, após o anúncio de queda de preços pela Petrobras.
Em sua pesquisa semanal, a equipe de fiscalização do Procon-AM constatou que o menor preço da gasolina comum (R$ 3,87) foi registrado em postos da Cachoeirinha (Santa Rosa e Mucuripe), Raiz (posto São Jorge) e Japiim (posto Mucuripe), todos situados na zona Sul de Manaus. A média de preço com base em todos os postos visitados na cidade é de R$ 4,13.
O valor mais baixo da aditivada (R$ 3,87) foi observado nos postos Santa Rosa (Cachoeirinha) e São Jorge (Raiz) – neste último, também foi observado o menor preço do etanol (R$ 3,17). Já o valor mais em conta do diesel comum (R$ 3,17) foi encontrado no posto Recopel (Distrito Industrial) e no Auto Posto União (Crespo), enquanto o do Diesel S10 (R$ 3,69) foi registrado no posto Sideral (Praça 14).
“O anúncio da redução deve ser observado pelas distribuidoras e repassado aos postos. Sabemos que a cadeia é composta por refinaria, distribuidora e postos, mas também sabemos que o consumidor não pode ser penalizado com aumentos injustificados e preços abusivos de um produto essencial. Estamos nas ruas fiscalizando e procederemos com as devidas autuações e encaminhamentos aos órgãos competentes, como Ministério Público Estadual, Defensoria Pública e Polícia Civil”, declarou o titular do Procon-AM, Jalil Fraxe.
No total, foram visitados 77 postos na capital – o Procon-AM não informou o número de distribuidoras consultadas. As empresas têm até cinco dias úteis para apresentar documentação justificando ao órgão para o aumento nos preços.
Estoque caro
A rebaixa da Petrobras entrou em vigor na terça (14), sendo que o último reajuste anunciado pela companhia para a gasolina foi em 1º de dezembro de 2019 – para o diesel foi no dia 21 do mesmo mês. Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes), Paulo Miranda Soares, disse que o benefício deveria demorar 15 dias para chegar ao consumidor.
Antes, as distribuidoras teriam que vender um estoque de 15 milhões a 20 milhões de litros, adquirido a preço antigo. O dirigente lembrou que, quando começou a tensão entre Irã e EUA, o preço do barril de petróleo no mercado internacional subiu de US$ 64 para US$ 70. Como o preço já voltou ao patamar anterior, o presidente da Fecombustíveis estima que a tendência é de retração do preço.
Promoções e margens
Procurado pelo Jornal do Commercio, o vice-presidente do Sindicombustiveis-AM (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Lubrificantes, Alcoois, e Gás Natural do Estado do Amazonas), Geraldo Dantas, não pode ser localizado e não respondeu aos telefonemas e mensagens da reportagem, até o fechamento desta matéria.
Em depoimento anterior, o dirigente lembrou que “o mercado é livre e competitivo” e que a decisão relativa a preços depende de cada empresa e de sua contabilidade de custos. Destacou ainda que a maior parte dos postos estava operando com preços mais baixos para compensar a redução do fluxo de automóveis decorrente das férias. Mas, não deixou de salientar os limites dessa estratégia, ao frisar que “as empresas precisam de uma margem mínima para sobreviver”.