Depois de iniciar o mês com a menor variação desde 1999, (R$ 1,558 para venda), o dólar comercial manteve o rumo ontem e encerrou o dia cotado em R$ 1,553.
Embora a sua desvalorização influencie na briga da indústria amazonense com os produtos importados, ainda mais quando o principal concorrente (China) já chegou a importar, de janeiro a maio, um montante 22,58% superior ao de 2010, saltando de US$ 1.33 bilhão para US$ 1.64 bilhão, de acordo com dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o comércio vê sinalizações positivas para o crescimento do setor.
O assessor econômico da Fecomercio/AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), José Fernando Pereira, comenta que a desvalorização do dólar facilita o segmento comercial da região, que conta com uma grande parcela de itens importados.
Segundo a Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda), a arrecadação do imposto sobre mercadoria estrangeira para o comércio já totaliza R$ 29,64 milhões nos seis meses do ano corrente, alta de 109,31% sobre igual período de 2010 (R$ 14,16 milhões).
No caso do comércio atacadista, que conta com aproximadamente 290 empreendimentos, entre pequenas e grandes empresas, o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado do Amazonas, Enock Luniere, afirma que não existe exportação no ramo, por isso a atividade tem muitos ganhos com a depreciação da moeda americana. “As compras dos atacadistas devem aumentar entre 16% a 18% e a demanda na mesma proporção”, avaliou.
Poder de barganha
Para o assessor da Fecomercio/AM, a importação das mercadorias a um custo menor beneficia o próprio consumidor, pois influencia na redução do preço dos itens. Neste caso, o presidente em exercício da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ismael Bicharra, explica que há um acréscimo no consumo devido o aumento do poder de barganha.
Mesmo no caso da indústria, o dirigente esclarece que as multinacionais podem realizar financiamentos no exterior a tarifa menor, resultando em barateamento no preço final. “No modo generalizado, evidentemente que vai afetar a economia de algum setor [indústria de componentes], porque não dá para ser uma coisa linear. Mas o consumidor acaba sempre tendo uma vantagem”, concluiu.