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“Quanto mais tipos de vacina tiver, melhor”, diz Nelson Barbosa

Atualmente cinco vacinas contra o coronavírus circulam no mundo: a Coronavac, da farmacêutica Sinovac, chinesa, no Brasil produzida pelo Instituto Butantan; a AstraZeneca, da farmacêutica AstraZeneca junto com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, no Brasil produzida pela Fiocruz; a Pfizer, alemã; a Moderna, americana; a Sputnik, russa, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya; e a Janssen, também americana, do laboratório Johnson & Johnson.

Para entender um pouco mais sobre essas vacinas e como proceder com relação às suas potencialidades e aplicações, o Jornal do Commercio ouviu o doutor Nelson Barbosa da Silva, especialista em doenças infecciosas e parasitárias, médico intensivista plantonista da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto e da UTI-Covid, da Fundação de Medicina Tropical de Manaus. O infectologista garantiu que todas as cinco vacinas são eficazes.

Jornal do Commercio: Entre tantas vacinas contra o coronavírus, qual devemos tomar?  

Nelson Barbosa: Não existe uma vacina melhor ou pior, todas servem para o que se propõe e quanto mais tipos de vacina tiver, melhor para a população mundial, pois o objetivo é imunizar a todos. As pessoas não precisam ter receio em tomá-las.

JC: Quem tomou a primeira dose de um fabricante, pode tomar a segunda dose de outro? 

NB: O ideal é que não faça isso, posto que a metodologia de fabricação de cada vacina é diferente, logo o melhor é fazer uso do mesmo imunizante do qual recebeu a primeira dose.

JC: Você acha que a política, no começo, fez com que muita gente não quisesse se vacinar, e mesmo ficasse com medo? 

NB: Não só o impasse político, mas também as ‘fake news’ veiculadas foram os principais fatores que contribuíram para o retardo do uso dos imunizantes na população brasileira. Felizmente as pessoas se conscientizaram e as coisas começaram a mudar, para melhor, rapidamente.

JC: Como explicar o caso de pessoas que tomaram as duas doses, depois pegaram covid, e algumas até morreram? 

NB: Temos duas hipóteses a comentar: a primeira é que essas pessoas quando foram imunizadas, possivelmente estivessem infectadas pelo coronavírus e como a vacina só começa a estimular a produção de anticorpos após 15 dias, neste período, as pessoas estando infectadas podem ter desenvolvido a covid-19. A segunda hipótese, mas não menos importante, é que a dose do imunizante pode não ter sido suficiente para desenvolver anticorpos nessas pessoas, fato que já aconteceu no passado com a vacina contra o vírus da hepatite B quando, na época, foi necessário aplicar dose dobrada daquele imunizante para que determinadas pessoas pudessem desenvolver anticorpos contra o vírus. Só os pesquisadores, com o tempo, poderão dar esta resposta à comunidade médica.

JC: Por que o processo de vacinação está lento, em Manaus, e mesmo no Brasil? Ainda é a política atrapalhando? 

NB: Com o impasse político e as ‘fake news’, houve um retardamento na aquisição de vacinas, razão pela qual hoje a imunização encontra-se a passos largos, para tirar o atraso o que, felizmente, está acontecendo.

JC: As vacinas contra o coronavírus têm efeitos colaterais?

NB: Sim, em algumas pessoas. Os efeitos colaterais variam de uma pessoa para outra, no entanto, os mais comuns são: dor no local da administração, que pode ser resolvida com compressa gelada; astenia (moleza); artralgia (dor articular); mialgias (dor muscular), mas que cedem rapidamente. Vacinas para outros tipos de doenças também têm efeitos colaterais.

JC: É verdade que a vacina contra a gripe pode ajudar no combate ao coronavírus? 

NB: Esta informação consta em um trabalho científico realizado na Holanda, e sugere que a vacina contra a gripe pode reforçar o sistema imunológico para combater e eliminar o novo coronavírus, no entanto, este estudo ainda é preliminar. As pesquisas futuras dirão se tais resultados positivos realmente procedem.

JC: Essas vacinas irão acabar com a pandemia? 

NB: Acabar não seria a palavra correta, mas sim controlar a pandemia, posto que mesmo as pessoas sendo imunizadas, as medidas de prevenção deverão ser mantidas, ademais, até o momento o que se sabe é que elas reduzem os casos graves de covid-19, o que já é um grande ganho para a ciência.

JC: Como proceder para ter certeza que, na hora da vacinação, estamos sendo vacinados, e não sendo enganados pelo vacinador? 

NB: O Ministério da Saúde já veiculou que o técnico antes de administrar o imunizante deverá mostrar o frasco para a pessoa que irá ser imunizada, bem como a seringa com o conteúdo retirado do frasco do imunizante e após a aplicação mostrar a seringa vazia.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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