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Punk rock não morreu

Evaldo Ferreira: @evaldo.am 

‘Fúria e subversão’ registra as bandas de funk rock barés

Dia 13 (ontem)  foi o Dia do Rock, mas quem desejar saber um pouco mais sobre uma das várias vertentes desse estilo musical americano, o punk rock, pode se programar para ir ao lançamento do livro ‘Fúria e subversão – história do punk rock/HC na cidade de Manaus’, escrito pelos ex-punk roqueiros Mário Orestes Silva e Gaspar Vieira Neto, que ocorrerá na sexta-feira (15), no Gringo’s Bar (av. Eduardo Ribeiro, em frente ao Ideal Clube), a partir das 17h.

Ex-punk roqueiros porque essa vertente do rock, como diversas outras, chegou, aconteceu e passou, mas deixou rastros. Desde que o rock surgiu, na década de 1950, cerca de 15 variações do ritmo se sucederam a partir de Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Bill Haley e Chuck Berry, conhecido como o ‘pai do rock’, que promoveram uma mistura de elementos do pop e do rockabilly, com pitadas de country e rhythm & blues. O punk rock surgiu uns 20 anos depois disso.

“O movimento punk foi uma vertente do rock surgida em meados da década de 1970, nos Estados Unidos, com ascensão na Inglaterra, onde o inconformismo moldou toda uma estética nas letras, nas composições e na postura de bandas, com necessidades emergenciais de representarem as classes sociais menos favorecidas”, explicou Mário Orestes.

Iniciado mais especificamente em Nova Iorque, em 1974, o punk começou a partir da união de frequentadores da casa de shows CBGB com poetas de rua, usuários de drogas, transexuais e pessoas de outras classes menos favorecidas contrários ao sucesso das bandas de rock progressivo, que ‘estouravam’ naquele momento.

CBGB significa Country, BlueGrass e Blues, estilos que Hilly Kristal, o dono do espaço, imaginava receber no local, que acabou se tornando o berço de bandas de punk rock e new wave, outra vertente.

Começo em Manaus

Os jovens de Manaus, daqueles tempos, não ficaram alheios ao movimento surgido tão distante cujas músicas chegavam aqui através das rádios e de discos vendidos em lojas especializadas.

No mundo destacaram-se nomes como Ramones, The Clash, Sex Pistols, Dead Kennedys, Death, New York Dolls, The Stooges dentre outras centenas. No Brasil, Ratos de Porão, Olho Seco, Inocentes, Cólera, Replicantes, Garotos Podres e mais outras dezenas. Muitas dessas bandas nacionais fazem sucesso internacional até hoje.

“Em Manaus tivemos Lixo Urbano, Pústula Cerebral, Distúrbio Social, Agressor e várias outras que começaram essa história somente nos anos de 1980. Hoje essas bandas já não estão mais em atividade, porém, temos ainda fazendo shows diversas outras como Dpeids, Fetos Inocentes, Morgados, Homicide, Acorde, Calcanhar de Maracujá, e Perdidos”, informou.

Para Mário Orestes, os pioneiros punk roqueiros queriam chocar a sociedade com seus sons barulhentos e ensurdecedores, “chamando a atenção para as mais variadas causas sociais de forma apartidária e cognitiva”.

“O movimento existe até hoje. Basta sair nas ruas para ver alguém usando alguma camiseta de banda do estilo, fazendo um grafite, uma ação comunitária colaborativa, entrar na internet e ver cyber ações sendo compartilhadas, festivais sendo realizados, entre outras ações. Não desapareceu, como parece, com o passar do tempo. Ao contrário, cresceu, se ramificou, ficou globalizado e não está apenas nos guetos. Em peças teatrais, programas de TV, páginas de revistas, outdoors, onde você procurar, sempre encontrará influências do punk”, afirmou.

Umas vão, outras chegam

Chuck Berry é considerado o ‘pai do rock’ e daí surgiram os diversos rocks

Exemplos dessa influência são o hip hop e o rap.

“São grandiosos enquanto movimentos de protesto e não se prendem apenas à música. O mesmo pode se dizer do punk, do reggae e do hardcore. Até mesmo o heavy metal tem um viés de protesto muito forte em sua essência. Se não estão em evidência nas mídias, já é uma questão de interesse comercial da indústria cultural”, disse.

E assim como as bandas daqueles jovens, da década de 1980, surgiam independente de apoio, da mesma forma, hoje, outras aparecem do nada e conseguem atrair um público fiel.

“As bandas de Manaus estão ativas e realizando apresentações praticamente toda semana na cidade. Evidente que não estão nos destaques das mídias, mas basta uma busca mínima para constatação de que o underground abriga todo este universo cultural, que parece invisível, mas nunca deixou de existir”, afirmou.

Mário Orestes foi vocalista da banda Pústula Cerebral, que existiu de 1989 a 1990. Também cantou na banda Homicide, que começou nos anos de 1990 e está em atividade até hoje.

“Faria tudo de novo, se tivesse a idade que tinha 30 anos atrás. O punk rock e o hardcore ainda estão muito presentes em minha vida e creio que sempre estarão, mas logicamente obedecendo às adaptações que o pesar dos anos exige”, concluiu.

‘Fúria e subversão – história do punk rock/HC na cidade de Manaus’ conta a história dos subgêneros do rock, na capital amazonense, das primeiras bandas, que não existem mais, até os músicos ainda ativos nos dias de hoje, tudo documentado com depoimentos de quem viveu aqueles momentos. Durante o lançamento haverá a apresentação das bandas Perdidos, Rolleta Rock, Morgados, Poesia Maldita e Retórika.

Solicitações do livro podem ser feitas através do 9 9124-9729.  

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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