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Projeto “Lixo Zero” vai viajar pelo interior e quer Manaus como modelo internacional

Em evento realizado na manhã de sexta-feira passada (29), no Hotel Intercity, Rodrigo Sabatini, presidente do ILZB (Instituto Lixo Zero Brasil) lançou o projeto ‘Diálogo Pelo Planeta Amazônia’, cuja proposta é uma imersão na floresta amazônica para que através de conversas e ações junto às populações ribeirinhas dos municípios de Coari e Tefé, os integrantes do ILZB possam levar cada vez mais longe o conceito do lixo zero, conforme falou Sabatini ao Jornal do Commercio. 

Jornal do Commercio: Qual o objetivo do Diálogo Pelo Planeta Amazônia?

Rodrigo Sabatini: O principal objetivo é reunir pessoas para, nesse diálogo, fazer uma reflexão sobre nossa atuação no planeta, por isso estaremos dentro da floresta, que é um modelo de equilíbrio e sustentabilidade onde tudo que é descartado por um, é utilizado por outro, garantindo assim a circularidade ou um ecossistema no qual o lixo zera perfeitamente. A ideia é poder refletir, dialogar e ensinar algumas coisas e aprender outras, fazer uma troca para que possamos, talvez, mudar o rumo da nossa história.

JC: Qual a ligação da Amazônia com o lixo do planeta?

RS: A Amazônia é um dos lugares mais limpos do planeta, sem resíduos descartados por humanos, se considerarmos o meio da Amazônia. Mesmo que vejamos diversos pontos de lixo durante o percurso dos rios e em torno das cidades, essa região ainda é um dos poucos lugares do mundo com boa parte preservada. Além da Amazônia temos a Antártida e alguma coisa do Saara. Nem mais o Everest é limpo, ao contrário, é cheio de lixo, então a Amazônia é um modelo a ser seguido, é a nossa referência de equilíbrio natural.

JC: Nessa imersão na floresta, quais lugares pretendem conhecer e por que foram escolhidos?

RS: O evento ocorrerá em Manaus, uma cidade com mais de dois milhões de habitantes, no meio da floresta. Vamos subir o rio Negro e depois o Solimões passando pela cidade de Coari e chegando a Tefé. Esses lugares foram escolhidos por abrigar pessoas no meio da floresta, junto ao maior rio do mundo. O percurso de oito dias e oito noites, pelo rio, nos faz mudar o nosso ritmo até podermos chegar ao ritmo da floresta e respeitar o tempo da natureza. Coari foi escolhida por estar no percurso e ser uma cidade pequena, e Tefé por ser o centro da Amazônia onde se encontram reservas ambientais, ONGs, uma população universitária, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. Lá poderemos ter uma discussão sobre a ocupação da Amazônia.

JC: O que, de prático, pretendem fazer nos lugares visitados?

RS: Pretendemos promover o diálogo, a troca de saberes, a conexão entre as pessoas, despertar, principalmente nos jovens, a partir da visão do externo, a inspiração para mudar o rumo de suas vidas para uma vida mais sustentável. Teremos dois impactos: um na população local e outro em nós, visitantes, que traremos conosco um legado de toda essa experiência. Em Tefé iremos instalar uma escola de informática, e desejamos visitar comunidades, reservas e aldeias ao longo da jornada.  

JC: Vocês irão produzir algum documentário dessa imersão?

RS: Já temos a proposta de um documentarista, que irá nos acompanhar. Hoje surgiu a proposta de uma TV e, durante a viagem, teremos certamente outras propostas. Vamos realizar entrevistas com a população local, documentar todo o percurso e, principalmente, tentar tirar daí o sentido dessas discussões e saber quais ações poderão ser mais provocadoras para uma transformação.

“Vamos subir o rio Negro e depois o Solimões passando pela cidade de Coari e chegando a Tefé.”

Rodrigo Sabatini – presidente do ILZB

JC: Quais as principais ações do ILZB hoje?

RS: O papel do ILZB é inspirar, dessa forma nós realizamos diversos eventos com a ajuda de nossos mais de três mil embaixadores e mais de 30 mil voluntários, organizadores desses eventos. Em 2021 foram mais de dez mil eventos. Este ano já está certa a Semana da Compostagem, que começa nessa primeira semana de maio, e irá envolver seis cidades, com cerca de dois mil eventos sendo trabalhados, reunindo de 30 a 40 mil pessoas. Mas o ILZB também atua junto ao Legislativo, defendendo o conceito de lixo zero no país. Também temos uma academia que forma profissionais para implementar o conceito lixo zero nas cidades, nos estabelecimentos, nas indústrias e no comércio, a fim de que possamos atingir nossos objetivos. O ILZB ainda dá uma certificação para as empresas que conseguem chegar à excelência na gestão de seus resíduos.

JC: Em Manaus, as ações do ILZB têm surtido efeito?

RS: Em Manaus, o ILZB tem quatro anos de atuação. Nesse tempo transformou diversas pessoas em verdadeiras cidadãs, mais éticas e responsáveis pelo seu consumo e destinação correta dos resíduos que produzem, respeitando o seu entorno, o seu vizinho, o seu bairro, a sua cidade, o Estado, o país, o planeta. Manaus tem um bairro, a União, tentando buscar a meta do lixo zero, e a Secretaria Municipal de Limpeza Pública se tornou a primeira do país a implementar o lixo zero em suas instalações. O Hotel Intercity fez diversas mudanças em sua gestão de resíduos e estas, por sinal, trouxeram economia para o empreendimento. Em 2021, Manaus recebeu o evento da entrega do Prêmio Lixo Zero, com repercussão em todo o país e agora recebe o ‘Diálogo Pelo Planeta Amazônia’, maior ação do ILZB neste ano. Manaus será o centro do mundo quando se falar em lixo zero.

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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