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Projeto da LG passa tranquilo na reunião do Codam

Um dia depois do mal-estar causado pela retirada do projeto da LG Eletronics da pauta do CAS (Conselho de Administração da Suframa) –em função da relação investimento/empregos –, foi a vez da indústria incentivada se reunir em torno do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Amazonas). Mas, o evento da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação) ocorreu sem maiores incidentes, com a aprovação da íntegra da pauta –inclusive a proposta da multinacional coreana.

Todos os 69 projetos apresentados passaram pelo crivo dos conselheiros, com investimentos previstos próximos aos R$ 15 bilhões –uma cifra histórica, conforme avaliação da própria Sedecti. As propostas trazem também a perspectiva de abertura de 3.875 novos postos de trabalho, nos próximos anos –além de outras 2.736 vagas que serão geradas pelo reaproveitamento dentro das próprias indústrias. O órgão salienta que os dados não levam em consideração os efeitos indiretos em toda a cadeia de suprimento dos novos produtos.

Os destaques da pauta vieram das duas grandes multinacionais coreanas instaladas no PIM: Samsung e LG, que responderam por 85% dos aportes. A primeira apresentou três projetos de atualização para produção de notebook, home theater e smartphones, com investimento total previsto em R$ 8 bilhões (59,4% da pauta), geração de 731 novos postos de trabalho e remanejamento de outros 1.852. A segunda apresentou três projetos: dois de diversificação (notebook, microcomputador, monitor LCD e projetor de vídeo) e um de atualização (telas para TVs e monitores de vídeo). O capital previsto é de R$ 3,8 bilhões (25,8% da pauta), com previsão de 240 novos empregos e o reaproveitamento de outros 230.

A pauta também incluiu investimentos para o interior do Estado. Em Iranduba, a Juruá Estaleiro teve seu projeto aprovado Ad Referendum, em fevereiro de 2021. O empreendimento prevê R$ 24 milhões para a produção de embarcações de transporte de pessoas e de mercadorias, com 19 novos postos de trabalho e o aproveitamento de outros 118 já existentes em outro parque fabril. Humaitá vai contar com a Brazil Nuts, empresa que investe na produção de castanha-do-Brasil desidratada. A empresa separou R$ 300 mil para injetar no empreendimento, nos próximos três anos.

“Temos interesse que os projetos que visam investimentos e, principalmente, empregos e renda, sejam aprovados. A reunião é uma demonstração de comprometimento do governo do Estado com o modelo ZFM e com o desenvolvimento dos municípios, uma vez que temos projetos aprovados não só para a capital, mas também para o interior”, enfatizou o governador Wilson Lima, em texto distribuído pela Secom (Secretaria de Comunicação Social).

Decisão regimental 

A aprovação do projeto da LG veio acompanhada por considerações em torno do incidente envolvendo a retirada da mesma proposta da multinacional da pauta do CAS, no dia anterior, por iniciativa do titular da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa. A justificativa apresentada pelo representante de Brasília foi que o número de empregos era “desproporcionalmente baixo” para o “volume de investimentos públicos realizados nele”.

“Embora tenhamos sido pegos de surpresa com a retirada de pauta de um dos projetos, sabemos que a decisão é regimental e que qualquer conselheiro pode pedir vistas. Entretanto, da maneira como foi feita, nos surpreendeu. Não esperávamos, uma vez que o projeto já havia sido aprovado em instâncias anteriores. É um projeto de alta importância e muito bem-vindo para o Estado do Amazonas”, enfatizou o titular da Sedecti e vice-presidente do Codam, Jório Veiga.

O secretário estadual destacou ainda que o modelo proposto para a apresentação dos projetos é “antigo” e precisa ser atualizado, já que foca apenas nos empregos criados no âmbito da fábrica, sem levar em conta as vagas criadas ao longo de suas cadeias produtivas. “Cada fábrica busca reduzir custos, aproveitando sinergias e oportunidades. O volume de produção das nossas fábricas não permite mais, queiramos ou não, a produção manual da maioria de seus produtos”, enfatizou, acrescentando que não viu na decisão do titular da Sepec a intenção de brecar investimentos no Amazonas.

O superintendente da Suframa, Algacir Polsin, não pode ir à reunião do Codam. Em seu lugar, representando a autarquia federal, compareceu o chefe de gabinete, coronel Rui Pontes, que preferiu não se manifestar sobre a questão.  

Procurado pela reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, comemorou o saldo do encontro. “Diferentemente da reunião do CAS, a do Codam transcorreu dentro da normalidade, com a aprovação das regras estabelecidas pela legislação. Pela parte do governo do Estado, os projetos foram aprovados e estão aptos a serem iniciados pelas empresas, gerando empregos aqui”, asseverou. 

Para o titular da  Semtepi (Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação), Radyr Júnior, a reunião foi uma “grande oportunidade” em um momento de dificuldades e incertezas. “Isso significa a manutenção e a geração de milhares de novos postos de trabalho, como almeja o prefeito de Manaus, David Almeida”, afiançou.

Interiorização reforçada

Para o presidente da Faea (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas), Muni Lourenço, a constante presença de projetos de investimento que visam o interior do Estado nas pautas do Codam, mostram que o governo estadual vem dando mais importância para a agropecuária da região. O dirigente avalia que o Amazonas precisa ser “mais igual” e os empreendimentos vêm nessa direção.

“Esses dois exemplos de projetos de investimento aprovados hoje e que utilizam matéria- prima regional, como no caso da castanha-do-Brasil, mostra que nunca é demais ressaltar essa busca de atividade econômica no interior. Temos um contingente significativo da população no interior e precisamos diminuir esse fosso, que é a distância econômico-social com a capital”, reforçou.

Jório Veiga revelou que o planejamento da Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural) considera crescimento de 6% para 12% da participação do setor agropecuário no PIB, em dez anos. “Não se trata de diminuir os outros segmentos, mas de crescer a agropecuária de maneira que possamos fazer crescer a riqueza do Estado, com base nas ações do governo, e usando esse bioma da região que temos no Sul do Estado, que é totalmente compatível e não desmata uma árvore sequer”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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