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Projeções negativas para novas vagas

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Apesar de os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) afirmarem que o fechamento de 661 vagas em junho, representa o primeiro mês negativo de 2018, analistas apontam que quanto a geração de empregos, principalmente com carteira assinada, este é um ano acabado. As quedas vêm se acumulando e quando são creditadas a lenta recuperação da economia, automaticamente esta é apontada como fruto das reformas do atual governo.

Segundo o economista e supervisor técnico do Dieese-AM (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Amazonas), Inaldo Seixas, as quedas já vêm sendo sentidas há tempos. “A lenta recuperação econômica, alegada como fator para a derrubada de empregos com carteira assinada está correlacionada às reformas propostas pelo atual governo federal. Portanto os baixos índices são resultado dessas reformas malsucedidas”, disse.

Amazonas não reage ao desemprego

Os reflexos negativos no PIM (Polo Industrial de Manaus) são inevitáveis, já que o mesmo responde tão pouco pelo PIB (Produto Interno Bruto) nacional que os índices regionais quase não influenciam na medida de forças. Nem as 252 novas vagas geradas na indústria de transformação em junho (mais 184 da construção civil e os 131 novos postos dos serviços) parecem animar e a retração nas contratações é esperada.

“Se nada acontece de bom lá fora, aqui também não temos reflexos positivos. Os poucos crescimentos da indústria amazonense, verificados em maio e junho, tiveram o fator sazonalidade ao seu lado, mas isso já passou. As projeções são as piores para o ano”, ressalta.

Os novos tempos também servirão como uma seleção natural para futuras contratações disse Seixas. “A falta de capacitação confronta diretamente a revolução 4.0, com a Internet das Coisas, com a automatização. O trabalhador não tem renda suficiente para continuar consumindo o básico e ao mesmo tempo buscar cursos para se adequar a esses novos tempos”.

Mesmo com a indústria do Amazonas tendo alguns destaques entre os setores produtivos, muitos não apostam na volta aos bons patamares de empregabilidade de outros tempos, como o período de 2005 e 2015 em que o PIM registrou mais de 100 mil empregos, explica o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco.

“As incertezas econômicas, o medo de se perder os benefícios fiscais ou o encarecimento da produção fez com que muitas empresas deixassem o Estado. A automatização também colabora para a queda no número de empregos”, fecha.

Novas modalidades

A reforma Trabalhista aprovada em fins de 2017 é uma das responsáveis pela extinção dos empregos formais, conta Seixas. “A indústria, comércio e serviços, durante a crise e esperançosas com as reformas, acabaram por se ‘acostumar’ a novas modalidades de emprego. Agora são mais empregos temporários, intermitentes, de tempo parcial e home office, tudo isso faz com que empregos com carteira assinada sumam das estatísticas”, afirma.

“É fato que todas essas modalidades constituem empregos precarizados, com poucos ou nenhum direito ao trabalhador, sem estabilidade alguma e dependentes dos humores do mercado. Caso tudo volte a ser como era, os contratantes irão demorar um pouco a voltar a contratar como antes”, analisa Seixas.

O mais vulnerável

Na indústria amazonense, o trabalhador na faixa salarial de até dois salários mínimos é o mais vulnerável na hora da empresa cortar cargos. “Esse trabalhador não costuma ficar muito tempo na empresa. Para evitar que esse empregado tenha seus salários corrigidos pelos dissídios -após dois anos de trabalho, a empresa adota a rotatividade, demitindo e contratando sempre que necessário”, disse o economista e presidente do Corecon-AM, Francisco Mourão Júnior.

Projeções negativas para o resto do ano

A incerteza e a desconfiança são barreiras para as empresas apostarem em despesas fixas e a falta de investimentos só piora a situação. “Não temos investimentos públicos e os investimentos estrangeiros estão em queda. De janeiro a abril o IED (Investimento Estrangeiro Direto) caiu 30%. Com tudo isso, a roda da economia deixa de gerar e vem o desemprego. Sem esse emprego cai o consumo e não se pode contratar com segurança. E mais uma vez os setores irão recorrer aos empregos precarizados”.

De acordo com o economista, com a proximidade do período eleitoral, nada mais será feito, não existem mais planos a serem postos à mesa e muita coisa deixará de ser decidida. “Praticamente, 2018 é um ano que já está acabado. Isso vem derrubando todas as expectativas de PIB e do jeito que estamos, qualquer projeção de PIB abaixo que 4% torna inviável a chegada de investimentos e consequentemente mais empregos serão extintos e haverá queda no consumo”, encerrou Seixas.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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