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Proibição de navegação noturna no Rio Madeira preocupa o setor

O setor de navegação foi surpreendido com uma portaria emitida pela Capitania Fluvial de Porto Velho, proibindo a navegação noturna no Rio Madeira, desde o último dia (10). De acordo com o Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), a determinação deve trazer prejuízos gigantescos para a navegação.

Conforme a portaria, a partir de agora, embarcações com calado (igual ou superior a 2,20 metros de altura) não podem navegar no rio Madeira durante a noite.“Isso vai criar um baque muito ruim para a navegação. Se isso não for contornado, pode causar desabastecimento em Manaus e Porto Velho”, avalia o diretor do Sindarma, Dodó Carvalho.

Matéria divulgada no portal G1 Rondônia, informa que a decisão da capitania dos portos,  faz parte de medidas necessárias que visam  garantir a segurança do transporte fluvial de passageiros e mercadorias, principalmente nos trechos mais complicados já mapeados. 

Na semana passada, houve um acidente envolvendo uma balsa, na altura do distrito Calama, município de Porto Velho, que virou no rio Madeira após supostamente tombar numa pedra num banco de areia jogando parte da carga o que criou  um certo desespero a capitania. A embarcação transportava alimentos, como óleo e açúcar, e a carga precisou ser doada aos moradores ribeirinhos porque começou a cair no Madeira.

“Visando a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana e a prevenção da poluição hídrica é que a Capitania vem fazendo acompanhamento da régua do rio Madeira. Assim, no dia de ontem, por bater essa marca de 3,75 metros, aplicamos essas restrições às embarcações”, disse o comandante da capitania dos portos, Marcelo de Souza Barbosa.

Carvalho diz que a portaria não levou em consideração a questão da dragagem, a sazonalidade do rio Madeira. “Baixaram a portaria sem ouvir o setor, sem ouvir o Dnit e saiu limitando tudo e criando uma grande dificuldade. Imagina que as balsas petroleiras estão subindo e as graneleiras que estão descendo com cargas todas estão com dificuldades acima do que a capitania está estabelecendo porque já está seguindo viagem”, comenta. 

O representante do Sindarma lembra que esse tipo de medida nunca havia acontecido porque tinham no Madeira limitação de navegar no período noturno, mas em determinados trechos, no entanto, foram surpreendidos com a limitação noturna, quanto com a limitação do calado. “O que não condiz com a realidade do rio Madeira e nem com a navegação do mesmo”. 

Ainda conforme Souza, a restrição diurna tem sido separados por vários trechos, o navegante tem que conferir a portaria, pois ela dá [nesses trechos críticos] várias determinações. 

Por dentro

O Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Madeira, divulgado pelo  (SGB/CPRM)  Serviço Geológico do Brasil indica que já se pode observar estado de atenção para cotas mínimas em alguns pontos da bacia. Só para ilustrar, o nível do Rio Madeira decaiu para abaixo dos 4 metros nesta semana. Dessa maneira, restrições à navegação já começaram a ser feitas pela Capitania Fluvial de Porto Velho da Marinha do Brasil

Em Porto Velho, o rio Madeira se encontra na cota de 3,66 metros no último levantamento do dia 11, tendo uma variação de 12 centímetros desde segunda-feira, 9. Segundo a projeção futura, a cota deve ainda diminuir para 2,58 metros em outubro de 2021.

Nota

O Jornal do Commercio tentou contato com a Marinha do Brasil, por intermédio da Capitania Fluvial de Porto Velho para averiguar o impacto desta determinação no setor de navegação, mas não se posicionaram sobre os questionamentos. Apenas enviaram uma nota endossando que a decisão visa resguardar a segurança da navegação que é da sua competência. Ainda segundo a nota, esse período de vazante acontece todos os anos, e quase sempre a Marinha emite a portaria por se tratar de uma questão que ocorre com certa frequência.

“A Marinha do Brasil, por intermédio da Capitania Fluvial de Porto Velho, esclarece que emitiu portaria proibindo a navegação noturna para comboios e demais embarcações, com calado superior a 2,20m, no trecho de Porto Velho (RO) a Passagem Uruá, em Novo Aripuanã (AM), como medida para garantir a segurança da navegação no rio Madeira, devido ao regime de seca do rio que ocorre anualmente no mesmo período”, diz o texto.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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