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Programa ‘O viajante do tempo’ volta ao ar

Depois de mais de dois meses parado, volta ao ar neste sábado (20), às 13h, o programa de entrevistas ‘O viajante do tempo’, apresentado pelo historiador e folclorista Nonato Torres no portal, site e aplicativo ‘Se liga na liga’, da Liga Independente dos Grupos Folclóricos de Manaus. O programa estreou em 13 de junho do ano passado, dia de Santo Antônio, e o historiador/folclorista já entrevistou dezenas de convidados. Nonato é um batalhador do folclore amazonense, do qual participa desde a infância brincando em quadrilhas e bumbás, e agora na organização.

“O objetivo do programa é resgatar a história dos grupos folclóricos amazonenses e seus personagens marcantes. Muitas danças acabaram, personagens históricos morreram, então vamos atrás do que restou, através de fotos e vídeos dos Festivais passados, das danças que resistem e dos novos personagens que surgem”, explicou.

Oficialmente o Festival Folclórico do Amazonas iniciou em 21 de junho de 1957, no campo do quartel do 27º BC, conhecido como estádio General Osório, em frente ao atual Colégio Militar, reunindo diversas danças folclóricas existentes nos bairros de Manaus. O festival foi organizado pelo jornalista Bianor Garcia. No local, o evento aconteceu até 1979, quando passou a ser realizado em vários outros espaços como Parque Amazonense; Colina; Vivaldo Lima; antiga Bola da Suframa; sambódromo; estacionamento do Vivaldo Lima, onde hoje está construído o Centro de Convenções Vasco Vasques; e na área da Arena Amadeu Teixeira.

“Em 2005 voltou a acontecer na, agora, arena do Centro Cultural Povos da Amazônia, mas existem alguns grupos que querem voltar para o sambódromo. São muitos grupos, cada um pensa de uma maneira, e não conseguem entender a força que têm, unidos”, disse.

Tribo dos Andirás

Já passaram pelo ‘O viajante do tempo’, dona Fátima, organizadora do ‘Cacetinhos de Tefé’, dança indígena que fazia muito sucesso quando se apresentava em Manaus e suas músicas, tendo como base o saxofone, estão guardadas na memória de quem os assistiu, quando crianças. Os ‘Cacetinhos da ETFA’ eram os mais esperados no Festival. Nonato também entrevistou o mestre Zé Preto, 91 anos, o mais antigo amo do boi ainda vivo. Zé Preto começou a brincar quando criança e foi amo dos grandes bumbás de Manaus, como Corre Campo, Tira Prosa, Gitano, entre outros, tendo participado do primeiro Festival, em 1957.

Nonato entrevista o mestre Zé Preto
Foto: Divulgação

“Uma entrevista que gosto de citar é a que fiz com os integrantes das quadrilhas ‘Um caipira casa na marra’, de Santa Luzia; e ‘Juventude na roça’, da Cachoeirinha. Suas disputas eram ferrenhas e chegavam às vias de fato, se houvesse oportunidade. A ‘Casa na marra’ não existe mais, mas seus ex-integrantes vieram fazer as pazes, no meu programa, com os integrantes da ‘Juventude’. Foi muito bacana”, lembrou.

Da ‘Caninha Verde’, outra dança famosa, o entrevistado foi o coordenador Zé de Cima, que herdou a dança de um professor que a trouxe do Manaquiri, ainda na década de 1960, e a mantém até os dias de hoje.

Nonato lembrou da ‘Tribo dos Andirás’, que fazia grande sucesso em suas apresentações no Festival, principalmente pelos belos cocares de penas que seus integrantes usavam.

“Interessante é que as índias atraíam a atenção dos homens, mas na realidade a maioria delas eram homossexuais, como o Bosco Fonseca, um dos mais famosos brincantes da Tribo”, riu.

Marcos Apolo

No programa de sábado, Nonato vai entrevistar o secretário de Cultura, Marcos Apolo. O foco da entrevista será sobre as perspectivas para agora, e para o pós-pandemia relacionadas aos artistas do Amazonas, em todas as áreas da cultura, principalmente os que fazem parte da cadeia produtiva, os mais afetados pela paralisação das atividades.

“Esse pessoal é o que mais tem sofrido com a pandemia, pois a maioria só ganha daquele trabalho de produção das atividades artísticas. Como tudo parou, eles ficaram sem ter de onde tirar algum dinheiro”, lamentou.

Nonato lembrou que apesar de ‘O viajante do tempo’ ser direcionado para o folclore do Amazonas, suas portas estão abertas para qualquer outro segmento cultural, como lançamentos de livros e CDs e divulgação de qualquer outra atividade.

O apresentador é historiador por formação e folclorista por militância. Assessora a LIGFM. Atua e milita no Carnaval manauara como diretor, pesquisador e assessor da CEESMA (Comissão Especial das Escolas de Samba de Manaus). Atualmente é diretor de artes do Boi Bumbá Brilhante (mastrer A) e do Boi Bumbá Galante (Master B). Já foi presidente, vice e diretor de arena do Boi Bumbá Garanhão. Compõe a comissão de arte da Ciranda Tradicional, de Manacapuru.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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