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Professor ensina como fazer um bom Enem

Professor ensina como fazer um bom Enem

Aproximam-se os dias de realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), 17 e 24 de janeiro de 2021 para provas escritas presenciais, e 31 de janeiro e 07 de fevereiro de 2021 para as provas digitais, e como sempre, a prova que mais assusta os participantes é a de redação.

Apaixonado pela educação, o professor Pablo Jamilk, mestre e doutor em letras, já escreveu mais de dez livros voltados para os concurseiros, vestibulandos e os aficionados pela língua portuguesa. Seus inscritos no YouTube somam mais de 350 mil que acompanham suas videoaulas com dicas sobre verbos, uso da vírgula, modelos de redação entre outros. No Instagram, Pablo faz lives semanais com conteúdos diversos da língua portuguesa, para seus mais de 400 mil seguidores. Nessa entrevista ao Jornal do Commercio, o professor falou um pouco mais sobre as complexidades de nosso idioma.

“O fato de a língua portuguesa ser a nossa língua oficial não significa que seus falantes sejam, naturalmente, bons escritores. A escrita (a redação) está vinculada a uma série de fatores, tais como: a prática recorrente, o domínio das estruturas textuais, o reconhecimento e o contato com diversos tipos de texto, uma base regular de leituras e a consciência de que é necessário ultrapassar o óbvio no momento de se produzir um texto”, explicou.

“Acontece que os alunos, principalmente aqueles que estão estudando para exames como o Enem, são bombardeados por uma carga gigantesca de conteúdos, muitos dos quais sequer fazem sentido para eles. Dentro dessa miríade de informações, há pouco espaço para a criatividade, menos ainda para exercitar a escrita. As redações acabam se transformando em um tipo de Frankenstein textual, mecanizado por fórmulas que impedem o aluno de refletir verdadeiramente sobre a escrita”, completou.

Gramática em baixa

Pablo lamenta a tortura, para os alunos, que é fazer as provas do Enem.

“É angustiante ver um jovem que está apostando o seu futuro no processo de seleção ter de calcular quanto tempo tem para resolver cada questão. As provas do Enem são uma maratona, criada para avaliar não só a capacidade intelectual de memorizar conteúdos e aplicá-los nas resoluções, mas também para avaliar a inteligência emocional do candidato, por apresentar um desafio que o fará pesar entre tentar ser veloz ou preciso durante as respostas”, disse.

O professor trabalha há 16 anos com o ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação e concorda que houve um aumento do descaso em relação ao conhecimento das estruturas da língua e lista diversos fatores.

“Um deles é o desprestígio que os estudos gramaticais começaram a sofrer dentro de algumas universidades e a forma como isso caminhou até os graduandos dos cursos de letras. Uma hora ou outra, isso iria acabar impactando o conhecimento sobre a própria língua que os alunos têm ou deixam de ter. Outro fator impactante é a velocidade da comunicação cotidiana. Há pouco tempo para se pensar na forma da mensagem. Os jovens hoje lidam quase como um ‘quebra-cabeças’ linguístico, em que eles lançam peças com pouca forma ou uma forma descuidada, a fim de que seus interlocutores consigam ‘montar’ o discurso e adivinhar o conteúdo da mensagem”, falou.

Para os jovens que vão fazer o Enem, no início do ano, Pablo lembrou que existe uma tendência de se achar que o indivíduo que muito lê escreva bem.

“Mas isso não é uma regra, porque a escrita está intimamente relacionada ao exercício. Quando se lê uma grande obra, só se tem contato com o resultado do esforço do escritor. Ninguém vê quantos milhares de páginas foram jogadas fora, quantos textos foram reescritos ou abandonados”, lembrou.

Dicas para as provas

De forma lúdica, Pablo Jamilk até criou os sete pecados capitais da redação, pensando numa maneira divertida de fazer os alunos entenderem que existem procedimentos que devem ser evitados no momento de compor uma redação.

“Durante muito tempo, enquanto estive em sala de aula, notei que há certas manias dos alunos que acabam se refletindo em textos ruins ou com uma base problemática. Utilizei a metáfora relativa aos pecados capitais para que fosse possível dizer aos estudantes algo como: cuidado. Isso poderá levar você ao inferno dos textos”, revelou.

Com a experiência de mais de dez anos envolto com a língua portuguesa e as provas do Enem, Pablo dá algumas dicas para quem quiser se sair bem no próximo Exame.

“Estude as provas anteriores. Faça exercícios para gerenciar seu tempo durante a resolução da prova. Lembre-se de escrever – ao menos – uma redação por semana e ficar atento aos debates relativos a questões sociais, pois sempre aparecem nas provas do Enem. Entenda que o conteúdo cobrado engloba três anos de ensino médio, portanto, a revisão é fundamental. Não se desespere na hora de resolver as questões. Caso não consiga chegar ao fim de um exercício, faça uma pequena marca e passe adiante para evitar perder o tempo de resolução. Use roupas confortáveis durante a execução da prova, separe seus materiais de maneira cuidadosa e não entre em pilha de revisões malucas que não deixarão você dormir. É preciso estar com a mente descansada para poder resolver bem as questões”, ensinou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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