O consumidor que for às compras nas datas sazonais, como Black Friday e Natal, vai pagar mais caro pelos produtos. O grande responsável pela alta é a falta de insumos que ainda preocupa a indústria nacional. Entre as lideranças do setor produtivo em Manaus, por exemplo, há um consenso sobre o impacto tanto no atraso em relação aos prazos de entregas dos materiais para a produção, quanto no aumento dos custos da matéria-prima.
A combinação dos custos das matérias-primas, energia, logística e mão de obra, estão entre os principais custos industriais, que devem provocar a alta nos produtos ao consumidor final, é o que avalia o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Componentes da Amazônia), Roberto Moreno.
“A indústria tem sido impactada em todas essas “commodities”, devido a câmbio, inflação, falta de oferta de espaço para carga, containers mas, tem buscado minimizar os repasses ao consumidor do bem final, mas é inevitável que ocorrerão correções de preços, devido a esses impactos e os percentuais de reajustes serão ditados pelo quanto o mercado possa absorvê-los. Mas na grande maioria não serão 100% repassados, haverá uma absorção de custos na cadeia”, disse.
Basicamente as programações estão colocadas para já atender esses períodos, inclusive para fim de ano, diz o presidente, uma vez que além do recebimento para produção, também há o tempo de escoamento para os vários centros comerciais do Brasil. “Então pode sim ocorrer comprometimento de alguns itens que tenha repercussão no bem final. Não tanto por alguma demanda adicional como disse já está bem “em cima da hora”, mas mesmo na programação normal, de forma pontual, em algum segmento”.
Em sintonia, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antônio Silva, reforça não somente pela escassez de insumos, mas a inflação como um todo conflui para este cenário.
“Há uma pressão considerável sobre os preços, em especial sobre o grupo de preços industrial e alimentício. Esse panorama deve se alongar ainda por alguns meses. Não obstante essa questão, a imprevisibilidade no fornecimento de matéria-prima, naturalmente, implica em uma majoração dos custos”, pontuou.
O presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, afirma que em alguns casos pode haver demora maior para atender o mercado e que certamente haverá aumento no preço dos produtos por conta do aumento dos custos dos componentes e da questão logística, dos fretes. “Em alguns casos pode ser que haja uma demora maior para atendimento ao mercado. Não digo que vão faltar produtos, mas extensão no tempo para disponibilização desse produto ao mercado”, avaliou.
Preços competitivos
Jorge Nascimento, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), reitera que o setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos tem parte considerável dos seus insumos importados. “A alta demanda global, a valorização do dólar frente ao real e, mais recentemente, o relevante aumento nos preços dos fretes internacionais formam um conjunto de fatores que pressionam nossos custos. Ainda que as empresas venham se esforçando ao máximo para absorver esses custos, inevitavelmente uma parte acaba sendo repassada ao consumidor”.
“Nossa indústria acelerou sua produção nos últimos meses para garantir neste quarto trimestre em que temos Black Friday e Natal excelentes opções de compra aos consumidores, com preços bastante competitivos”, informa ele.
Ele acrescenta ainda que atrativos como preço competitivo, inovação e eficiência energética dos produtos são diferenciais que certamente irão influenciar o poder de escolha dos consumidores e podem se tornar um grande trunfo. “Apesar de um cenário desafiador, estimamos um crescimento de 5% nas vendas de televisores na Black Friday frente ao ano passado”.
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