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Produção industrial do Amazonas tomba em janeiro

Depois de um tropeço na reta final do ano passado, a indústria amazonense começou 2021 com um novo tombo de produção, em sintonia com os impactos locais da segunda onda de covid-19. Diferente do ocorrido em dezembro, a nova retração foi puxada também pelos segmentos industriais mais fortes do PIM: duas rodas, eletroeletrônicos e bens de informática. Com isso, o Estado seguiu na contramão da média nacional, que voltou a avançar em janeiro. Os dados são da pesquisa mensal do IBGE e foram divulgados nesta quarta (10).

A produção industrial do Estado ficou negativa em todas as comparações, no primeiro mês de 2021. Encolheu 11,8%, na passagem de dezembro para janeiro de 2021, e ficou 9,8% aquém do patamar de janeiro do ano passado – contra -5,1% e +9,6%, no levantamento anterior. Como resultado, a indústria amazonense amargou queda de 6,7%, no desempenho acumulado dos últimos 12 meses. 

Assim como ocorrido no levantamento anterior, o resultado Amazonas ficou aquém da média nacional (+0,4%), entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, mas o Estado (-11,8%) ainda conseguiu se manter no penúltimo lugar, no ranking nacional do IBGE, que analisa as indústrias de 14 unidades federativas. Ganhou apenas do Espírito Santo (-13,4%), mas perdeu da Bahia e de Mato Grosso (ambos com -3,2%). Em contrapartida, Pará (+4,4%), Pernambuco (+3,6%) e Rio de Janeiro (+2,9%) encabeçaram a lista.

Com a retração de quase dois dígitos na comparação com janeiro de 2020, o setor industrial do Estado também ficou abaixo da média brasileira na variação anual/acumulada do ano (+2%), além de despencar da sétima para a penúltima posição, ficando à frente apenas de Mato Grosso e Bahia (os dois com -13,9%). O ranking foi liderado por Pará (+13,3%), Paraná (+11,5%) e Santa Catarina (+10,1%).  

Plásticos e bebidas

Na comparação de janeiro com o mesmo mês de 2020, a produção das indústrias extrativas foi reduzida em 7,2%, enquanto a indústria de transformação despencou 10%. Dos nove segmentos da indústria de transformação investigados pelo IBGE no Amazonas, apenas três conseguiram fechar no azul: produtos de borracha e matéria plástico (+15,7%), bebidas (+10,1%) e produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +5,1%).

Na outra ponta, o pior resultado veio novamente de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -81,7%). Desta vez, entretanto, “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com -37,8%), máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com -22,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com -22,2%) também reduziram produção, assim como as divisões industriais de máquinas, equipamentos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -16,3%) e de derivados do petróleo e de biocombustíveis (gás natural, com -0,5%). 

“Situação pior”

Na análise do supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, as quedas experimentadas pela indústria amazonense, nas variações mensal e anual, podem ser vistas como tendências de curto prazo para o setor, no Estado, diante da amplitude da segunda onda da pandemia. O pesquisador não exclui a possibilidade de melhoras no médio prazo, desde que o horizonte da crise da covid-19 registre alguma abertura. 

“Isso pode ocorrer, principalmente levando-se em conta as limitações de operação por conta das restrições impostas pela pandemia. Assim, podemos esperar que nos próximos meses hajam mais perdas. Mas, isso pode ser revertido nos meses seguintes. Desde que haja condições de operação e comercialização dos produtos. O indicador do acumulado reduziu ainda mais, mostrando que a situação atual está pior do que a do ano passado”, ponderou.

“Falta de insumos”

Em texto distribuído anteriormente pela assessoria de imprensa da (Abraciclo Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), referente ao desempenho da produção de motocicletas do PIM, em janeiro, o presidente da entidade, Marcos Fermanian, já havia mencionado que a queda era esperada. O dirigente listou como motivos os problemas na cadeia produtiva do segmento, os impactos da segunda onda de covid-19 em Manaus e as medidas de isolamento social do governo estadual para conter a disseminação local da pandemia. 

“Essas medidas levaram muitas fabricantes a reduzir suas jornadas e trabalhar em um único turno. Além disso, tivemos paralisações temporárias em algumas empresas devido, à falta de insumos (…) A maior dificuldade para todos os setores da economia é saber como ficará a situação da pandemia nos próximos meses (…) É preciso que a imunização em massa ocorra o mais rápido possível para que a indústria volte a operar com fôlego, recupere as perdas dos últimos meses e consiga, finalmente, equilibrar a relação de oferta e demanda”, listou.

Toque de recolher

Em recente entrevista concedida à Radio Eldorado de São Paulo, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Jose Jorge do Nascimento, lembra que o segmento vinha aquecido ao final do ano passado e entrou janeiro em uma situação atípica de trabalho em três turnos em várias linhas de produção, embora tivesse sido forçado a interromper as operações, em outras. A ascensão da segunda onda de covid-19 no Estado, no entanto, forçou o governo estadual a estabelecer medidas de restrição gradativamente mais severas. Com isso, pela primeira vez, a indústria foi afetada em seu dia a dia, e passou a trabalhar em apenas um turno, em razão do toque de recolher.

O dirigente ressalva que novos decretos posteriores permitiram que a indústria voltasse a trabalhar em 24 horas, desde que conseguisse enquadrar horários de entrada e saída de funcionários ao horário permitido pelo toque de recolher. “A gente espera que os números da crise sanitária recuem, para que a gente possa ter uma continuidade do cenário anterior de produção. Se isso não acontecer, talvez tenhamos de voltar a operar com um turno, o que é muito ruim. Para se ter uma ideia, perdemos cerca de 30% da produção planejada para janeiro, com a redução do horário”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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