14 de outubro de 2024

Produção Industrial do Amazonas escalou 11,5% em relação a julho

A indústria do Amazonas se recuperou em agosto. A produção escalou 11,5% em relação a julho, que teve dois dias úteis a menos. Foi o melhor desempenho do país e o quinto resultado positivo nesse tipo de comparação. O dado configurou também uma recuperação em relação à queda de julho (-9,9%). O confronto com agosto de 2022 mostrou incremento mais tímido, de 2,7%. O crescimento foi puxado pelos segmentos de combustíveis e produtos químicos, além das linhas de produção de artefatos de joalheria, isqueiros, lentes oculares, lápis, e fitas para impressoras. Na média nacional, o setor se manteve basicamente estável (+0,4% e +0,5%, na ordem).

A manufatura amazonense ainda consolida o acumulado do ano no azul, com 6% de acréscimo, o terceiro maior índice de crescimento do país. Nesse cenário, a indústria extrativa seguiu no vermelho e a expansão da indústria de transformação foi sustentada também pelos derivados de petróleo, além dos subsetores de “produtos de metal” e motocicletas. Em 12 meses, o avanço já caiu para 4,9%, mas manteve a vice-liderança do ranking. Em contraste, a indústria brasileira (-0,3% e -0,1%) encolheu em ambas as comparações. Os números são da Pesquisa Industrial mensal e foram divulgados pelo IBGE, nesta terça (10).

A expansão de 11,5% ante julho levou o Amazonas a decolar do último para o primeiro lugar, em um mês com apenas cinco decréscimos, entre as 17 unidades federativas investigadas pelo IBGE. O pódio foi dividido com Espírito Santo (+5,2%) e Rio Grande do Sul (+4,3%). A alta de 2,7% na variação anual fez o Estado galgar da última para a sexta posição, empatando com Pernambuco, em um rol liderado pelo Rio Grande do Norte (+49,8%) e encerrado pelo Ceará (+13,1%). No acumulado do ano (+6%), o Amazonas só perdeu para o Rio Grande do Norte (+14,3%) e o Espírito Santo (+6,8%). Em 12 meses (+4,9%) só ficou atrás do Rio de Janeiro (+5,1%). 

Combustíveis e químicos

Na comparação com agosto de 2022, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) levou um tombo de 9,9%, reforçando a queda de julho (-3,2%). A indústria de transformação cresceu 3,5%, em ímpeto insuficiente para recuperar a perda anterior (-11,7%). Sete segmentos avançaram e três declinaram. Os recuos se restringiram às divisões de “produtos diversos” (artefatos de joalheria, isqueiros, lentes oculares, lápis, e fitas para impressoras, com -21,2%); bebidas (-20,4%); e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -0,1%).

Na outra ponta, os melhores desempenhos vieram dos segmentos de petróleo e combustíveis (gás natural, com +30,8%); produtos químicos (metais preciosos, inseticidas, nitrogênio e desinfetantes, com -+22,4%) e máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +19,4%). A lista se completa com “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +10,5%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, +8,7%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +1,7%); e produtos de borracha e material plástico (+1,5%).

O acumulado dos oito primeiros meses do ano ainda mostra quadro semelhante. A indústria de transformação expandiu 6,5% e a extrativa ficou negativa em 1,1%. Os incrementos de produção vieram de derivados de petróleo e combustíveis (+25,9%); produtos de metal (+12,8%); “outros equipamentos de transporte” (+11,9%); produtos químicos (+10,7%); equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (+6,6%); “produtos diversos” (+2,4%); e borracha e material plástico (+2,2%). No outro extremo ficaram apenas as divisões de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,8%); de bebidas (-3,7%); e de máquinas e equipamentos (-1,3%).

“Dados satisfatórios”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforçou que os produtos em destaques foram: gasolina, querosene, metais preciosos, poliestireno, argônio, inseticida, máquinas de autoatendimento, aparelhos de ar-condicionado, motocicletas, peças e acessórios para motocicletas, rebocadores e empurradores. O pesquisador considerou que os dados foram “bem satisfatórios”, levando em conta os “fracos números” apresentados nos meses anteriores, embora saliente que as perspectivas para a indústria amazonense seguem duvidosas. 

“O indicador estadual da produção em relação ao mês anterior foi o melhor do país e a produção de agosto desse ano foi superior a agosto do ano passado. Com isso os acumulados do ano e dos últimos 12 meses mantiveram-se estáveis. A indústria local está com o terceiro maior crescimento em 2023. Mas, a média móvel trimestral da pesquisa ainda está em baixa, o que não permite mensurar qualquer alta para as próximas divulgações”, ponderou.

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, assinala que o “crescimento expressivo” do Amazonas na variação mensal permitiu a recuperação de parte da perda de 13,7%, acumulada nos dois meses anteriores. O Estado foi o segundo que mais impactou o índice nacional – logo após São Paulo, que responde por 33% dos valores do indicador. “Os setores que mais se destacaram foram os de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos e de outros equipamentos de transporte, que são bastante atuantes dentro da indústria amazonense”, pontuou.

Sazonalidade x seca 

O presidente da Fieam , Antonio Silva, salientou à reportagem do Jornal do Commercio que é importante avaliar os números sob “um espectro macro”, que aponta “patamar sólido” para a produção industrial do Amazonas. O dirigente avalia, no entanto, que a indústria incentivada terá mais dificuldades de avançar nas vendas para as festas de fim de ano, em decorrência dos impactos logísticos da seca atípica deste ano.

“Não podemos creditar esses números tão somente aos dias úteis, mas à solidez do nosso modelo, ainda que os indicadores a nível nacional denotem que o setor apresente números inconstantes. Apesar do índice anual apresentar números positivos, causa-nos preocupação a grave seca que vivenciamos, a qual deve impactar no fluxo logístico de insumos em um período de alta para a atividade. Tal fator, aliado a retração do poder aquisitivo das famílias, podem afetar diretamente os números desse final de ano”, frisou.

Para o presidente da Aficam, Roberto Moreno, a despeito das oscilações pontuais, o PIM seguiu na “normalidade”, mas deve sofrer impactos com a seca.“Continuamos em uma gangorra nos indicadores, se compararmos com os dados de 2022. Mas, há uma melhora na quantidade de segmentos que avançaram. A normalidade deve ser impactada com a terrível situação da seca, restringindo o avanço. Precisamos rapidamente que a estação chuvosa venha, para amenizar a situação crítica de muitas famílias, em primeiro lugar, e da economia regional também”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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