O crescimento da produção industrial brasileira em 2007, que chegou a 6% segundo divulga o IBGE, foi um bom resultado, mas cabe o registro de que foi apenas o quarto melhor percentual nos últimos quatorze anos. Os desempenhos nos anos 1994, 2000 e 2004 foram superiores, o que é uma evidência de que não se trata de um crescimento excessivo, ao contrário do que afirmam alguns analistas e instâncias governamentais. Por outro lado, sem dúvida alguma, o ano de 2007 representa um novo ciclo para a indústria por representar o dobre da evolução média dos anos anteriores, 2005 e 2006, quando em média a produção teve aumento de 3%.
Do ponto de vista quantitativo, portanto, 2007 foi um ano favorável, porém sem nenhum sinal de exagero. Outros fatos marcantes do presente ciclo industrial merecem destaque, todos eles, mais relacionados à qualidade do que ao desempenho quantitativo da indústria brasileira. O primeiro deles o padrão de sustentabilidade que não houve em outros anos de grande evolução. O crescimento liderado por bens de capital afiança uma maior capacidade produtiva da economia que ajuda a afastar os riscos de inflação. Como se sabe, a aceleração recente da inflação no Brasil não veio pelo lado da demanda e não mostra sinais de se tratar de um processo associado ao crescimento, mas, sim, a problemas globais relacionados ao setor de alimentos.
Em segundo lugar, a expansão industrial desta feita não sucedeu um período ou um ano de crise aguda da economia. Ou seja, a reativação da produção industrial no ano passado não correspondeu a uma “descompressão” do setor industrial brasileiro após uma crise. Cabe notar que as expansões de 2004 (aumento de 8,3%) e de 2000 (6,6%) ocorreram após graves retrocessos econômicos nos anos de 2003 e de 1999, respectivamente. Em terceiro lugar, tampouco a trajetória de 2007 foi condicionada por medidas fortes de política econômica como ocorreu em 2004, quando, em função da aplicação do Plano Real, o setor cresceu 7,6%. Finalmente, o presente ciclo não decorre de desvalorizações bruscas do valor da moeda, que em outras ocasiões impulsionaram o crescimento industrial pelo lado do mercado externo, vale dizer, pelo lado das exportações.
A característica central do dinamismo atual da indústria é que o mercado interno constitui o seu grande promotor, tendo o mercado externo contribuído negativamente em razão de uma acentuada valorização do Real.
Isto tanto prejudicou a evolução dos volumes de exportação de bens manufaturados, quanto aumentou a competitividade das importações de produtos industriais para o mercado doméstico. Seguramente em razão da dominância do mercado interno, dado o câmbio adverso, a expansão industrial de 2007 não teve a intensidade de outros anos e talvez também por isso tenha levado um tempo maior para “pegar”. O crescimento da indústria foi relativamente lento em uma primeira fase (4º trimestre de 2006 até o 1º trimestre de 2007), ganhando maior ímpeto somente a partir do 2º trimestre de 2007, especialmente na segunda metade desse ano.
De fato, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, assim evoluiu a produção industrial: 3,2% no 4º trimestre de 2006, 3,8% no 1º trimestre de 2007, 5,8% no segundo e 6,5 e 8% nos dois últimos trimestres.
Produção industrial brasileira fecha 2007 com expansão de 6%
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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