Indicadores industriais apontam que no primeiro trimestre de 2009 foram produzidos no PIM (Polo Industrial de Manaus) 1,31 milhão de conversores para TV digital –os chamados set-top box. Apesar da produção estar 6,14% abaixo do fabricado em igual período de 2008, quando foram produzidos 1,40 milhão desses aparelhos, o resultado está dentro do projetado pelas fabricantes do setor.
O presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), Wilson Périco, disse que não dá para comparar os números deste ano em relação a igual período do ano passado sob o risco de passar um resultado mais negativo ainda do que a realidade atual se apresenta por conta da turbulência econômica internacional.
Conforme o dirigente, a diferença de 6% para baixo não pode ser apontada, como um resultado ruim porque a indústria como um todo sofreu os efeitos da crise, que freou consideravelmente a produtividade industrial do PIM entre janeiro e março”, informou.
Périco disse que a expectativa das fabricantes de set-top box é positiva, porém as vendas estão atreladas ao sistema digital que ainda não emplacou no país porque existem alguns fatores técnicos que estão sendo ajustados. Ele explicou que em algumas regiões do país onde a TV digital já foi implantada teve problemas de sombreamento, decorrente da baixa quantidade de antenas. “Para a TV por assinatura tem aumentado o volume de vendas, enquanto para a TV digital as vendas ainda não emplacaram como o governo havia projetado inicialmente”, garantiu.
Segundo Périco, em parte o governo brasileiro cometeu um grande equívoco, quando o ministro das Comunicações, Hélio Costa, no afã de puxar a produção do set-top box para Minas Gerais (Belo Horizonte) afirmou que o novo sistema de TV digital iria ter interatividade, quando o software utilizado ainda não comporta esse tipo de serviço. “Além disso, o ministro chegou a incitar a população a não comprar os aparelhos para forçar os fabricantes a baixar o preço dos mesmos”, disse.
Na opinião do dirigente, atualmente, a maior dificuldade está na exportação desse produto, principalmente para Venezuela, cujo governo não está permitindo a saída de dólares do país. “Isso está prejudicando os exportadores, inclusive do PIM, que por ora estão impedidos de exportar para os compradores venezuelanos”, disse.
Vendas ainda estão abaixo das expectativas
Uma das fabricantes do set-top box no PIM é a Proview, que no início deste ano estimava produzir 600 mil conversores para TV digital. O volume representava alta de 500% em relação aos 100 mil fabricados em 2008. Vale ressaltar que a empresa iniciou a produção desses aparelhos em junho de 2008. A companhia se prepara para lançar neste ano conversores simples sem acesso à internet, o que vai permitir o barateamento do produto no decorrer deste ano.
O diretor de manufatura da Proview, Giovanni Nóbrega, disse que diante do quadro de crise econômica a produção desses aparelhos deve ficar na faixa de 400 mil. Por enquanto, disse ele, as vendas estão abaixo da expectativa, porque o mercado não está absorvendo. Vale destacar que a tecnologia está implantada em apenas dez cidades brasileiras e a programação passa por adequações. “Manaus ainda não possui o sinal digital; o Amazon Sat está operando em caráter experimental, haja vista que o prazo de adequação das emissoras locais encerra em 2010”, disse, ressaltando que toda a produção da fabricante está sendo vendida para o mercado nacional.
Indicadores Industriais divulgado pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) apontam que em 2008 a produção de set-top box no Polo Industrial de Manaus atingiu o acumulado de 6,35 bilhões de unidades.
Implantação em breve
Lançada em dezembro de 2006 em São Paulo, a previsão do governo federal é que em 10 anos o país inteiro terá que estar operando com a TV digital, pois o cronograma previsto é 2016. Até o segundo aniversário de implantação, especialistas e autoridades preveem que a TV digital brasileira estará implantada em todas as capitais e em cidadesimportantes do interior, já com os recursos de interatividade disponíveis após a conclusão de especificações técnicas.
São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS) já têm transmissão digital em HD e para dispositivos móveis e portáteis. Em Florianópolis (SC), Salvador (BA), Campinas (SP) e Manaus (AM) a tecnologia está sendo implantada.
Sistema digital japonês é preferido pelas operadoras
Estudo do universitário da Faculdade de Engenharia Elétrica e Telecomunicações da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e integrante voluntário dos projetos de Iniciação Científica “Telecomunicações Entre Satélites” e “TV Digital”, Tiago Nogueira de Souza, aponta que o sistema japonês é o preferido das operadoras de televisão brasileira, e que só o Japão o utiliza.
O grande problema, avaliou, serão os investimentos iniciais, que são considerados altos para um país que tem sérios problemas educacionais e de saúde. Outro grande entrave será o prazo para que o sinal analógico seja desligado, segundo o CPqD são necessários 20 anos para que haja a troca de todos os televisores, porém o governo brasileiro já decretou que o prazo será de dez anos.
Na opinião do estudante, a implantação da TV Digital Brasileira será benéfica se bem utilizada por todos, não pode ser meramente política, mas um instrumento de inclusão digital e inserção de cultura para a população brasileira. “A rede brasileira -embora baseada integralmente no padrão Japonês ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial), por este se adaptar melhor às necessidades de energia e pela sua natureza aberta, sem possibilidade de cobrança pelas operadoras- foi acrescida de diversas modificações que a tornaram única, incompatível com das demais”, disse.