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Produção de motocicletas cresce no Polo Industrial de Manaus

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Instagram: @jcommercio

A produção das fábricas de motocicletas do PIM acelerou em julho, após a marcha a ré do mês anterior. O Polo Industrial de Manaus produziu 104.776 motos no sétimo mês de 2022, quantidade 3% superior à obtida em junho (101.695), apesar das férias coletivas. A alta foi de 10,3% na comparação com julho do ano passado (95.025). Com isso, o parque fabril da capital amazonense conseguiu sustentar uma expansão de 16,9% em suas linhas fabris, no comparativo do acumulado dos sete meses iniciais do ano (776.069), sendo este o melhor desempenho para o período desde 2015 (799.990).

Os números são da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), e foram divulgados nesta quinta (11). A média de vendas diárias se manteve em alta e as exportações aceleraram –embora ainda tenham ficado devendo em relação a 2021. Diante disso, a entidade manteve suas projeções para 2022, já revisadas no mês passado. A estimativa é encerrar o ano com altas de 10,5%, na produção (1,32 milhão), e de 8,9%, nas vendas internas (1,26 milhão).

“Mesmo com as férias coletivas de junho e julho, as associadas realizaram um grande esforço de produção para atender a demanda do mercado”, comemorou o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, em texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade. O dirigente se refere à corrida das montadoras para fazer com que a oferta se aproxime do aquecimento da demanda, diante dos entraves no fornecimento de insumos, para reduzir as filas de espera nas concessionárias.

Durante a mais recente coletiva de imprensa, a Abraciclo informou que, de uma forma geral, os estoques de produtos de categorias mais populares ainda estão abaixo da média nas concessionárias. Atualmente existe fila de espera para os modelos de baixa cilindrada e para as scooters, já que ambos são “muito utilizados” nos serviços de entrega e deslocamento urbano. O tempo de espera, conforme a entidade, é de cerca de 30 dias. No caso das motocicletas premium e de uso misto, o estoque nas concessionárias já teria sido normalizado.

Em entrevista anterior, Fermanian já havia mencionado que, caso seja atendida, a meta de 2022 deixará o segmento de motocicletas próximo aos patamares alcançados em 2014 (1.517.662). O presidente da Abraciclo lembrou, contudo, que os obstáculos ao crescimento ainda são significativos. “Mesmo com o aumento da expectativa de produção, seguimos atentos às diversas variáveis que poderão impactar negativamente o mercado, como a alta da inflação e o aumento da taxa de juros, que reduzem bastante o poder aquisitivo da população. Além disso, estamos num ano eleitoral e, como acontece sistematicamente, isso gera muito estresse no mercado”, ponderou.

Vendas desaceleram

A mesma base de dados da Abraciclo indica, entretanto, que o varejo nacional de motocicletas desacelerou, embora tenha se mantido ascendente na base acumulada. Em julho, foram licenciadas 107.449 motocicletas, volume 11% menor do que o do mês anterior (120.841), e 4,5% mais fraco do que o de 12 meses atrás (112.538). Os emplacamentos somaram 774.064 unidades de janeiro a julho, o que corresponde a uma alta de 18,2% na comparação com o mesmo período do ano passado (692.692). 

Com 21 dias úteis, julho registrou média diária de vendas de 5.119 unidades, no melhor resultado para o mês desde 2014, que teve 5.261 motocicletas emplacadas/dia. Na comparação com junho do mesmo ano (5.754 unidades vendidas/dia), que teve a mesma quantidade de dias úteis, houve queda de 11%. Em relação ao mesmo mês do ano passado (5.115 motocicletas licenciadas/dia), que teve 22 dias úteis, os licenciamentos praticamente empataram (+0,1%).

Em números absolutos, a região que mais emplacou motocicletas em julho foi o Sudeste (43.490), o que representa 40,5% do total do mercado. Na sequência estão o Nordeste (30.968 e 28,8%), Norte (13.369 e 12,4%), Sul (10.168 e 9,5%) e Centro-Oeste (9.504 e 8,8%). As posições foram mantidas no ranking do acumulado do ano.

As motocicletas de baixa cilindrada (até 160) representaram 82% das vendas no varejo, com 88.135 unidades comercializadas em julho. Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam por uma fatia de 14,1% do mercado, com 15.174 unidades. Já as motos acima de 450 cilindradas totalizaram 4.190 licenciamentos, o que correspondeu a 3,9% do total. A Street (59.353 e 49,6%) foi a categoria mais emplacada, seguida pela Trail (20.960 e 19,5%) e pela Motoneta (15.595 e 14,5%).

Pandemia e demanda

Procurada pela reportagem do Jornal do Commercio para falar de seu balanço e perspectivas de produção, a Moto Honda da Amazônia respondeu, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que a unidade fabril fabricou 80 mil motocicletas em julho, apresentando crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano passado. A produção local avançou 21% no acumulado dos sete primeiros meses de 2022 e somou 615 mil unidades. Mas, a montadora japonesa aponta que, assim como o aquecimento do mercado, a base de comparação também ajudou na performance.

“Esse resultado se deve ao impacto da Covid-19 nos primeiros meses de 2021, quando a produção da empresa foi fortemente afetada pelas restrições da pandemia. Mas, a demanda pela motocicleta segue aquecida, uma vez que o veículo tem desempenhado importante papel na mobilidade dos brasileiros. É uma alternativa de transporte rápido, econômico, além do baixo custo de manutenção. Em um cenário de aumento expressivo dos combustíveis, a economia na mobilidade de duas rodas se torna ainda maior. Outro fator também é a maior utilização da moto no segmento de delivery”, explicou.

A despeito dos problemas pontuais no fornecimento de partes e peças, a companhia também manteve suas projeções para 2022, que dão conta de um incremento de 10% ante 2021. “Os impactos da pandemia nas cadeias de suprimentos e no setor de logística tem gerado desafios para a produção, mas a empresa vem trabalhando continuamente junto aos fornecedores para manter os volumes estabelecidos. Até o momento, não temos um impacto programado na produção por falta de insumos, embora monitoremos essa situação constantemente”, ressalvou.

Boxe ou coordenada: Exportações ainda em baixa

As vendas externas aceleraram, mas ainda estão aquém do desejado. As exportações brasileiras de motocicletas subiram 8,1%, entre junho (4.592) e julho (4.962), mas acabaram tombando 17,7% no confronto com o dado de 12 meses atrás (6.026). De acordo com o portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, os embarques se concentraram na Colômbia (2.132 unidades e 40,6% do total exportado), Argentina (1.660 e 31,6%) e Estados Unidos (758 e 14,4%). A mesma base de dados informa que as vendas externas acumulam queda de 6,8% nos sete meses iniciais de 2022 (30.077), sendo que os mesmos países responderam pela maior parte da demanda.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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