O município de Manacapuru pode levar o Brasil à auto-suficiência na produção de juta e malva até o ano de 2010. A informação foi divulgada pela Sepror (Secretaria de Estado da Produção Rural), cujos dados apontam que, se a cidade otimizar os atuais recursos e elevar a produção em 300% em face ao atual volume produzido, poderá se tornar centro de referência na produção, distribuição e comercialização das fibras.
A declaração ocorreu no auditório Sesc (Serviço Social do Comércio), na sede administrativa de Manacapuru, a 84 quilômetros de Manaus. Na ocasião, foi repassada oficialmente a quantia R$ 2,1 milhões aos representantes dos agricultores cultivadores de juta e malva de Manacapuru, Anamã, Beruri, Caapiranga, Iranduba, Itacoatiara, Manaquiri, Parintins e Codajás. Segundo dados fornecidos pela Sepror, ao todo, serão cerca de 3,5 mil famílias beneficiadas.
O município, antes conhecido como o grande produtor local de juta e malva do Estado, absorveu 57,14% da quantia, cerca de R$ 1,2 milhões que irão beneficiar diretamente 600 produtores locais.
A subvenção é parte do valor do produto que é repassada pelo governo como forma de minimizar as perdas causadas pela deslealdade comercial ocorrente na relação de compra, venda, travessia e repasse da mercadoria. O quilo da juta in natura custa entre R$1 e R$1,25. O governo pagaR$ 0,20 por quilo produzido restituindo as perdas.
O Brasil vai se tornar auto-suficiente em juta e malva
O Brasil consome 20 mil toneladas de juta e malva por ano, dessas, 13 mil toneladas são oriundas do Amazonas e 80% de Manacapuru. “Precisamos acabar com essa subordinação para aquisição de insumos. Já tomamos as providências e o Brasil vai se tornar auto-suficiente a partir da produção de Manacapuru”, afirmou o secretário.
De acordo com o titular da Sepror, estão sendo implantadas duas empresas de beneficiamento e tecelagem do material no próprio município. Até o ano de 2010, esses empreendimentos devem gerar cerca de 14 mil postos de trabalho e centenas de empregos indiretos. Outra iniciativa positiva é a implantação de um pólo sementeiro, com a finalidade de abastecer o mercado local. “Estamos montando e dotando-nos de infra-estrutura para restaurarmos a cidade”, afirmou.
A produção de sementes foi um dos destaques do encontro. Bezerra afirmou que a cidade já iniciou a implantação do sistema sementeiro e explicou que é muito similar ao de incubação. “Para fornecer sementes integralmente aos agricultores, manteremos uma central de abastecimento funcionando o ano inteiro. Pretendemos anular a importação e dependência desses produtos de países como Índia e Bangladesh”, afirmou.
Com a firmação de um convênio assinado com o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), Bezerra assegurou ter captado recursos da ordem de R$ 11 milhões para a realização de investimentos em assistência técnica no Idam (Instituto de Desenvolvimento do Amazonas). Segundo ele, a verba vem proporcionar melhorias na estrutura física, atendimento e capacitação de profissionais e trabalhadores rurais.
Quantia vem em boa hora
O presidente da Faea (Federação da Agricultura do Estado do Amazonas), Eurípedes Lins, esteve presente na solenidade e abordou a questão da política de preço e processo burocrático como entraves para o desenvolvimento do setor.
Para Lins, as medidas voltadas para o crescimento e melhoria dos processos produtivos somam papel importante para recuperar economicamente o município, além de favorecer diretamente milhares de famílias. “O homem simples, do interior, só precisa de um incentivo para produzir, mas é preciso que sejam oferecidas condições dignas e viáveis”, disse.
Para o agricultor Geraldo Soares da Silva, a quantia vem em boa hora e vai ser aplicada em novos implementos agrícolas para incrementar os negócios. Sua produção girou em torno de 16 toneladas na última safra, o que lhe gerou uma quantia de R$ 3,3 mil. “Esse dinheiro nos serve como estímulo para