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Produção de bicicletas no PIM deve manter o mesmo nível do resultado do ano passado, segundo a Abraciclo

Marco Dassori

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Assim como ocorrido no braço motorizado do polo de duas rodas, a indústria de bicicletas do PIM resolveu rever suas projeções para 2022. Mas, neste caso, a correção está sendo feita drasticamente para baixo. A nova perspectiva da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) é fechar o ano com 750 mil unidades produzidas, o que indica um virtual empate (+0,10%) com o número de 2021 (749.320 bicicletas). Até então, a expectativa era crescer 17,44% e fabricar 880 mil bicicletas. 

O rebaixamento das apostas no polo de bicicletas segue em linha com o declínio dos números de produção do segmento, registado no primeiro semestre. No período, foram fabricadas 335.744 bicicletas, volume 5,6% menor do que o apresentado em igual intervalo do ano passado (355.717). O tombo foi ainda maior em junho, quando foram fabricadas apenas 48.210 unidades, em nova oscilação nas linhas de montagem. Houve recuo de 15,2% na comparação com maio (56.845) e decréscimo de 27,8% em relação ao mesmo mês do exercício anterior (66.774). 

Pelo terceiro mês seguido, a Abraciclo não divulgou os dados de exportação, mas destaca que a demanda interna segue firme, embora encontre obstáculos no afunilamento de mercado – em razão da crise econômica – e na capacidade de oferta – em virtude da resiliência nos gargalos da cadeia global de insumos industriais. Os modelos Moutain Bike seguem como os favoritos do consumidor, mas as bicicletas elétricas continuam ganhando mais espaço no mercado. É o que apontam os dados apresentados pela entidade, durante coletiva de imprensa realizada em Manaus, nesta terça (12).

“Novo momento”

O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, informa que a redução nas estimativas de produção se deve principalmente às mudanças no perfil do mercado, dada a perda de poder aquisitivo das fatias majoritárias dos consumidores, diante do aumento da inflação e dos juros. “As bicicletas de entrada, que tiveram um “boom” de vendas nos últimos dois anos, agora têm uma procura menor, enquanto os modelos de médio e alto valor agregado tiveram aumento significativo na demanda”, explicou, acrescentando que a indústria de bicicletas encerrou 2021 em um patamar de produção acima da média e passa agora por ajustes.

O dirigente informa que as fabricantes estão trabalhando para ajustar suas linhas de produção e negociando com a cadeia logística para atender ao “novo momento do mercado”. Ele ressalva, contudo, que o reajuste de produção não pode ser feito “de uma hora para a outra” e requer planejamento “bastante minucioso”. O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo lembra ainda que as empresas continuam impactado pela escassez global de peças e componentes. Em torno de 50% dos insumos são importados – principalmente da Ásia –, como sistemas de freios, sistemas de transmissões, suspensões e selins.

Cyro Gazola ressalta que o segmento registrou, em dois anos consecutivos, aumento significativo na demanda por bicicletas. Acrescenta também que o modal é utilizado nas mais diversas formas, como transporte individual, instrumento de trabalho e lazer. “Esse foi um movimento que aconteceu no mundo inteiro, principalmente no Brasil. Hoje passamos por uma nova realidade e estamos adaptando a produção para atender a nova demanda”, amenizou. 

O executivo lembra da importância do trabalho da Abraciclo no sentido de sensibilizar as administrações públicas em torno da importância e segurança da ampliação da malha de ciclovias. E considera que a bicicleta está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, o que sinaliza um mercado ainda promissor, no curto prazo. “O modal virou sinônimo de mobilidade segura, sustentável e saudável, e muitas pessoas incorporaram o hábito de pedalar no seu dia a dia. O Brasil adotou a bicicleta aos seus hábitos de vida. Pedalar está se tornando um programa de família cada vez mais difundido”, enalteceu.

Em síntese, o dirigente reforça que, passados dois anos de problemas com o fornecimento de partes e peças, as empresas estão retomando os ajustes em seus “estoques de segurança” e se preparando para resultados melhores no segundo semestre, que oferece datas fortes para o segmento, a exemplo do Dia das Crianças, da Black Friday e do Natal e do “atendimento do verão”. “As inovações trazidas pelas nossas associadas vão continuar fortalecendo o mercado. As empresas estão comprometidas em investir ainda mais em tecnologia. Cada vez mais vamos trazer não só produtos de médio e alto valor agregado, mas também soluções mais acessíveis que podem caber no bolso do consumidor”, afiançou.

Categorias e regiões

Com 27.340 unidades e 56,70% do volume total produzido, a Moutain Bike seguiu como a categoria mais produzida em junho, mas recuou 16% ante maio de 2022 e despencou 26% no confronto com junho de 2021. Em seguida estão os modelos Urbana/Lazer (29,1% e 14.028), Infantojuvenil (11,1% e 5.331) e a minoritária Estrada (0,7% e 358). A única que apresentou alta anual foi a infantojuvenil (+48,02%), embora esta também tenha encolhido na variação mensal (-39,5%). “A MTB é a preferida pelos brasileiros por ser mais versátil. Apesar de terem sido desenvolvidas para uso em terra, encaram com facilidade o asfalto, mesmo rodando em trajetos e pisos irregulares”, frisou Gazola.

Dona dos melhores resultados nos últimos meses, a também minoritária categoria Elétrica (2,4% e 1.153) também não escapou de aparecer com resultados negativos em ambas as comparações (-46,7% e -1,7%). Até o mês passado, a projeção da Abraciclo era de crescimento de 45,7% (15 mil), mas desta vez a entidade não se pronunciou sobre o assunto. “A bicicleta elétrica é uma opção para quem quer aderir ao transporte limpo e sustentável. Excelente alternativa de mobilidade urbana, é tendência de vendas em todo o mundo, representando mais de 50% das vendas de bicicletas no mercado europeu”, enfatizou vice-presidente do segmento de bicicletas.

No acumulado do ano, o Sudeste foi a região que recebeu o maior volume de bicicletas fabricadas no PIM. Foram enviadas 198.052 unidades, o que corresponde a 59% do total fabricado. Na sequência estão o Sul (66.275 e 19,7%), o Nordeste (31.696 e 9,4%), o Centro-Oeste (22.897 e 6,9%) e o Norte (16.824 e 5%). O maior índice de crescimento veio do Norte (+32,6%). No ranking mensal, as posições foram praticamente as mesmas. As três primeiras posições foram mantidas no ranking mensal, enquanto o Norte e o Centro-Oeste trocaram de lugar.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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