Pesquisar
Close this search box.

Procuradoria defende continuidade de investigações no Javari

Parece que desta vez é para valer. O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu a continuidade das investigações sobre o assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, para que sejam avaliadas as possíveis conexões entre os envolvidos e as organizações criminosas que atuam na Região Amazônica.

No domingo (19), Aras esteve em Tabatinga (AM), onde participou de reuniões com lideranças indígenas, procuradores da República lotados no Estado, além de autoridades estaduais e federais responsáveis pela investigação do duplo assassinato.

“Deixamos claro o nosso apoio e nosso compromisso em contribuir para que o caso seja totalmente esclarecido e todos os envolvidos sejam responsabilizados”, declarou Aras, em nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República.

Segundo Aras, também é necessário aprofundar as investigações a fim de definir se compete ao Ministério Público federal ou estadual acompanhar o caso. Phillips, que era colaborador do jornal britânico ‘The Guardian’, e Pereira, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), foram emboscados e mortos, há duas semanas, enquanto se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM).

Três suspeitos de participação no crime estão detidos. Além disso, a força-tarefa que reúne órgãos de segurança federais e estaduais e que investiga o caso já anunciou que ao menos outras cinco pessoas podem estar envolvidas no assassinato. Embora a apuração ainda não tenha sido concluída, a PF antecipou, no último dia 17, não ter encontrado indícios de que o crime tenha sido encomendado.

A Univaja (União dos Povos do Javari) discordou da conclusão da PF. A entidade – para a qual Bruno prestava serviços desde que se licenciou, sem vencimentos, do seu cargo na Funai -, afirma ter repassado informações sobre organizações criminosas que atuariam na região e que poderiam ser as responsáveis pelas mortes do indigenista e do jornalista. Em nota, a entidade solicita que as investigações continuem e que nenhuma hipótese seja descartada. “Só assim teremos a oportunidade de viver em paz novamente em nosso território, o Vale do Javari”, diz a nota.

Segundo a PGR, representantes indígenas reforçaram a necessidade do Estado cumprir seu papel de fiscalização e combate ao crime naquela área. “O procurador-geral da República se comprometeu a realizar a interlocução com o Ministério da Defesa e discutir a possibilidade da edição de decreto que autorize Garantia da Lei e da Ordem para o Vale do Javari, ainda que de forma temporária, de modo a reforçar a presença das forças policiais no local”, informa a PGR, em nota.

Além de defender a continuidade das investigações sobre o crime, Aras disse que dará continuidade à reestruturação do Ministério Público Federal na Região Amazônica. A medida administrativa já tinha sido anunciada em maio deste ano, como uma providência para reforçar o trabalho do MPF na Amazônia, com a implementação de 30 novos ofícios. “Desse total, dez serão exclusivos de atribuição regional. Isso significa mais procuradores da República para ajudar colegas lotados em cidades como Tabatinga, por exemplo”, afirmou Aras,. “Volto a Brasília disposto a mover as instâncias do Estado para a defesa da Amazônia e seus cidadãos, sejam eles indígenas isolados ou não”, acrescentou o procurador.

Perfil

Eles desafiam o poder público

As facções criminosas chegam ao ápice de tanta ousadia, desafiando o poder público, que se sente praticamente impotente para combater suas ações. As investigações de que integrantes desses grupos criminosos estão envolvidos no atentado a uma viatura da polícia em frente ao Fórum Henoch Reis, em janeiro, mensuram muito bem como estamos à mercê de bandidos em Manaus, a exemplo de outros grandes centros do País, como Rio de Janeiro e São Paulo. Revivemos situações de completa anarquia.

Ontem, a Polícia Civil prendeu dez integrantes do Comando Vermelho. Eles metralharam o veículo onde eram transportados detentos de outra facção para uma audiência de custódia. Seus nomes (na realidade, codinomes) são tão bizarros que refletem suas altas periculosidades. São alcunhas impregnadas de trajetórias de crimes marcados por muita violência e crueldade. Um poder paralelo, que impõe suas próprias regras e corrompe até autoridades, age espalhando o terror. O tribunal do crime costura estratégias sutilmente. E mata sumariamente quem não cede a seus interesses e caprichos, algo que remonta a épocas de grandes barbáries. Isso é fato.

Indígenas

Lideranças indígenas estão em Brasília para cobrar ações mais enérgicas pela morte do jornalista Dom Phillips e de Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari, em Atalaia do Norte. Eles tiveram, inclusive, seus corpos desmembrados. O caso chocou o mundo pelos requintes de crueldade. Até agora, oito pessoas são investigadas pelo crime, mas só três estão presas. E estima-se que os irmãos Amarildo e Oseney Oliveira tenham agido a mando de um grupo criminoso. É possível. Aquela região é muito cobiçada.

Indígenas 2

O procurador-geral da República, Augusto Aras, esteve no final de semana em Manaus tratando do assassinato de Dom Phillips e de Bruno Pereira, no Vale do Javari. Ele manteve conversações com lideranças indígenas e do sistema de segurança no Estado. É a resposta à pressão da comunidade internacional cobrando do Brasil mais proteção à Amazonia, aos índios e ainda a pessoas abnegadas que lutam pela causa ambiental e pela defesa dos povos tradicionais. É hora de termos mais ações efetivas.

Motociata

Enquanto Augusto Aras se encarregava de definir estratégias para combater ações criminosas no Vale do Javari, Bolsonaro se deleitava com mais uma motociata em Manaus, acompanhado de uma legião de seguidores. O presidente só extravasava satisfação e alegria, parecendo um playboy abastado que lembra os príncipes ingleses e burgueses endinheirados dos Estados Unidos. Vários grupos étnicos são ameaçados. A ZFM corre risco com a redução do IPI. Mesmo assim, o chefe da nação é bajulado.

Petrobras

A escolada dos preços dos combustíveis gera uma crise na política do governo Bolsonaro. O mais recente aumento na gasolina acirrou ainda mais o problema, culminando com a renúncia do presidente da empresa, José Mauro Coelho. Ele não aguentou tanta pressão. Os reajustes constantes no setor conspiram contra a campanha de reeleição, fortalecendo a possiblidade de Lula voltar a ocupar a Presidência. Pelo andar dos acontecimentos, o petista tem chances de vencer.

Parcerias

O governador Wilson Lima (UB) e o prefeito David Almeida (Avante) reforçam a parceria para grandes obras na capital, vistas como estratégias pela reeleição. Lima se cola à imagem de Almeida para comandar o Estado por mais quatro anos, preparando o terreno para a candidatura de Almeida ao governo em 2026. Agora, os dois anunciaram um convênio de pelo menos R$ 13 milhões para a construção do novo Terminal Rodoviário de Manaus. Os caminhos dessa empreitada estão traçados.

Homenagem

O agora pré-candidato Sabá Reis foi recebido com tapete vermelho durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa, ontem. A Casa entregou ao ex-secretário a Medalha Ruy Araújo pelos serviços prestados à população. É a mais alta comenda do legislativo. A proposta é do deputado Sinésio Campos (PT), que reverencia o colega político como um “ser humano de caráter, tendo incansável luta pela ética na política e na vida pública”. Nem sempre eles (os políticos) refletem a realidade. Sempre há interesses.

Sabotagem

A direção do Porto de Manaus investiga a possibilidade de sabotagem no flutuante das torres que naufragou na tarde de sexta-feira (17). Segundo o órgão, as tampas de vedação das boias foram roubadas. Nenhuma embarcação foi danificada. Por lá, trafegam diariamente caminhões de grande porte que transportam toneladas de produtos, sem contar com os veículos pequenos. Sabotando ou não o sistema, constata-se que a estrutura está corroída pelo tempo. E precisa de novos reparos.

Covid

Não foi falta de alerta. A Covid-19 começa a aumentar no Amazonas, apesar de maior cobertura vacinal, tanto em Manaus como nos municípios do interior. As autoridades de saúde sempre recomendam a manutenção dos cuidados preventivos, porém grande parte da população vem relaxando o uso de máscara, de álcool em gel, sem evitar aglomerações. Negligenciar essas medidas é como dar um tiro no pé. Claro, a doença arrefeceu, e muito. No entanto, a guerra contra o coronavírus ainda não foi vencida.

FRASES

“Começamos a montar estratégias”.

Wilson Lima (UB), governador, após reunião com o procurador-geral Augusto Aras.

“Nossa ideia é propor uma CPI”.

Jair Bolsonaro (PL), presidente, defendendo investigações na Petrobras.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar