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Principais portos do país perdem competitividade por falta de dragagem

A falta de investimentos em dragagem nos principais portos, para permitir a atracação dos grandes navios graneleiros, é um fator que eleva os custos logísticos e limita a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional. A SEP (Secretaria Especial de Portos) conta com um orçamento de R$ 1,3 bilhão para realizar estas operações, mas o especialista em logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Tarso Vilela de Resende, calcula que seriam necessários cerca de R$ 4 bilhões para o aprofundamento dos canais que dão acesso aos terminais portuários.
“Existe uma relação direta entre profundidade do canal e calado do navio. O problema é que canais de baixa profundidade só permitem navios de pequeno porte, o que acarreta em menor capacidade de transporte, queda do volume escoado e maior tempo de espera. São fatores que puxam os custos portuários”, enumera Resende.
Ele explica que o governo empenhou esforços para melhoria dos portos brasileiros nos últimos três anos, através do Plano Nacional de Dragagem, que usa recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas o volume ainda é insuficiente para compensar quase duas décadas de falta de investimentos. “Em três anos, os portos receberam mais investimentos que a média dos últimos 18 anos. Mas são recursos insuficientes para reduzir o gap deixado pelo período anterior”, afirmou.
Diante da expectativa de expansão das exportações do agronegócio para US$ 74 bilhões em 2008, os exportadores questionam a capacidade dos portos brasileiros de receber grandes navios graneleiros. A CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil) estima que a deficiência dos portos poderá gerar perdas de até R$ 5 bilhões neste ano, especialmente entre os produtores dos Estados conhecidos como fronteiras agrícolas, no Centro-Oeste.
Estimativa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) aponta que seriam necessários R$ 12 bilhões para melhorar a condição dos portos brasileiros. O valor inclui investimentos em equipamentos, terminais de armazenagem, acesso portuário e aumento de berços. O vice-presidente da CNT para Transporte Aquaviário, Meton Soares Junior, afirma que este é um problema de muitos terminais brasileiros. “São décadas de falta de investimentos, mesmo sabendo dos gargalos nos portos. O problema da dragagem, por exemplo, se arrasta há anos”, afirmou Soares Junior.
Levantamento realizado pelo consultor para logística da CNA, Luiz Antonio Fayet, mostra que no ano passado embarcações do tipo Panamax, com capacidade para carregar até 60 mil toneladas, deixavam o porto de Paranaguá com dez mil toneladas a menos. “Neste ano, a situação está pior; são quase 16 mil toneladas a menos por navio Panamax que deixa o porto”, afirmou.
Para embarcações deste tipo, seria necessário, segundo Fayet, um calado mínimo de 14 metros. Entretanto, o canal de acesso no porto de Paranaguá, um dos principais pontos de escoamento de grãos do país, tem apenas 11,30 metros de profundidade. No porto de Santos, o plano de dragagem prevê a ampliação do calado, dos atuais 12 metros para 15 metros. O projeto, previsto no PAC, está estimado em R$ 167 milhões para ser realizado entre 2007 e 2010.

Volume em crescimento

Embora os especialistas do setor afirmem que o problema afete praticamente todos os portos nacionais, alguns terminais, como Santos, São Francisco do Sul e Rio Grande, têm registrado crescimento no volume escoado devido ao aumento da produção brasileira. O volume de soja em grão embarcado pelo porto santista no primeiro semestre deste ano cresceu 37% ante o mesmo período de 2007.
Já no porto paranaense, os embarques do grão no período foram 6,7% maiores na comparação com o ano anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. Considerado todo o complexo soja, o volume embarcado cresceu até 19% (caso de Santos) de janeiro a junho deste ano, enquanto em Paranaguá os embarques aumentaram apenas 1,6% no período.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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