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Primeiro trimestre negativo para imóveis no Amazonas

A indústria imobiliária do Amazonas encerrou o primeiro trimestre de 2021 com seu primeiro resultado negativo em três anos, em paralelo com a segunda onda e o agravamento da crise da covid-19. As vendas acumularam R$ 162 milhões de janeiro a março deste ano, sendo 46,15% menores do que as do (R$ 234 milhões) e 20,97% inferiores à do mesmo período de 2020 (R$ 205 milhões). os dados foram divulgados pela Ademi-AM (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas), nesta quarta (12).

A entidade informa, contudo, que as vendas de imóveis horizontais avançaram 15%, em sintonia com uma maior preferência da clientela do Amazonas pelas casas, em tempos de pandemia em alta. A Ademi-AM também destaca que o desempenho de março já foi melhor e estima que a tendência é de uma retomada no segundo semestre. Mas, já corrigiu a projeção de ultrapassar R$ 1 bilhão em vendas e avalia que 2021 não deve ser muito melhor do que 2020 (R$ 957 milhões), em função da pandemia, da burocracia para aprovar projetos e da dificuldade de precificar produtos, em face da inflação dos insumos. 

No total, as empresas do mercado imobiliário do Amazonas venderam unidades 714 unidades no terceiro trimestre, sendo que 87,3% foram residenciais (623), 11,1% horizontais (79) e 1,7% comerciais (12). As unidades de dois dormitórios (527) responderam por 73,8% do volume comercializado total pelo segmento no Estado, assim como por 84,6% dos imóveis residenciais. Unidades com três (72), quatro (18) e um (3) dormitório vieram na sequência. Entre as coberturas, foram registradas vendas de apenas três unidades, de três cômodos, cada. 

Em um universo de 101 empreendimentos (vertical, horizontal e comercial) e 35.022 ofertas lançadas, foram registradas 5.303 ofertas iniciais, com 994 unidades vendidas e 280 distratadas, resultando em 714 vendas líquidas. Como resultado, a VSO (venda sobre a oferta) líquidos foi de 13,5% (4.589 unidades). Em termos de vendas, Parque Mosaico (236), Colônia Nova Terra (118), Jardim Manaus (98), Novo Israel (84), Ponta Negra (77) e Lírio do Vale (47) encabeçaram as vendas, respondendo por 66,3% do volume comercializado pelo mercado imobiliário do Amazonas, no primeiro trimestre de 2021. 

Saldo e expectativas

O desempenho de março foi um balde de água fria para o mercado imobiliário do Amazonas. As empresas haviam encerrado 2020 com crescimento de 18% em vendas (R$ 957 milhões), resultado abaixo dos 23% projetados (R$ 1 bilhão) e dos 35% registrados em 2019. Ainda assim, como o cenário nacional mostrou um número dado de crescimento aquém do local (+9,8%), as expectativas para 2021 eram boas – antes da segunda onda.

“O resultado não era esperado, assim como não era esperada essa segunda onda da pandemia no Estado. Se compararmos com o ano passado, vai ter uma diminuição substancial e chega a 15% em termos de unidades. Janeiro que costuma ser fraco em vendas, mas o faturamento caiu muito em relação a dezembro. Em fevereiro, baixou mais ainda, uns 10%. Mas, em compensação, esse valor dobrou em março. Se o volume de vendas de março fosse mantido em janeiro e fevereiro, teríamos um resultado bem melhor”, lamentou o presidente da Ademi-AM, Albano Maximo.

Em âmbito nacional, a indústria da construção iniciou o ano com expectativa de crescer 4%, o que corresponderia à sua maior alta desde 2013. Mas, já corrigiu a estimativa para uma elevação menor (+2,5%). O dirigente diz aguardar uma pequena melhora para o mercado do Amazonas, no segundo trimestre, mas com “um valor não muito alto”. A expectativa é de uma retomada mais forte só a partir do segundo semestre, dado que há muitos projetos aguardando aprovação pelos órgãos ambientais e, por isso, “os lançamentos ainda não começaram a acontecer”. 

“Acredito que as vendas de 2021 devem ficar praticamente no mesmo patamar de 2020. Não deve decolar muito disso, não. Até porque estamos perdendo um semestre, mais ou menos. Os números que temos hoje apontam que a atividade de construção civil está voltando aos níveis de julho e agosto do ano passado”, avaliou.       

Custos e burocracia

Albano Máximo ressalva que, a despeito do relativo arrefecimento da pandemia, ainda há obstáculos consideráveis para a atividade crescer. Um dado negativo vem do fato de que as empresas do mercado imobiliário do Amazonas contabilizou apenas um lançamento nos três primeiros meses deste ano, no segmento residencial. Foi um número significativamente menor do que o registrado no terceiro (6) e no quarto trimestre de 2020 (5) – embora tenha empatado com o registro do primeiro trimestre do mesmo ano. 

“Os lançamentos só devem começar a partir de agora. Temos dois cenários que impactam muito os lançamentos imobiliários. O primeiro deles é o aumento de preços para a atividade. Só para se ter uma ideia, o INCC [Índice Nacional de Custo de Construção], da FGV [Fundação Getúlio Vargas], já subiu 12%, no acumulado de 2021. Dentro do indicador a parte de materiais subiu 28%. Isso dificulta a formação de preços para novos empreendimentos. Muitos incorporadores estão aguardando a estabilização doe mercado para poder formar preço e começar a vender”, alertou.

Outro ponto levantado pelo presidente da Ademi-AM é que as empresas estão tendo “um problema bastante grave” para aprovar projetos. O setor chegoua comemorar a transferência da análise dos licenciamentos ambientais para projetos multifamiliares, da Semmas (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade) para o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), em outubro do ano passado, considerando que mudança reduziria a burocracia no processo. A atribuição, entretanto, voltou ao âmbito do órgão municipal, em 25 de janeiro deste ano. 

“Essa demora ocorre pela mudança na gestão da Prefeitura de Manaus, e pela reestruturação na Semmas. Com isso, estamos com um acúmulo de projetos para apreciação na área do meio ambiente. Há oito meses, aproximadamente, não tínhamos aprovação nenhuma. As primeiras aprovações recomeçaram a partir deste mês. Então, só devemos ter lançamentos a partir do segundo semestre”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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