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Prévia do PIB no Estado do Amazonas abaixo da média nacional

Fátima Garcia

A prévia do PIB colocou o Amazonas abaixo da média nacional em março, mês do início das medidas mais duras de isolamento social para combater a pandemia do Covid-19. O recuo do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) foi de 6,33% em relação a fevereiro, após dois meses seguidos de queda do Estado. Na mesma comparação, o Brasil retrocedeu 5,90%. Em relação a março de 2019, o decréscimo foi de 1,74% para a região e de 1,52% para o país.

Melhores resultados vieram dos acumulados. O Amazonas teve incremento de 0,25% na comparação dos três meses iniciais do ano passado, e avançou 4,64% no aglutinado de 12 meses encerrado em março. Saiu-se bem melhor do que o país, que colecionou números mais baixos (-0,28% e +0,75% respectivamente). Na virada do quarto trimestre de 2019 para o primeiro de 2020, no entanto, o Estado voltou a performar abaixo da média brasileira (-1,95%) e desabou 3,31%.  

O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira e ajuda o BC a tomar suas decisões sobre a taxa básica de juros. Embora incorpore dados sobre o nível de atividade da indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos, sua divulgação não informa o desempenho de cada um. 

A metodologia de cálculo do Banco Central é diferente da empregada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), responsável pela divulgação oficial do PIB brasileiro, marcada para a próxima sexta (29). Uma análise dos números divulgados por este último, entretanto, podem dar uma ideia da trajetória de cada um dos setores econômicos do Amazonas e de sua contribuição para a retração sofrida pelo IBC-Br em março.

Setores e arrecadação   

O pior desempenho veio do comércio, conforme o IBGE. Depois de avançar 3,5% na passagem de janeiro para fevereiro, o varejo amazonense viu suas vendas desabarem 16,5% na virada para março, mês marcado pelo começo das medidas governamentais de isolamento social. Em relação ao mesmo período de 2019, a retração foi de 5,6% (contra os +13,6% anteriores). Os acumulados do ano (+6%) e de 12 meses (+9,8%) sofreram erosão, mas permaneceram em terreno positivo. 

Em paralelo, a indústria do Amazonas também encolheu. O setor recuou 11% em relação a fevereiro, na maior redução mensal em quatro anos, e com muito mais força do que no registro anterior (-2,5%). A queda registrada no confronto com março de 2019 foi de 5,7%, igualmente mais forte do que a do levantamento precedente (-2,8%). O desempenho fez o Amazonas encerrar o trimestre (-1,2%) no vermelho, mas o acumulado de 12 meses (+5,2%) seguiu em campo positivo.

Em contraste, o setor de serviços trilhou caminho inverso. O volume registrado pela atividade avançou 1,9% frente a fevereiro de 2020, na direção contrária do levantamento anterior (-4,4%). Ante março de 2019, houve expansão de 3,3%, mais forte que a marca anterior (+2%). No trimestre, a alta foi de 5,4% e no acumulado de 12 meses, de 4,6%. O Estado superou a média nacional em todas as comparações (-6,9%, -2,7%, -0,1% e +0,7%, respectivamente).  

A arrecadação estadual também foi menor, segundo a Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda). Totalizou R$ 1,08 bilhão, pela soma dos impostos, taxas e contribuições de melhoria (R$ 942,18 milhões) e outras contribuições econômicas (R$ 143,49 milhões) – os fundos FTI, FPMES, UEA, FECOP, FPS e FSDH. Houve recuo de 7,69% ante fevereiro de 2020 (R$ 1,17 bilhão) e alta de 14,69% no confronto com março de 2019 (R$ 941,62 milhões). No trimestre, o Estado acumulou R$ 3,43 bilhões (2020) contra R$ 3 bilhões (2019), um aumento de 14,33%.  

Enfraquecimento pré-crise

Embora tenha considerado o número elevado para um período em que a pandemia do novo coronavírus e suas medidas de contenção estavam apenas começando na região, o presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco Assis Mourão Junior, observa que a economia já enfrentava dificuldades antes mesmo da instalação da crise do Covid-19, traduzidas em instabilidade política, confiança abaixo do esperado, decolagem do dólar e o persistente desemprego de dois dígitos.

A base de dados do IBC-Br confirma a avaliação, ao revelar que janeiro e fevereiro – quando o novo coronavírus ainda se restringia ao noticiário internacional – já pontuavam números negativos na prévia do PIB regional. O Amazonas entrou o ano com retrocesso de 1,54% em relação a dezembro, embora tenha mantido aumento de 2,42% ante janeiro de 2019. Fevereiro apresentou queda de 0,05% para a variação mensal e alta de 0,05% no desempenho anual.

“A economia já estava enfraquecida pela falta de confiança, já que o governo federal não teve fôlego para ir além da Reforma da Previdência. Enfrentávamos uma baixa demanda, depois do ‘voo de galinha’ do PIB de 2019. Foi um alivio seguido pelo começo de uma nova crise. A alta do dólar pesou no custo dos insumos do PIM e, para completar, estivemos entre os primeiros Estados a ficar sem componentes, graças à crise do Covid-19. Os números de março já foram ruins, mas os próximos meses tendem a ser piores”, arrematou.

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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