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Preservar e locomover

Há muitos anos, a preservação do meio ambiente era vista de forma longínqua da nossa realidade. O que víamos nos anúncios de jornais ou ainda pela televisão eram as ações de ativistas de ONGs, que comprometidos com a preservação ambiental se embrenhavam por matas, rios e mares, dispostos a uma luta, que não era apenas deles, mas também de todas as nações.
Como a questão da preservação tomou ares emergenciais, caso contrário não haverá mais condições humanas para sobrevivência no planeta, a situação bateu as portas de todos os habitantes e o que, até então, parecia cena de ficção, virou uma triste realidade. Nós, moradores dos centros metropolitanos, temos uma questão que permeia em nossas cabeças: como conseguiremos preservar o meio ambiente num grande centro urbano, se mal conseguimos ver o verde? É o caso da cidade de São Paulo.
Além de optar pelo consumo de produtos considerados como “ecologicamente corretos”, que já virou até modismo e evidentemente tem grande valia, temos que nos atentar também ao transporte utilizado uso no dia-a-dia. Do que adianta comprar um produto feito de material reciclado, fazer a separação correta do lixo e outras ações, se ao mesmo tempo os veículos que utilizamos despejam quantidades enormes de gases poluentes na atmosfera?
Só na cidade de São Paulo circulam diariamente, segundo dados do Detran, 6 milhões de veículos, dentre carros, ônibus, motos e caminhões, que são conhecidos como fontes móveis de poluição, sem contar com os detritos despejados pelas fábricas e empresas, e ainda pela própria população nos rios e córregos. Assim, se faz notório que São Paulo é a metrópole da poluição, ou melhor, recoberta por ela. Poluição que é responsável pela morte de 11 a 14 pessoas diariamente, segundo dados da USP – Universidade de São Paulo.
Para tentar amenizar ou reverter o quadro que nos encontramos, a prefeitura da cidade, por meio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, vem realizando programas de inspeção veicular e assim garantir que os veículos pesados estejam dentro das normas aceitáveis de emissão de gases e evitar que deteriorem mais o ar. Já há sinais de que a partir de 2009, os carros de passeio também deverão passar por um procedimento similar.
Caminhamos, não é mais novidade, para a escassez dos recursos naturais que viabilizam a nossa própria existência. No entanto, os moradores das grandes metrópoles sentem isso quando passam pelos racionamentos de água, quando sentem mal-estar ou uma insuficiência respiratória. E se pararmos para pensar, a culpa nunca recai sobre nós mesmos, apenas para o motorista do carro ao lado, também parado no congestionamento.
E ainda vem em mente a superlotação de carros na cidade. Por outro lado, nós mesmos fazemos uso do nosso veículo particular diariamente e nunca utilizamos o transporte coletivo, seja ele, público ou privado. É a hora de pensar na real e íntima contribuição para a melhoria do ar respirado.
Se passarmos a considerar a locomoção numa grande metrópole como necessidade básica para a sobrevivência – e assim garantir o acesso ao trabalho e, conseqüentemente, converter os nossos salários em alimentação, saúde, escola etc., – caso não fizermos o uso racional de nossos carros, é pragmático dizer que num futuro, não muito distante, já não haverá mais condições saudáveis do ar para realizarmos tudo isso. Faça a opção do transporte coletivo, um ônibus de fretamento tira 15 carros da rua. Você poluirá menos e ganhará mais anos de vida e a permanência do meio ambiente saudável.

SILVIO TAMELINI é empresário, presidente da Fresp (Federação das Empresas de Fretamento do Estado de São Paulo) e do Transfretur – Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros e para Turismo de São Paulo e Região). e-mail: [email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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