Um estudo sobre a relação custo-benefício da recuperação da rodovia BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, mostra que o prejuízo mínimo da obra seria de R$ 315 milhões durante os próximos 25 anos. Na projeção mais pessimista, o saldo negativo seria de R$ 2,2 bilhões se fossem levados em considerações os danos ambientais causados. O estudo foi realizado pela CSF-Brasil (ONG Conservação Estratégica).
Para realizar o cálculo, foram consideradas as emissões de carbono, as perdas de potencial de uso da biodiversidade para a criação de produtos farmacêuticos e o valor que sociedade atribui à floresta em pé, mesmo sem o uso dela.
O asfaltamento geraria grilagem de terras, extração predatória da madeira, pecuária, desmatamento e atrairia migrantes e assentamento rurais. A região é alvo de preocupações, por se tratar de uma área da região amazônica muito preservada e com alto valor em biodiversidade.
Segundo o estudo, para cada real investido na rodovia, apenas 33 centavos resultariam em benefícios. Apesar disso, o Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, apresentou no último dia 19 um Estudo de Impacto Ambiental que a rodovia terá em Manaus.
Ao longo da estrada serão demarcadas UCs (Unidades de Conservação) em mais de 9 milhões de hectares de floresta amazônica, um investimento de R$ 39 milhões.
Mesmo com as unidades de conservação, a proposta é temerária, segundo alertou o ambientalista e diretor da ONG “Preserve a Amazônia”, Marcos Mariani.
Segundo ele, a maior parte do desmatamento que acontecesse na região é de maneira ilegal, pois o governo não consegue controlar o desflorestamento. Ele usa como comparação os muros que pretendem ser construídos em volta das favelas do Rio de Janeiro: “no Rio estão querendo cercar as favelas. Se não conseguem controlar as favelas que estão nas cidades, imagina como vão controlar na Amazônia. Eu defendo o cumprimento da legislação ambiental e o estudo de alternativas”, disse Mariani, se referindo à resolução 01/86 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que exige um estudo de alternativas para a construção de rodovias. Para ele, não há dúvidas de que a construção de uma ferrovia diminuiria os impactos ambientais para a região. “O modal rodoviário é motor do desmatamento, ele leva o desmatamento e temos centenas de provas”, disse.
O preço estipulado para a BR-319 é de R$ 557 milhões. O projeto pretende asfaltar um trecho de 405 km no Estado do Amazonas e construir quatro pontes.
Prejuízo de até R$ 2 bi pode ser causado pela BR-319
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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