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Preços dos alimentos em supermercados aumentam

Preços dos alimentos em supermercados aumentam

O reflexo na alta dos produtos que fazem parte da cesta básica pesou no bolso do brasileiro, pior, impacta em cheio aos consumidores com poder aquisitivo menor.  No mês de agosto, a  inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ficou em 0,24%, alimentos e gasolina foram os grandes responsáveis pelo resultado. Apesar da retração em relação a julho 0,36%, o levantamento divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é considerado o mais alto do país em quatro anos.

Para o economista Vitor Nunes, os efeitos dessa inflação impacta em cheio uma fatia de consumidores. “Essa alta expressiva pesa no bolso de quem está na parte mais baixa da cadeia, aquela fatia que ganha de um a três salários mínimos. Se eu ganho R$ 1 mil e eu gastava com a minha cesta básicas R$ 300, na média, esses bens que eu consumia sobe 10%, é um incremento de R$ 30 e isso é bem representativo quando a gente considera um salário mínimo, então isso afeta muito. Tem um efeito bem ruim nas camadas mais pobres da população”. 

Em Manaus, na mesma proporção que o isolamento social intensificou as compras nos supermercados, o crescimento nos preços de itens da cesta básica dispararam. O efeito é atribuído à famosa lei da oferta e procura. 

Embora não realize pesquisa de preços, a Amase (Associação Amazonense dos Supermercados), entidade que representa o setor em Manaus, mostra um parâmetro em relação ao aumento nos ítens. De junho até agora houve um acréscimo de 30% no óleo de soja, no feijão 40% e no arroz 25%. O vice-presidente da associação, Ralph Assayag, justifica que a alta em relação aos grãos como feijão, arroz e farinha está relacionada a escassez destes itens no mercado, além do calor excessivo atrelado a diminuição da safra. “O percentual que atrapalhou muito e com isso os preços sobem. Houve uma necessidade também do óleo de soja que com saída do produto para China diminuiu a estação do produto”.

O representante da Amase também cita que existe aqui na região alguns produtos que entram na cesta básica que tiveram aumento porque o calor excessivo diminui a safra “Infelizmente vai ser um período que vai atrapalhar e mudar os hábitos em relação ao consumo de alguns produtos fora da cesta básica”. 

Ele acredita que entre os meses de outubro e novembro exista uma queda. Mas, por enquanto, o problema em relação a safra está muito sério o que vai impactar na confirmação desta alta. “Inclusive nós vamos avisar aos órgãos de defesa do consumidor os números que nós estamos recebendo desses produtos”. 

Números

Em pesquisa realizada nos últimos dias 6 e 7 de agosto, a CDC/Aleam (Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) constatou uma diferença de até R$ 84 no valor da cesta básica em Manaus. As equipes da Comissão percorreram cinco supermercados nas zonas Norte, Centro-Oeste e Centro-Sul da capital e verificaram que o preço da cesta básica varia de R$ 222,29, a mais barata, a R$ 307,12, a mais cara.

O levantamento da CDC/Aleam teve como foco 26 itens considerados de primeira necessidade, entre material de limpeza, higiene e alimentos.

De acordo com a pesquisa, a cesta mais cara, R$ 307,12, foi encontrada no supermercado Baratão da Carne, enquanto a mais barata está no Vitória Supermercado, por R$ 222,29, ambos localizados na zona Centro-Sul de Manaus.

Entre os itens que mais apresentaram variação de preços está o feijão carioca (1kg de R$ 7,19 a R$ 9,29); leite em pó integral (400g de R$ 8,89 a R$ 10,19); cartela de ovos (30 unidades de R$ 11,90 a 17,90); e farinha (1kg de R$ 4,29 a R$ 5,79).

Nota

Em nota a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) que representa as 27 associações estaduais veiculadas vê essa conjuntura com muita preocupação, por se tratar de produtos da cesta básica da população Brasileira.

“Conforme apuramos, isso se deve ao aumento das exportações destes produtos e sua matéria-prima e a diminuição das importações desses itens, motivadas pela mudança na taxa de câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real. Somando-se a isso a política fiscal de incentivo às exportações, e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo auxílio emergencial do governo federal”, diz a nota.

A entidade reconhece o importante papel que o setor agrícola e suas exportações têm desempenhado na economia brasileira. Mas alertamos para o desequilíbrio entre a oferta e a demanda no mercado interno para evitar transtornos no abastecimento da população, principalmente em momento de pandemia do novo Coronavírus (Covid-19).

O setor supermercadista tem se esforçado para manter os preços normalizados e vem garantindo o abastecimento regular desde o início da pandemia nas 90 mil lojas de todo o país.

A Abras tem dialogado com o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e representantes de todos os elos da cadeia de abastecimento. Apoiamos o sistema econômico baseado na livre iniciativa, e somos contra as práticas abusivas de preço, que impactam negativamente no controle de volume de compras, na inflação, e geram tensões negociais e de ordem pública.

Na última quinta-feira (3), a entidade comunicou à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobre os reajustes de preços dos itens citados acima, com o intuito de buscar soluções junto a todos os participantes dessa cadeia de fornecedores dos produtos comercializados nos supermercados.

Notificação 

Em matéria veiculada no portal de notícias G1, a Secretaria Nacional do Consumidor, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou nesta quarta-feira (9) representantes de supermercados e produtores de alimentos para pedir explicações sobre o aumento no preço dos alimentos da cesta básica.

Segundo o ministério, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e as associações de produtores terão cinco dias para explicar a alta nos valores praticados, por exemplo, na venda do arroz.

A partir das explicações, a Senacon vai investigar se houve abuso de preço e/ou infração aos direitos dos consumidores. A multa pode ultrapassar os R$ 10 milhões.

Por dentro

Conforme o lPCA, o  arroz, apresentou alta de 19,2% no ano, e o óleo de soja,subiu  18,6% no período. Entre os itens que mais subiram em agosto, estão tomate (12,98%), óleo de soja (9,48%), leite longa vida (4,84%), frutas (3,37%), carnes (3,33%) e arroz (3,08%).

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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