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Preço de produtos juninos sobe mais que o dobro da inflação

Pelo segundo ano consecutivo, as tradicionais festividades juninas estão proibidas em espaços públicos. Mas há quem esteja apostando nesse clima festivo em casa entre parentes. Esse espírito de arraial, vem fazendo impulsionar o mercado de encomendas de kits juninos, o que reflete na procura por produtos típicos no comércio, mas ao mesmo tempo que a demanda cresce, os reajustes nos itens seguem o ritmo de alta. 

De acordo com a FVG – Ibre ( Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o preço médio dos ingredientes e insumos para o preparo dos principais pratos e quitutes tradicionais das festas juninas aumentou em 16% nos últimos 12 meses, enquanto a inflação ao consumidor medida pelo IPC-DI ficou em 7,98% no mesmo período.

O levantamento considerou 32 itens alimentícios da cesta do Índice de Preços ao Consumidor (IPC/FGV) e mostrou que o arroz doce e o churrasco foram os principais vilões: o arroz subiu 52,45% nos últimos 12 meses e o leite condensado 25,62%, enquanto as carnes bovinas e a linguiça tiveram altas de 34,4% e 27,74%, respectivamente.

Esse salto nos valores impactam o cardápio da empresária Cristiane Melo, proprietária da empresa Madame Formiga, que viu os preços dos itens disparar e observou aumento de 20% em relação ao igual período do ano passado. “Eu que estou diariamente em feiras e supermercados, vejo o quanto aumentou os insumos  relacionados aos produtos de festas juninas. Apesar da pandemia ainda estar em nosso meio, o mês está bem aquecido para o comércio alimentício. Os arraiais estão acontecendo com um volume menor de pessoas, mas não está deixando de existir  esse mês que é tão importante na nossa cultura”. 

Segundo Cristina, os itens de festa junina são a partir de R$30. Mas o  campeão em vendas todos os anos continua sendo o bolo de macaxeira, tradicional da nossa região. “Vendemos itens  separados como porções de banana frita, tapioca de coco, até os itens mais caros como as bolas e bolos juninos”. 

Quem resolveu aproveitar a época para incrementar as finanças, se surpreendeu com os valores praticados no mercado. “Eu fui comprar itens em grande quantidade, mas fui forçada adquirir pouco produtos, até porque os custos estavam fora do esperado”, conta a microempreendedora Wal Nunes. 

O impacto nos preços fez a cozinheira reduzir em 10% a quantidade de encomendas previstas para a época. “Eu perdi muito, porque o nosso bolso não acompanha a alta nos custos dos insumos. Eu também já havia fechado os valores dos kits juninos, não tive coragem de repassar os custos reais para os clientes”, diz ela. 

Mercado aquecido 

Segundo o consultor de varejo e especialista em tendências de consumo, Marco Quintarelli, o comércio deve apresentar uma guinada mesmo com a pandemia. “Visto que é o segundo ano consecutivo em que as pessoas estão impedidas de frequentar as festas juninas, o consumidor está saudoso e deseja reproduzir com suas famílias e pequenos grupos de amigos os pratos e simbolismos desta data” afirma Quintarelli, que também é nutricionista. “Alimentos como milho, coco, rapadura e amendoim estão em alta, assim como decorações temáticas para festas em casa e peças de vestuário xadrez.”

Para Marco Quintarelli, com o “boom” das compras online, as cestas temáticas, doces artesanais e caixas com quitutes frescos também são tendência em 2021. Tudo para complementar as festas em casa, que serão a melhor opção para quem deseja comemorar. “É preciso ser criativo nas compras e fazer sua própria festa, apostando nos pratos típicos como caldo verde, salsichão, pé-de-moleque, dentre outros. Para os varejistas, a dica é apostar em uma boa decoração do ponto de venda e promoções nos alimentos da estação, que prometem vender mais que o esperado neste período de crise”, conclui Quintarelli.

Matheus Peçanha, economista do IBRE, afirma que o aumento está associado  ao volume de exportações para a Ásia (principalmente para a China), o que contribuiu para a redução da oferta de carne e soja internamente, e isso provoca um aumento no preço. “A crise hídrica também teve impacto nessa dinâmica de preços: com a estiagem nos principais pontos de plantio dos cereais e leguminosas, a produção de soja, milho, arroz e amendoim ficaram impactadas, o que refletiu no aumento de preços desses produtos in natura, bem como das carnes, que usam milho e soja como ração”, aponta 

Ele destaca que muitos desses produtos não têm substituto, então a principal dica para driblar o impacto no bolso é pesquisar preços, dar preferência a marcas menos conhecidas ou reunir um grupo maior e comprar em ‘atacarejos’, para conseguir descontos maiores.

Outros itens

Outros produtos que subiram acima da inflação foram: açúcar cristal (24,02%), salsicha e salsichão (20,36%), farinha de trigo (18,08%), açúcar refinado (16,12%), queijo minas (13,95%), milho (13,79%), macarrão (11,72%), amendoim (11,13%), milho de pipoca (11,02%), doces e chocolates (10,5%), fubá de milho (9,19%), leite (8,92%) e vinho (8,24%). Apenas 2 produtos dentre os 32 itens registraram recuo em seu preço no período: a maçã (-1,57%) e a batata-inglesa (-14,54%).

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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