Desde 2004 a Polícia Federal bate às portas do Governo do Amazonas. Naquela ocasião, era a Operação Albatroz que colocava na cadeia uma penca de empresários e até um deputado estadual, todos acusados de fraudes nas licitações de obras estaduais.
De lá para cá foram sucessivas operações, uma das quais colocou atrás das grades um ex-governador. Outros dois ocupantes da cadeira também têm problemas a resolver até hoje.
Ontem foi a vez de Wilson Lima sentir o amargo gosto de um “capa preta” batendo à sua porta – literalmente. Os policiais foram à casa e ao gabinete dele. E ainda o abordaram em Brasília, aonde estava a trabalho, para pedir seu aparelho de telefonia celular e o tablet que usa. Tudo por causa de uma operação de compra de respiradores, logo no início da pandemia no Amazonas.
A história é muito nebulosa, certamente. O dono de uma loja de vinhos conseguiu convencer a Secretaria de Saúde a comprar 28 respiradores dele, sem licitação, por meio de uma empresa de importação, pagando mais do que outra empresa havia pedido pelo mesmo produto. Pior: comprando os equipamentos da concorrente.
Mas o pior é o que está por vir. Existe uma máxima no Direito que diz: todos sabem como uma investigação começa, mas nunca como termina. Vide a rumorosa “Lava Jato”. O que era uma desconfiança direcionada e um doleiro acabou levando para a cadeia um ex-presidente da República.
Wilson Lima (e com ele o Amazonas) está no alvo destes investigadores implacáveis. Sua prisão já foi pedida e, mesmo negada pelo Superior Tribunal de Justiça, causou estrago em sua imagem.
O Amazonas precisa se livrar da Polícia Federal. Não da presença dos policiais no Estado, sempre muito bem-vinda, mas sim das investigações que eles são obrigados a realizar por causa dos maus feitos de nossas autoridades.