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Pranchas de SUP ecológicas e artesanais

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As garrafas PET são reconhecidas como uma das grandes poluidoras do planeta. PET,Poli (Tereftalato de Etileno), é a matéria-prima da qual elas são feitas. O PET foi desenvolvido pelos ingleses Whinfield e Dickson, em 1941, e depois de ser utilizado para a fabricação de vários produtos, a partir de 1993 passou a ser transformado em garrafas. Desde então são criados os mais diversos produtos para que, após a utilização da grande quantidade de garrafas produzidas, elas não sejam simplesmente descartadas na natureza. Até pranchas de SUP estão sendo “recheadas” com as garrafas e uma fábrica artesanal dessas pranchas surgiu na famosa praia Dourada.

“Depois que meu pai morreu, há mais de dez anos, meu irmão ficou administrando a praia, mas ele também faleceu há três anos, então eu fiz um contrato com os herdeiros para ‘tocar’ o local. Uma das formas de investimento que encontrei foi alugar pranchas de SUP, mas elas são um produto caro. Por acaso conheci um rapaz em Manacapuru, o Leandro, que havia fabricado pranchas, mas resolvera parar por falta de demanda. Estava com as formas jogadas no quintal de sua casa. Propus a ele voltar a fabricá-las lá na praia Dourada, e ele topou. Há um ano estamos desenvolvendo o negócio”, falou o engenheiro agrônomo, de segurança e de meio ambiente, Nelson Marinho.

Atualmente as pranchas são alugadas para os frequentadores do balneário, mas quem quiser, pode comprar uma peça. “Uma prancha industrializada pode custar de R$ 3.500, a R$ 15 mil, dependendo do material utilizado. A nossa custa R$ 2.500”, adiantou.

A prancha é montada em um molde específico onde se faz a fixação de cada PET, com tiras de fibra na parte inferior da prancha. “Trabalham atualmente apenas duas pessoas na montagem das peças devido à baixa produção. Temos um potencial de produzir uma prancha a cada dois dias com apenas um molde”, detalhou o empreendedor. Nelson destacou que há capacidade para comercializar as pranchas em larga escala, desde que haja demanda, mas atualmente são produzidas para atender aos aluguéis para prática do SUP na praia Dourada.

Quem olha as pranchas produzidas por Nelson e Leandro não diz serem um produto artesanal. O interior delas é composto por cerca de 50 garrafas de 2 litros, 1,5 litro e 350 ml, depois cobertas por uma fibra de vidro. “A vantagem em adquirir as nossas pranchas é que elas podem ser personalizadas, de acordo com a ideia do comprador. Também fabricamos o remo, de fibra”, falou. “O negócio de aluguéis é tão interessante que já tem proprietários de restaurantes em praias em Alter do Chão, no Pará, interessados em adquirir nossas pranchas. Lá o SUP ainda não tem a mesma dimensão daqui”, falou.

“Em Manaus vamos ter um pranchário, aqui na praia, e quem comprar uma prancha poderá guardá-la no local por seis meses sem pagar nada”, lembrou. O tamanho da prancha ecológica é padrão médio, pesando em torno de 10 kg, de fácil dirigibilidade e navegabilidade, além de ser de grande flutuabilidade. A sustentabilidade e preservação da área ambiental da praia Dourada é uma preocupação constante da gestão de Nelson, por isso está sendo desenvolvida a criação de galinhas e patos caipiras no local. “Com o aproveitamento de resíduos que sobram dos restaurantes na praia estamos instalando uma horta orgânica, baseada no cultivo mínimo com o uso de estercos curtidos gerados na criação dos animais”.

Um flutuante com tirolesa
O próximo passo de Nelson para dar uma utilidade mais prolongada às garrafas PET é construir um flutuante, todo com garrafas e toras de assacu, e pra completar, uma tirolesa, “a maior e melhor tirolesa do Brasil, pois cairá dentro das águas do Tarumã. Nas outras que conheço, as pessoas caem dentro de lagos”, contou.

“O flutuante já está sendo projetado por mim, faltando alguns detalhes técnicos para colocá-lo em prática. Nele terá um restaurante e ficará distante da praia uns 200 metros. Lá na praia tem uma árvore gigantesca na qual a tirolesa ficará presa. A pessoa deslizará por uns cem metros sobre a praia e mais 200 sobre o rio até chegar ao flutuante numa ‘viagem’ de uns cinco segundos. Não sei quantas garrafas serão utilizadas no flutuante, mas serão milhares”, explicou. A praia Dourada é um empreendimento particular, mas muito frequentada por manauaras. Para chegar até o local, usa-se um ramal de acesso localizado no quilômetro 9, da estrada do Tarumã, atual avenida do Turismo, distante 20 quilômetros do centro da cidade.

A praia fluvial é banhada pelo igarapé do Tarumã e o rio Negro. No local, barracas e cabanas podem ser alugadas para um fim de semana na praia. Durante o trajeto à praia, pode-se apreciar uma longa mata semi-virgem.

Jeito, e não força
O SUP (Stand Up Paddle) é um esporte excelente que pode ser praticado por pessoas de todas as idades, proporcionando um ótimo condicionamento físico, equilíbrio, bem-estar, qualidade de vida e integração com a natureza.

No começo tudo é estranho e a preocupação é ficar em pé na prancha, mas quando o praticante consegue manter o equilíbrio e dar as primeiras remadas, a tendência é esquecer que está em cima de uma prancha. Automaticamente, o corpo aceita a nova situação (um chão móvel) e começa a tratar a prancha como uma extensão do corpo, não mais como um objeto estranho. O Stand-Up Paddle, não é um esporte de força e sim de “jeito”, ou seja, o praticante inicia a prática e depois deixa a natureza se encarregar de harmonizar seu corpo e a prancha. Inconscientemente o corpo começa a se adaptar com a nova situação que é posta sob seus pés, e tem início a interação com a prancha, como se fosse a sua extensão.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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