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Praia do Japonês e dos manauaras

Praia do Japonês e dos manauaras

Ainda dá tempo, ao menos até o final de dezembro, de encontrar a paradisíaca praia do Japonês, em Iranduba, com suas areias brancas à mostra. Mas não dá para esperar, porque as águas do Negro são rápidas e, num único dia, podem cobrir vários centímetros do terreno, tomando conta por completo de uma área imensa da margem do rio. E o ciclo continua até as águas baixarem novamente.

Para o nissei Robson Ireta essas mudanças da natureza não são novidade. Ele nasceu naquele lugar, filho e neto de japoneses. Cresceu vendo a praia surgir e sumir, surgir e sumir e ao transformar o terreno, de 147 hectares, num espaço público de lazer, foi o principal responsável em tornar a praia do Japonês conhecida e ganhar esse nome.

Há duas semanas, depois de cerca de dez anos em lenta construção, Robson inaugurou o restaurante Kawabata (margem do rio), totalmente de alvenaria e em posição privilegiada com vista para o rio. O restaurante já teve outras versões, rústicos, construídos com madeira, mais próximos à margem do rio. Este era o motivo da falta de pressa em aprontar o de alvenaria.

“Eu temia que as pessoas não quisessem vir para este espaço devido a longa distância do rio até aqui. Os outros restaurantes foram construídos na praia, enquanto este está na parte alta do terreno, mas desde que foi aberto, o novo Kawabata tem ficado lotado e o belo visual, com a praia e o rio ao fundo, tem servido de cenário para as selfies”, comemorou.

Do restaurante, um belo visual

Este ano, como área particular aberta ao público, a praia do Japonês está completando 20 anos.

“Eu transformei o terreno, que pertence ao meu pai, e pertenceu ao meu avô, nesta área de lazer em 2000. Em 2005 fui para o Japão e fiquei alguns anos lá com minha esposa Rosana”, contou.

Rosana, Robson e a praia do Japonês

Praia estilosa

Em 2012, de volta ao Brasil e aproveitando o aumento do fluxo de pessoas rumo a Iranduba e Manacapuru após a inauguração da ponte Rio Negro, em 2011. Robson e Rosana reabriram o restaurante e a praia do Japonês se popularizou ainda mais, principalmente entre os meses de agosto e dezembro quando surge a praia que possui uma característica peculiar: uma ‘língua’ de areia que se estende ao longo da praia propriamente dita no estilo de Alter do Chão, em Santarém; praia da Maresia, em Maués; ou praia Grande, em Barcelos. Isso se torna um atrativo a mais para quem tenta, caminhando, cobrir a extensão imensa de areia até a ponta.

 ‘Língua’ de areia como característica

“Mesmo quando a praia fica sob as águas, ainda assim sobra muita terra e o visual continua muito bonito, com uma massa maior de águas negras”, afirmou.

O terreno, na parte alta, possui amplo estacionamento com capacidade para centenas de veículos (já chegou a receber mil num único dia) e um mirante com dois andares, estrategicamente posicionado, de onde se pode ver a imensidão do rio e a floresta na outra margem.

O cardápio do Kawabata é bastante enxuto com a famosa banda de tambaqui assada, caldeirada de tambaqui, filé de pirarucu, pirarucu a milanesa, galinha caipira, frango grelhado, carne de sol, filé mignon. Vez por outra o chef Eraldo Bentes, vencedor do concurso gastronômico ‘Comida a quilo’, deste ano, toma conta da cozinha do Kawabata preparando alguns de seus pratos mirabolantes.

Nas areias da praia quem fica responsável pelas dezenas de barracas é Kattyanne Ideta, irmã de Robson.

Cobra-se ingresso para entrar no terreno, bem como as barracas são alugadas. É proibido levar comida e bebida para o empreendimento, entrar com animais, fazer fogo e jogar lixo na praia. O espaço funciona somente aos sábados, domingos e feriados, de 8h às 17h.

Dezenas de barracas na praia

Uma curiosidade. Até hoje ‘seu’ Iode Ideta, pai de Robson, avesso ao lazer e turismo dos visitantes, faz plantações no terreno, trabalho que herdou do pai. Enquanto aqueles se divertem na praia e no restaurante, ele trabalha num pequeno trator, arando e plantando numa área mais afastada do terreno.           

De pai para filho

A história da praia do Japonês é antiga. Começou com o avô de Robson que, fugindo da Segunda Guerra, veio do Japão para o Brasil e se instalou naquelas distantes paragens, sempre trabalhando com agricultura. Iode, pai de Robson, deu continuidade ao trabalho, permanecendo com as plantações. Há 20 anos Robson direcionou os negócios para o lazer e o turismo.

Para se chegar à praia do Japonês o caminho é atravessar a ponte Rio Negro, na direção do Açutuba, em Iranduba, que também possui belas praias. Segue-se pela estrada Manoel Urbano (AM 070), Manaus-Manacapuru até o quilômetro 28 onde vai surgir uma entrada para a direita. A partir daí segue-se pela estrada do Açutuba, asfaltada, por 11 km, quando vai aparecer uma placa indicando a entrada, na esquerda, da praia do Japonês por um ramal, não asfaltado, o ramal do Japonês, com 2 km de extensão. Esse ramal vai terminar na portaria da praia do Japonês.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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