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População do Amazonas cresce acima da média, mas já está mais velha

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Face: @jcommercio

A população do Amazonas cresceu acima da média nacional, em menos de dez anos. O país contabilizou 212,70 milhões habitantes em 2021, o que representa um aumento de 7,6% ante 2012. O Estado somou 4,10 milhões e avançou 13,8% na mesma comparação – sendo que a taxa de expansão foi ainda maior em Manaus (+15,2% e 2,25 milhões). O envelhecimento foi significativo em ambos os casos, embora os jovens ainda sejam maioria em âmbito estadual. O percentual de amazonenses de 15 anos de idade desabou 7,9 pontos percentuais e o de maiores de 60 anos subiu 2,3 p.p. No Brasil, o maior corte foi sentido na população de menos de 30 anos (-5,3%). 

A população do Estado também apresentou outros diferenciais. A região concentra as maiores fatia de “pardos” em todo o país, que subiu de 75,1% para 80,1%, entre 2012 e 2021. Foi seguido de perto pelo Amapá (77,3%) e pelo Acre (77,0%) nesse quesito. A quantidade de homens (51,5%), por outro lado, supera a das mulheres (48,5%) por uma margem maior por aqui. E, embora o número de pessoas vivendo sozinha tenha aumentado, a proporção desse grupo é uma das menores no Amazonas.  As informações são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua – Características Gerais dos Moradores, divulgada pelo IBGE, nesta sexta (22).

Em termos de regiões, o maior aumento populacional foi sentido no Centro-Oeste (+13%), seguido pelo Norte (+12,9%), embora ambos mantenham as menores fatias nacionais (7,8% e 8,7%, respectivamente). Já o Sudeste, foi a região mais populosa e aumentou seu contingente em 7,3%, passando a concentrar 42,1% dos habitantes brasileiros em 2021. O Nordeste teve o menor crescimento (+5,1%) e reunia 27,1% da população do país. 

No texto de divulgação do IBGE-AM, o analista da pesquisa, Gustavo Fontes, explica que as estimativas de sexo e classes de idade para Brasil, por ser alinhada com as Projeções Populacionais, ainda não incorporam os efeitos da pandemia, como a queda no número de nascimentos e alta dos óbitos. “Com os resultados do Censo 2022, esses parâmetros serão atualizados”, destacou, acrescentando que a coleta do Censo começa no dia 1º de agosto. 

Idade e etnia

Entre 2012 e 2021, o percentual de pessoas abaixo de 15 anos de idade caiu 7,9 p.p., no Amazonas e 4,5 p.p. na capital, enquanto houve aumento em todos os demais grupos. Pessoas de 16 anos ou mais passaram a representar 72,1% e 76,2% das populações totais, na ordem. Considerando a população zero a 17 anos, o Estado apresenta o quinto maior percentual do Brasil. Em 2021, foi estimado que 31,7% da população estadual fazia parte dessa faixa etária. Roraima (32,5%) e Rio de janeiro (21%) ficaram nos extremos.

Em contrapartida, o Amazonas possui um dos menores percentuais de pessoas com 60 anos ou mais. Em 2021, a população nesta faixa etária era de 9,3%, a quarta menor do país. Mas, esse contingente saltou de 7% (249 mil) para 9,3% (381 mil), em relação a 2012, representando uma alta de 34,7%. A região Norte tinha a maior concentração dos grupos com menos de 18 anos (30,7%), seguida pelo (27,3%). Já as pessoas com 60 anos ou mais estão mais concentradas no Sudeste (16,6%) e no Sul (16,2%). 

“O indicador revela a carga econômica desses grupos sobre a população com maior potencial de exercer atividades laborais. Sabemos que há idosos ativos no mercado de trabalho, além de pessoas em idade de trabalhar fora da força. Mas o indicador é importante para sinalizar a potencial necessidade de redirecionamento de políticas públicas, inclusive relativas a previdência social e saúde”, avaliou Gustavo Fontes.

A participação da população que se declara branca caiu de 20,2% para 14,3%, colocando o Amazonas com a menor proporção desse grupo étnico em todo o Brasil. No mesmo período, houve crescimento da participação das pessoas autodeclaradas “pretas” (de 2,5% para 3%) e “pardas” (de 75,1% para 80,1%). Desde 2015, segundo a PNAD Contínua, a maior parte da população residente no país é a dos que se declaram pardos. No Sul (75,1%) e no Sudeste (50,7%), havia predomínio de brancos, enquanto o Norte (17,7%) apresentava a menor estimativa. O Estado com maior população branca foi Santa Catarina (81,5%) e a maior fatia de “pretos” está na Bahia (21,5%).

Moradores solitários

Em 2021, havia 1,13 milhão de domicílios particulares permanentes no Amazonas, contra 867 mil, em 2012. O arranjo mais frequente era o nuclear (684 mil ou 60,7%), estrutura composta por casal, com ou sem filhos e enteados, ou pelas chamadas famílias monoparentais – quando somente a mãe ou o pai criam os filhos, sem a presença do outro cônjuge. Houve pouca mudança nesse quesito, em relação a 2012 (61,7%). 

A proporção de unidades domésticas unipessoais (com apenas um morador), no entanto, passou de 7,7% para 11,4% do total. Mas, mesmo com esse crescimento, o Amazonas ainda possui um dos menores percentuais de pessoas vivendo sozinhas, na comparação com as demais unidades federativas ficando à frente apenas do Maranhão, do Pará e de Roraima. No Amazonas, os homens (75,2%) são maioria nesse grupo. A participação das mulheres nesse tipo de arranjo domiciliar era maior no Sudeste (46,4%) e no Sul (46,5%), enquanto no Norte era de apenas 32,7%. 

Tradição e comportamento

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça que, nos últimos dez anos, o percentual de crianças e adolescentes até 15 anos diminuiu quase 8% no estado e quase 5% na capital. “Em outro sentido população acima dessa idade aumentou significativamente no período. O Amazonas tem maior proporção de crianças e adolescentes do país. Mas, possui uma das menores taxas de idosos entre todos os estados do país”, assinalou, acrescentando que não há “explicação estatística” para a predominância de habitantes do sexo masculino no Estado.

O pesquisador avalia que a dinâmica demográfica de diminuição de jovens e o aumento da população adulta é um reflexo do que vem ocorrendo no país, sendo uma consequência da redução cada vez mais acentuada na taxa de natalidade das mulheres em idade fértil. “A redução foi percebida há vários anos. É consequência de fatores sociais e econômicos. Não se percebe isso a partir de uma visão simples, porque o volume da população é muito alto. Mas, quando se analisa quantos filhos as mulheres de décadas passadas tinham, e a atuais têm, pode-se perceber com mais clareza essa queda”, analisou.

Adjalma Nogueira Jaques enfatiza também que a população de cor parda foi a que mais cresceu nos últimos dez anos, e que o Estado segue o país à distância no caso do aumento de moradores solitários. “É importante destacar que a declaração é uma iniciativa do entrevistado. A pesquisa considera o que ele declarar. Percebe-se que a questão da cor e da raça cada vez mais se torna um domínio do conhecimento público. Assim, fica mais fácil a auto identificação. O crescimento dos domicílios unipessoais indica um novo comportamento da população amazonense, mas, os lares com núcleo familiar são um costume amazonense”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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