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“Ponto forte é o cuidado com o próximo” diz a enfermeira Fabiane Soares

“Ponto forte é o cuidado com o próximo” diz a enfermeira Fabiane Soares

A Escola de Enfermagem de Manaus completará 70 anos no dia 14 de dezembro. Sua primeira turma, constituída por Aracy de Lemos Guimarães, Doralice dos Santos Demasi, Maria Tereza das Neves Campos e Raimunda Batista de Souza, formou-se em 1955. De lá para cá o número desses valorosos profissionais só aumentou na capital amazonense e com certeza, nestas últimas sete décadas, nunca estiveram numa linha de frente tão perigosa e desgastante como agora, com a pandemia do coronavírus. Possivelmente só as duas enfermeiras amazonenses que foram para a Segunda Guerra Mundial (Graziela de Carvalho e Semíramis de Queiróz) tenham se visto diante de um inimigo tão mortal e invisível. 

O Jornal do Commercio ouviu a enfermeira Fabiane Soares sobre a importância dos profissionais de enfermagem para a sociedade manauara e o empreendedorismo na profissão. Foi-se o tempo em que enfermeiros trabalhavam apenas como empregados em hospitais, clínicas e consultórios. O mercado de trabalho para estes profissionais é amplo e nunca para de crescer. 

Fabiane é especialista em saúde pública, mestre em ciências da saúde e doutora em biotecnologia para a saúde, além de professora do curso de enfermagem da Faculdade Santa Teresa e coordenadora da Científica, empresa que promove cursos e consultoria na área da enfermagem.  

Fabiane Soares falou sobre a importância dos profissionais de enfermagem para a sociedade

Jornal do Commercio: Os enfermeiros são os profissionais que realmente estão na linha de frente nessa pandemia? 

FS: Sem dúvidas, nós enfermeiros somos a grande classe frente a qualquer situação na saúde, e bem mais requisitados numa situação tão caótica como uma pandemia.  

JC: A enfermagem é uma profissão que não é para qualquer um. Quais devem ser as características principais de um enfermeiro?  

FS: Um grande profissional da enfermagem deve se pautar pelo conhecimento constante e profundo dentro da sua área de especialização. Ética e empatia com o próximo devem ser os pilares de seu comportamento.  

JC: Você saberia dizer quantos enfermeiros estão hoje atuando em Manaus, se são suficientes para cobrir a demanda, e quantos são formados por ano?  

FS: A enfermagem não é suficiente em nenhum lugar do Brasil. Sempre há e haverá necessidade do mercado por essa classe, afinal, antigas doenças e as novas doenças se fazem presentes a todo instante, e o cuidado com o próximo, que é o ponto forte do enfermeiro, nunca cessará. Em Manaus temos doze faculdades/universidades que formam semestralmente em torno de 1.000 enfermeiros. E enfermeiros atuantes temos mais de 15 mil, só em Manaus.  

JC: Mas um enfermeiro pode ser também um empreendedor, além de ser empregado em hospitais, clínicas e consultórios particulares. Explique como.  

FS: Somos capacitados durante a graduação para, também, sermos empreendedores. Além das clínicas e consultórios, podemos montar empreendimentos de cuidados de enfermagem como, por exemplo, home care (atendimento em casa), cuidados paliativos, o setor de estética, além de assessoria e consultoria nesses cuidados.  

JC: Consultórios e clínicas de enfermagem e home care são novidades em Manaus? Quanto à enfermeiros professores, devem existir desde o início do primeiro curso de enfermagem, criado em 1951.  

FS: Não considero novidade os consultórios, as clínicas de enfermagem e o homecare,  mas empreendimentos pouco ‘viralizados’ em Manaus, apesar de as empresas que temos nesses segmentos serem raríssimas e de empresários de fora do Estado. Acredito que o amazonense pouco sabe sobre o que realmente é a enfermagem e até onde podemos chegar, pois se tem ideia apenas que o enfermeiro serve para puncionar veias, administrar medicações, higienizar o paciente e passar sondas. Isso é apenas uma pequena parte de nossa capacitação.  

JC: O atendimento a idosos seria o segmento que está em alta? 

FS: Com certeza. O cuidado e a atenção ao idoso estão em alta sim pois, segundo dados do IBGE, essa população não para de crescer, e trata-se de uma população que necessita de atendimentos especiais, além do mais os próprios idosos têm buscado bastante os bons serviços oferecidos por enfermeiros.  

JC: Geralmente quem é dono do próprio negócio ganha mais, mas trabalha mais, também. Com a enfermagem é a mesma coisa?  

FS: Empreender é fazer o que se ama, é fazer seu tempo, ter flexibilidade e independência financeira, com a absoluta certeza que a dedicação é algo pontual. Na enfermagem o ponto forte é o cuidado com o próximo, buscando proporcionar o bem-estar, da prevenção até a recuperação, do cliente/paciente, então, empreender na enfermagem vai além de sermos meros funcionários. Precisamos ser qualificados para prestarmos um bom serviço.  

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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